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Bibliotecas de Teresina são uma rota pelo universo do conhecimento

As bibliotecas vão além de um espaço para guardar livros, documentos e publicações disponíveis ao público para pesquisa e leitura. É também um local que resgata e mantém viva a história de um Estado, cidade e de uma comunidade. Cada exemplar representa um olhar atento e detalhado sobre um assunto, que pode até representar um interesse singular, mas, na verdade, transcende as barreiras do conhecimento. Teresina têm muitas bibliotecas espalhadas por suas zonas, porém, algumas, são pouco conhecidas ou lembradas. Mas, afinal, quais são as bibliotecas que existem na capital piauiense?

A pesquisadora Débora Araujo Machado Teixeira, professora do curso de Biblioteconomia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), comenta que, em Teresina, a biblioteca mais tradicional é a Biblioteca Pública Cromwell de Carvalho, fundada em 1973, sendo essa a representação geral no Piauí, em termos de biblioteca pública. Inclusive, essa guarda da memória do Estado é validada pela Lei de Depósito Estadual.

Assis Fernandes/ODIA
A Biblioteca Pública Cromwell de Carvalho, fundada em 1973, é a referência na representação geral no Piauí

“A Biblioteca Cromwell de Carvalho fica localizada na Praça do Fripisa, o que acaba dando o nome informal ao local. Ela funciona no antigo prédio de escola de Direito da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que foi cedido para o Estado. A Lei de Depósito Estadual garante que todas as obras produzidas por autores piauienses e que estejam no Estado devem ser encaminhas à biblioteca, de modo que a memória do estado seja resguardada. Não apenas as obras como livros, mas também medalhas, periódicos e outros materiais. Para além da guarda, ela tem a função de preservação e conservação da memória”, comenta a pesquisadora.

Débora Teixeira cita também a Biblioteca Pública Municipal Abdias Neves, criada em 1974, e fica localizada no centro de Teresina. Ela é responsável pela guarda da memória do município. Apesar de fundada há cinco décadas, tem pouca visitação, seja em decorrência da falta de promoção da própria biblioteca ou pela falta de infraestrutura, física e pessoal.

Até para localizá-la há uma certa dificuldade, pois não existe uma placa que dê visibilidade. A biblioteca deveria ser a memória do município, entretanto, há uma falta muito grande de investimento e não tem atendido a contento a esse objetivo. Ela está praticamente invisível para os teresinenses, apesar de carregar uma grande responsabilidade

Débora Teixeiraprofessora do curso de Biblioteconomia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

Entre as bibliotecas universitárias, a de maior destaque no Estado e no município é a Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco, localizada na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Essa é, possivelmente, a que recebe o maior número de usuários e fica aberta nos turnos manhã, tarde e noite. Conta ainda com uma diversos serviços e pessoal e um número significativo de bibliotecários, inclusive na direção, que atendem nos três turnos de funcionamento.

“A biblioteca da UFPI recebe o título de comunitária, embora, em síntese, não esteja dentro das especificações do que se caracteriza uma biblioteca comunitária, porém, ela recebe a comunidade externa para além da comunidade acadêmica, que podem fazer uso do acervo para leitura dentro do próprio espaço. É uma biblioteca que atende a todas as áreas do conhecimento propostas dentro da UFPI e isso acaba por atender alunos de outras universidades e faculdades. O material, que muitas das vezes não encontramos à disposição em outras bibliotecas, pode ser encontrado nela. O serviço de pesquisa é orientado por um bibliotecário e por isso ela se destaca entre as demais bibliotecas”, pontua Débora Teixeira.

Assis Fernandes/ODIA
Bibliotecas de Teresina são uma rota pelo universo do conhecimento

A biblioteca da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), até pouco tempo, quando tinha o prédio, recebia um número significativo de visitantes, não apenas acadêmicos, mas também da comunidade, alunos, ex-alunos, estudantes de cursinhos e do Ensino Médio. Devido à reforma, o espaço para estudo está temporariamente inativo.

Uma biblioteca que tem ganho destaque em Teresina é a Biblioteca Manoel Paulo Nunes no Sesc Cajuína. Além de contar com um excelente espaço de leitura, se incorpora e se comunica com os diversos espaços culturais e educacionais da entidade voltada ao comerciário. Há ainda a Biblioteca Comunitária Joaquim Francisco de Almeida, no Residencial Dandara dos Cocais, localizada na região da Santa Maria da Codipi. Entretanto, a pesquisadora destaca que há a necessidade de dados para a confirmação de que a referida biblioteca se enquadra de fato na tipologia das comunitárias.

Bibliotecas especializadas são voltadas para assuntos técnicos

As bibliotecas se classificam como Públicas (federais, estaduais e municipais); Universitárias; Escolares; Especializadas e Comunitárias. Para cada um dessas tipologias há um público específico, principalmente quando se refere às Especializadas. Isso porque, em geral, elas estão associadas a empresas ou órgão governamental, como a que existe dentre do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PI), especializada na área jurídica; a localizada na Câmara dos Vereadores de Teresina; a que existe na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi); no Tribunal de Justiça Federal e no Tribunal de Justiça do Piauí; entre outros. Há outras bibliotecas especializadas que ficam “escondidas” aos olhos dos teresinenses, como a que fica localizada no anexo do Hospital Natan Portela, no centro de Teresina, e a biblioteca que fica localizada no Hospital Universitário de Teresina, na UFPI. Esses são espaços destinados a promover pesquisas hospitalares e acadêmicas. Há ainda a biblioteca que fica localizada no Serviço Geológico do Brasil (CPRM), no bairro Ilhotas, e a biblioteca da Embrapa Meio-Norte, no bairro Buenos Aires.

Assis Fernandes/ODIA
Bibliotecas de Teresina são uma rota pelo universo do conhecimento

“Muitas das vezes dizemos que essas bibliotecas não são muito frequentadas, mas, na realidade, a comunidade externa não tem acesso a elas, uma vez que elas foram feitas para atender a necessidades específicas de profissionais de uma área em especial”, disse. A Prefeitura Municipal de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura, quatro bibliotecas denominada de comunitárias: a Biblioteca Fontes Ibiapina, localizada no Teatro do Boi, bairro Matadouro, zona Norte de Teresina; a Biblioteca da Costa e Silva, localizada no Parque Alvorada; a Biblioteca H. Dobal, no bairro Satélite, e a Biblioteca São João, no bairro São João. “Essas bibliotecas recebem, de forma equivocada, a nomenclatura de comunitárias, mas elas não foram constituídas verdadeiramente por suas comunidades, logo, não poderiam receber essa nomenclatura. Assim, de maneira geral, podemos caracterizá-las como bibliotecas públicas municipais”, disse.

A pesquisadora pontua que recentemente foi cadastro na Pró-reitora de Pesquisa e graduação da UESPI um projeto intitulado “Cadê as bibliotecas comunitárias de Teresina?”, que visa conceituar o que é uma biblioteca comunitária O modo como está sendo apresentado o conceito de biblioteca comunitária em Teresina está deturpado e que não exprime verdadeiramente a tipologia correta. O projeto também visa mapear as bibliotecas na capital e produzir um mapa, de forma que façamos a promoção dessas bibliotecas. A biblioteca comunitária é singular, pois nasce de um movimento que tem como meta a democratização do acesso ao livro, à leitura, à literatura e à própria biblioteca, na perspectiva dos Direitos Humanos, além de nascerem e se voltarem para as necessidades das comunidades e são mantidas por essas”, destaca a pesquisadora.


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