A desigualdade social é um problema complexo que permeia as estruturas de diversas sociedades ao redor do mundo. No Brasil, assim como em muitos países, essa disparidade se reflete na divisão da população em diferentes classes sociais, em que as pessoas mais pobres têm dificuldades no acesso à educação, saúde e moradia de qualidade.
Embora os recentes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontem uma redução nos índices de pobreza e extrema pobreza no Brasil, esses números seguem significativos. Em 2022, cerca de 67 milhões de pessoas viviam abaixo da linha da pobreza, enquanto 12 milhões enfrentavam a extrema pobreza.
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Essa desigualdade não é exclusiva do Brasil. Países da África, América Central e do Sul também enfrentam divisões irregulares de renda. Conforme relatórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a África do Sul desponta como a nação com maior desigualdade social, seguida por outros países do continente.
O Brasil figura em 14º lugar nesse ranking. Aqui, a disparidade de renda é evidente: os ricos, que correspondem a 1% da população, ganham uma renda média mensal 32 vezes maior do que a metade mais pobre, segundo o IBGE.
Em Teresina, histórias como a de Antônio Silva, um autônomo que passou 18 anos vivendo em condições precárias, exemplificam as consequências da falta de oportunidades. Abandonado pela mãe aos 11 anos, Antônio vivia na Praça da Bandeira até ser resgatado pela Pastoral do Povo de Rua. Somente aos 60 anos é que ele foi batizado e se tornou um cidadão com registro.
“Minha mãe conheceu um cigano e foi embora com ele para Bahia. Eu morei na rua por muito tempo e depois fui resgatado pela pastoral. Antes da pandemia, uns advogados vieram aqui, eu contei minha história e eles fizeram o meu registro. A pastoral foi muito importante para que eu pudesse ser algo hoje e me igualar com as outras pessoas na sociedade”, relata Antônio.
O economista Francisco Sousa explica que a desigualdade social é um fenômeno histórico, enraizado desde a colonização e perpetuado por distinções entre classes ao longo das décadas. “Ao longo do tempo, essa estrutura social gradualmente ampliou a disparidade entre aqueles na base da pirâmide, com renda inferior ou sem renda, e os que estão no topo da pirâmide”, diz.
Para enfrentar essa realidade, propostas como a taxação das grandes fortunas, discutida na 1ª Reunião de Ministros de Finanças do G20, realizada em fevereiro deste ano, surgem como possíveis soluções. Defendida pelo ex-ministro Fernando Haddad, a proposta visa a uma união internacional para taxar os super-ricos. “Precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem a sua justa contribuição em impostosl”, defendeu.
A batalha contra a desigualdade social, no entanto, requer medidas abrangentes e coordenadas em escala global. E é nesse contexto que se insere o G20, considerado o principal fórum de cooperação econômica internacional.
Composto pelas maiores economias do mundo, como a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália e Canadá, o Grupo dos 20 discute, anualmente, iniciativas econômicas, políticas e sociais, além de traçar estratégias internacionais para os problemas que afligem o mundo.
Este ano, o Brasil sediará o G20, com destaque para a inclusão de cidades de todas as regiões do país, inclusive Teresina, no Piauí. Os principais temas discutidos nesta edição
serão o comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia, meio ambiente, mudanças climáticas e combate à corrupção.
Na capital do Piauí, o encontro ocorrerá entre os dias 22 e 24 de maio e vai tratar sobre o combate à fome, à pobreza e à desigualdade. A inclusão de Teresina e de outras capitais fora do eixo Sul-Sudeste representa uma inovação nesta edição do Brasil. A descentralização das atividades tem como objetivo transformar o G20 em um fórum mais inclusivo e acessível, ampliando sua representatividade.
Além de Teresina, o Brasil vai receber reuniões do G20 em Brasília (DF), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Foz de Iguaçu (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA) e São Luís (MA).