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Médico brasileiro realiza 1º transplante de rim de porco em humano nos EUA

O médico brasileiro Leonardo Riella anunciou, nesta quinta-feira (21), que conduziu o primeiro transplante de rim de porco para um paciente humano vivo. A cirurgia, que ocorreu no Massachussets General Hospital, em Boston (EUA), marca um avanço importante na medicina.

Divulgação/Massachussets General Hospital
Cirurgia teve duração de quatro horas e ocorreu no último sábado (16)

Esta é a primeira vez que um transplante desse tipo é realizado em um paciente vivo. A técnica é conhecida como xenotransplante e envolve a modificação genética dos órgãos suínos para reduzir a probabilidade de rejeição pelo sistema imunológico humano. 

Divulgação/Massachussets General Hospital
Médico brasileiro Leonardo Riella, que realizou o 1º xenotransplante da história

O paciente escolhido para o transplante, Richard Rick Slayman, de 62 anos, sofria de doença renal em estágio avançado e dependia de diálise há sete anos. A cirurgia, realizada no último sábado (16), durou cerca de quatro horas. Conforme a equipe médica, o paciente está se recuperando bem, sem complicações aparentes. 

O paciente aceitou ser voluntário para a cirurgia. Em um comunicado divulgado pelo próprio hospital, Rick relata que viu o transplante como uma forma de dar esperança às pessoas que, assim como ele, também estão precisando de um transplante. 

“Quando sugeriram um transplante de rim de porco, explicando cuidadosamente os prós e os contras desse procedimento, eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver”, contou o paciente. 

Como foi realizada a pesquisa para o xenotransplante?

O porco foi escolhido devido à semelhança do seu rim com o do ser humano. A pesquisa para o xenotransplante foi conduzida ao longo de cinco anos, em colaboração entre o Massachussets General Hospital e a empresa eGenesis. 

Durante esse período, foram realizadas diversas modificações genéticas, incluindo a remoção de genes suínos problemáticos e a inativação de retrovírus endógenos suínos. O objetivo principal era aprimorar a compatibilidade entre o órgão do porco e o ser humano, além de reduzir o risco de infecções.

Reprodução/Adapi
O porco foi escolhido devido à semelhança do seu rim com o do ser humano.

Anteriormente, em 2021, uma equipe em Nova York havia realizado um procedimento semelhante, mas em um paciente com morte cerebral.

O xenotransplante acontece 70 anos após o primeiro transplante renal e é um reflexo da importância da pesquisa contínua na busca por soluções inovadoras para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Embora ainda seja considerada uma técnica experimental, o xenotransplante pode significar esperança para pacientes na lista de espera por um transplante renal.

No Brasil, 39 mil pessoas aguardam por um transplante de rim

A utilização de rins suínos oferece uma perspectiva de mudança na vida de inúmeros pacientes aguardando por transplantes renais. Esses pacientes dependem de sessões frequentes de hemodiálise, além de terem que lidar com restrições severas de líquidos, devido à incapacidade do corpo em filtrá-los naturalmente.

De acordo com o Ministério da Saúde, o transplante de rim representa 92% da lista de espera de órgãos no Brasil.  São mais de 42 mil pessoas esperando por um órgão e, desse total, 39 mil aguardam o transplante de rim. Sendo assim, a disponibilidade desse órgão é uma necessidade urgente para muitos pacientes que dependem da diálise para sobreviver.