No cenário dos transplantes de órgãos no Brasil, onde a demanda frequentemente supera a oferta, a situação das pessoas aguardando por um transplante de coração é especialmente delicada. Atualmente, o Piauí realiza transplantes de rim e córnea. No entanto, quando se trata de órgãos mais críticos, como coração, é preciso que os pacientes sejam enviados para outros estados. Nos últimos três anos, nove indivíduos do Piauí foram encaminhados para a lista de espera por um coração saudável que possa dar a eles uma nova chance de vida.
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“Essa regulação é feita através da solicitação do paciente e encaminhamento do cardiologista. Essas pessoas geralmente são encaminhadas para hospitais realmente muito bem estruturados, como o Sírio Libanês ou o Albert Einstein, que são hospitais de grande porte e que estão no programa do Ministério da Saúde”, explica a diretora da Central de Transplantes, Dra. Lourdes Veras.
Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o país tem 386 pessoas esperando por um coração. A quantidade de pacientes é menor se comparada à fila de espera para outros órgãos, uma vez que os casos geralmente envolvem urgências médicas e alta taxa de mortalidade.
A situação do apresentador Fausto Silva, mais conhecido como Faustão, demonstra a realidade desafiadora que muitos pacientes enfrentam enquanto aguardam na fila por um transplante de coração. Recentemente, Faustão foi internado com grave quadro de insuficiência cardíaca e, conforme boletim médico, o apresentador precisará passar por um transplante cardíaco.
No Brasil, a fila de espera por órgãos é única, englobando pacientes de diferentes origens e sistemas de saúde. Com mais de 65 mil pessoas aguardando um órgão, a necessidade de doações se torna mais evidente do que nunca. Ainda que a fila para transplante de coração seja a menor, o tempo de espera pode chegar a 18 meses, o que demonstra a importância de conscientização sobre a doação de órgãos e a necessidade de uma eficiente estrutura de transplantes no país.
Como funciona a doação de órgãos?
A doação de órgãos é um caminho de esperança para milhares de pacientes em todo o Brasil que aguardam ansiosamente por uma nova oportunidade de vida. Entretanto, esse processo enfrenta diversos desafios como a escassez de doadores.
A legislação brasileira estabelece que mesmo que um indivíduo seja oficialmente registrado como doador de órgãos, a decisão final recai sobre a família. Muitas vezes, a falta de compreensão por parte da família resulta na não autorização da doação. Além disso, em alguns casos, a captação dos órgãos não é realizada de maneira adequada, o que pode resultar na perda de órgãos que poderiam salvar vidas.
O processo de doação de órgãos só se inicia após a confirmação da morte cerebral do paciente. A partir desse momento, a seleção do receptor é pautada por critérios como peso, altura e tipo sanguíneo, o que visa garantir o sucesso do transplante e a melhoria da qualidade de vida do paciente receptor.
Setembro Verde
A complexidade e os desafios envolvidos na doação de órgãos reforçam a necessidade contínua de disseminação de informações sobre o tema. Por isso, foi criada a campanha Setembro Verde, que trata sobre a importância de ser um doador.
O Setembro Verde tem como objetivo sensibilizar a população e desmitificar questões relacionadas à doação de órgãos. A iniciativa ganha destaque durante todo o mês de setembro, promovendo a conscientização e incentivando a reflexão sobre a capacidade de salvar vidas através do ato de doar.
Além disso, a iniciativa procura dissipar mitos que ainda cercam o tema, esclarecendo que a doação de órgãos pode ser realizada de forma segura, respeitando todos os protocolos médicos e legais.