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Sedentarismo, má alimentação e uso excessivo de telas contribuem para obesidade infantil

O estilo de vida das crianças e adolescentes mudou de forma considerável nas últimas décadas. Com o avanço da tecnologia, o aumento do uso de dispositivos eletrônicos e a mudança nos hábitos alimentares, um novo desafio tem emergido: o crescente índice de sedentarismo e obesidade entre crianças e jovens. Esse cenário é preocupante tanto para os pais e educadores, quanto para os profissionais de saúde, que observam os efeitos negativos desse comportamento na saúde física e mental de crianças e adolescentes.

Estima-se que 6,4 milhões de crianças no país estejam com excesso de peso, sendo que 3,1 milhões já desenvolveram obesidade. Essa situação é especialmente alarmante entre crianças de 5 a 9 anos, com 13,2% delas apresentando obesidade. Além disso, projeções indicam que essas taxas continuarão a subir, com a prevalência de obesidade em crianças de 5 a 9 anos podendo alcançar 28,6% até 2044.

Reprodução/Shutterstock
Sedentarismo, má alimentação e uso excessivo de telas contribuem para obesidade infantil

O Ministério da Saúde e a Fiocruz destacam que esses números estão relacionados a fatores como a má alimentação e o aumento do tempo em frente a telas, o que contribui para o sedentarismo. A pandemia de COVID-19 também agravou a situação, intensificando os hábitos alimentares inadequados e a inatividade física.

O nutricionista Carlos Henrique Ribeiro Lima destaca os prejuízos dos maus hábitos alimentares e do uso excessivo das telas como agravantes no desenvolvimento e saúde de crianças e adolescentes:

“Um estilo de vida sedentário, caracterizado por pouca atividade física e muito tempo em frente a telas de celulares e computadores, pode influenciar os hábitos alimentares das crianças. Essa relação se dá por vários fatores, como menor gasto calórico, aumento do apetite, maior consumo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, chocolate e fast-food, que são alimentos ricos em sódio, gordura e açúcar”, enfatiza.

A alimentação inadequada, rica em alimentos ultraprocessados, fast-foods, refrigerantes e doces, se tornou uma prática na rotina de muitas famílias. A falta de consumo de frutas, legumes e alimentos ricos em nutrientes compromete o crescimento e o desenvolvimento das crianças, deixando-as mais suscetíveis a doenças.

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Sedentarismo, má alimentação e uso excessivo de telas contribuem para obesidade infantil

“Além disso, há um menor consumo de frutas, legumes e verduras, que são fontes de vitaminas e minerais, e a influência da publicidade, pois a exposição constante a propagandas de alimentos ultraprocessados influencia diretamente os hábitos infantis. E essas mudanças nos hábitos alimentares podem comprometer a saúde das crianças e contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como o diabetes e obesidade infantil”, pontua.

O coordenador afirma ainda que o uso prolongado de telas contribui para o sedentarismo. “Há uma forte correlação entre o aumento do uso de dispositivos eletrônicos e o comportamento sedentário em crianças. O uso excessivo de telas, seja em smartphones, tablets, computadores ou televisores, tem sido apontado como um dos principais fatores que contribuem para o aumento do sedentarismo nas crianças. Isso acontece por diferentes motivos, como substituição da atividade física pela tela do celular, o que gera uma dificuldade de se desconectar”, ressalta o especialista.

O aumento do sedentarismo, associado a uma má alimentação e ao uso excessivo de telas, é um desafio que precisa ser enfrentado com urgência. A obesidade infantil não é apenas uma questão estética, mas uma preocupação de saúde que pode ter consequências graves ao longo da vida.

“O sedentarismo exerce um impacto significativo no desenvolvimento físico e mental das crianças, tanto a curto quanto a longo prazo. Os impactos incluem a dificuldade de realizar atividades físicas de maior intensidade, pois elas exigem maiores esforços, além de dificuldades de concentração e atenção. A longo prazo, há o aumento da obesidade infantil e problemas mentais, como ansiedade e depressão”, conclui.


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