O dia 2 de novembro é conhecido como o Dia de Finados, data celebrada pelos religiosos da tradição cristã católica para relembrar a memória dos mortos e rezar por suas almas. Segundo a história, o principal responsável pela data dedicada aos mortos foi o monge beneditino Odilo, da Abadia Beneditina de Cluny, na França, sendo o costume introduzido gradualmente na Igreja Católica. A partir do século XII, a data se popularizou em todo o mundo cristão e a Igreja Católica passou a celebrar como Dia de Finados, Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia dos Mortos.
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A tradição do Dia de Finados advém da Igreja Católica, religião majoritária no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No país, conforme o censo demográfico realizado em 2010, 64,6% dos brasileiros (cerca de 123 milhões) se declaram católicos, enquanto 22,2% (cerca de 42,3 milhões) se identificam como protestantes (evangélicos tradicionais, pentecostais e neopentecostais).
Enquanto os católicos têm o dia 2 de novembro como uma data para homenagear os que já se foram, para os evangélicos, os entes queridos devem ser lembrados todos os dias e, por isso, a data específica não tem tanta representatividade.
O que dizem os evangélicos sobre o Dia dos Finados
Maurício de Sousa, pastor da Igreja Cristã Evangélica, localizada no Buenos Aires, zona Norte de Teresina, explica: “As lembranças de nossos ancestrais, dos antepassados e dos nossos pais, são levadas ao longo de toda a vida. Não separamos um dia específico do ano para lembrar dessas pessoas, nem vamos ao cemitério celebrar essa data. O ato de ir ao cemitério, para o evangélico, é apenas para cuidar e zelar pelo túmulo. A doutrina orienta que a fé e a confiança são baseadas na Bíblia Sagrada, e que o Dia de Finados não nos dá um fundamento nas Escrituras, por isso não temos motivação para praticá-lo e celebrá-lo”, destaca.
A Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil tem fundamentação nos passos dos primeiros reformadores e possui sua doutrina originária na reforma protestante. Sobre os mortos, o pastor reforça que a lembrança dos entes deve ser fomentada diariamente, sem necessariamente precisar de um dia específico para celebrar o legado deixado por quem partiu.
“Aqueles que advêm da religião católica, às vezes, não se desvinculam completamente dessa tradição, mas a doutrina da igreja não fomenta tais práticas. Na verdade, a orientação que as igrejas evangélicas dão, em geral, é desvincular a ida ao cemitério, no Dia de Finados, por conta do peso cultural que esse momento tem. Assim, orientamos que essa pessoa vá em outro dia”, explica.
Quando uma pessoa evangélica falece, é realizado o culto fúnebre, entretanto, a cerimônia não é direcionada à pessoa morta, mas, sim, aos vivos. O pastor Maurício de Sousa enfatiza que o momento do velório, para os evangélicos, serve de lição para os que aqui permanecem, avaliando os erros e acertos dessa pessoa que se foi. “Observamos onde essa pessoa errou e procuramos acertar; e onde ela acertou, tentemos fazer igual, ou melhor. O momento do velório e do culto fúnebre serve de reflexão e de consciência para as pessoas que estão ali”, complementa o pastor.
Para os católicos o dia é de relembrar quem foi importante durante a vida
Para os católicos, o Dia de Finados é uma data destinada a relembrar aqueles que foram importantes durante a vida. Antônio Barbosa, ou Toinho, como é conhecido, é o pároco do Santuário de Nossa Senhora da Paz, localizado na Vila da Paz, zona Sul de Teresina. Sobre o Dia de Finados, ele explica que o dia é destinado à celebração e homenagem às pessoas falecidas que deixaram um legado em nossas vidas.
“A pessoa de nossa família que faleceu foi, fisicamente, sepultada e terminou sua caminhada na terra, mas está presente em nossa vida e no nosso coração. Então, nesse dia, orientamos que o fiel vá ao túmulo da pessoa, acenda uma vela e faça uma oração, pois essa é uma maneira de externar a consideração, o amor e o carinho por aquela pessoa ali sepultada”, cita.
Segundo o padre, para a Igreja Católica, a vida humana possui três momentos: o primeiro começa ainda no ventre; o segundo é aqui na terra, ao longo da vida; e o terceiro é a morte, sendo a passagem para uma vida muito melhor. “Acreditamos na ressurreição, na vida após a morte, onde teremos a plena felicidade com Deus, com Jesus e com os santos e santas. Quando visitamos o túmulo de uma pessoa querida, lembramos de suas palavras, ensinamentos e momentos que nos marcaram. Isso nos faz refletir sobre nossa própria vida e pode nos impulsionar a buscar uma vida mais justa e dedicada ao bem”, destaca.
O sacerdote reforça que o Dia de Finados é um tempo de consolo e reflexão, onde a morte é vista não como um fim definitivo, mas como uma passagem para a vida eterna com Deus. Ele também menciona que as Sagradas Escrituras oferecem exemplos que reforçam a esperança cristã na ressurreição e na vida após a morte, como o relato da ressurreição de Lázaro e o encontro de Jesus em Naim, onde Ele devolve à vida ao filho de uma viúva.
O padre ressalta a importância da oração pelos falecidos como um ato de fé que ajuda os fiéis a lidarem com a dor da perda e a saudade. "Quando visitamos o túmulo de uma pessoa querida, lembramos de suas palavras, ensinamentos e momentos que nos marcaram. Isso nos faz refletir sobre nossa própria vida e pode nos impulsionar a buscar uma vida mais justa e dedicada ao bem", concluiu.
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