A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou o primeiro óbito por leptospirose no estado após as recentes enchentes. O diagnóstico foi confirmado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), em Porto Alegre. A vítima era um idoso de 67 anos que morava no município de Travesseiro, no Vale do Taquari, uma das regiões atingidas pela tragédia climática.
A Secretaria de Saúde, por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), está monitorando casos suspeitos de leptospirose. Até agora, foram identificados 304 casos não confirmados e 19 confirmados nas últimas semanas. Desde o início do ano até 19 de abril, foram registrados 129 casos e seis óbitos.
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Quais são os sintomas da leptospirose?
A leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira. Ela é transmitida principalmente através do contato com água ou solo contaminados pela urina de animais infectados, especialmente ratos. A infecção pode ocorrer quando a bactéria entra no corpo através de cortes na pele, mucosas ou pela ingestão de água contaminada. Por isso, é importante que as pessoas expostas a enchentes fiquem atentas aos sintomas durante esse período.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os primeiros sintomas podem surgir entre dois e 30 dias após a infecção, variando de pessoa para pessoa.
Os principais sintomas incluem:
- Febre alta: Um dos primeiros e mais comuns sintomas.
- Dor de cabeça: Geralmente severa e persistente.
- Dores musculares: Especialmente nas panturrilhas e costas.
- Calafrios: Sensação de frio intenso seguida por tremores.
- Olhos vermelhos: Inflamação nos olhos, também conhecida como conjuntivite.
- Náuseas e vômitos: Podem ocorrer juntamente com dor abdominal.
- Icterícia: Amarelamento da pele e olhos, indicando problemas hepáticos.
- Erupções cutâneas: Pode aparecer em alguns casos.
- Diarreia: Em certos casos, pode ocorrer como sintoma.
Nos casos mais graves, a leptospirose pode levar a complicações sérias como insuficiência renal, meningite, problemas respiratórios e hemorragias. É fundamental buscar atendimento médico ao apresentar sintomas após exposição a águas contaminadas, especialmente em áreas afetadas por enchentes, para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
O que fazer em caso de contato com água contaminada?
Após o contato com água possivelmente contaminada, a primeira medida a ser tomada é lavar o corpo imediatamente com água e sabão para reduzir o tempo de exposição e minimizar o risco de infecção.
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul emitiram uma nota técnica com orientações sobre a profilaxia (medidas preventivas) contra a leptospirose em situações de exposição contínua e inevitável a águas de enchentes, como ocorre atualmente no estado.
Embora o uso de antimicrobianos não seja recomendado de forma rotineira e seja indicado apenas após o diagnóstico da doença, a nota técnica enfatiza que, em cenários de alto risco, onde há grande exposição a águas possivelmente contaminadas, essa medida pode ser considerada para reduzir os riscos, desde que feita sob orientação médica.
A principal recomendação das entidades é o uso da doxiciclina, administrada em dose única para adultos em situações de pós-exposição de alto risco. Para crianças, a dose deve ser ajustada conforme o peso corporal, com uma dose máxima definida. Como alternativa, a azitromicina pode ser utilizada nas mesmas condições.