As queimaduras são uma das lesões mais comuns que afetam os brasileiros diariamente. Dados do Ministério da Saúde apontam que entre 2015 e 2020, o Brasil registrou mais de 19 mil óbitos por queimaduras e pelo menos 70% dos casos ocorrem dentro de casa envolvendo crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida. Saber como prevenir este tipo de acidente e tratar os ferimentos decorrentes dele são essenciais para a segurança doméstica.
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As principais causas de queimadura no Brasil costumam ser pelo contato com líquidos quentes, como água, comida e óleo, seguidas por queimaduras por chamas e, em terceiro lugar, pelas queimaduras decorrentes de choques elétricos. Especialistas destacam a importância de se adotar medidas simples para amenizar o desconforto do ferimento e alertam: há muitos mitos circulando por aí de receitas milagrosas para curar queimaduras, mas que na verdade podem piorar a lesão.
A primeira orientação que se dá em caso de queimadura por contato com líquido quente é a resfriar o local lesionado com água corrente por aproximadamente 20 minutos e procurar um serviço de urgência para que os profissionais possam avaliar e classificar a lesão. Essa classificação é feita de acordo com a extensão da queimadura – em pequena, média ou grande – e pela profundidade nas camadas da pele – em primeiro, segundo e terceiro grau.
No caso de queimaduras causadas por choque elétrico, a primeira medida a ser tomada é cortar a corrente elétrica fechando a chave do interruptor ou interrompendo o quadro geral de energia. É importante também não tocar a vítima, porque a corrente elétrica passa de uma pessoa para a outra. Em seguida, deve-se acionar os serviços de urgência.
Já no caso de queimaduras por fogo, a principal orientação é não correr, por mais que esta seja a reação natural do corpo. Isso, porque as chamas podem aumentar se a pessoa corre e os ferimentos se tornam ainda mais graves. Em caso de queimadura por chamas, a pessoa deve tentar rolar no chão e quem estiver próximo deve embrulhá-la em uma toalha molhada.
Quem dá estas orientações é a enfermeira e estomaterapeuta, Cliciane Furtado. A área dela, a estomaterapia, cuida justamente das lesões cutâneas, feridas e do processo de cicatrização da pele. Ela explica que em qualquer caso de queimadura, o ideal é procurar um serviço médico para avaliação. Isso deve ser feito com ainda mais urgência se a pessoa tentar tratar o ferimento em casa, mas perceber que ele não está tendo nenhuma melhora.
É que quando nos queimamos, acontece uma grande perda de líquido de dentro do vaso sanguíneo para as células externas. Se o ferimento inchou e ficou escuro, é sinal de queimadura grave, conforme orienta Cliciane. Procurar atendimento médico é importante e necessário.
Nada de passar pasta de dente, limão ou manteiga
Água. É este o único ingrediente para cuidar de uma queimadura no momento em que ela acontece. Muito se ouve falar que há remédios caseiros eficazes para tratar este tipo de ferimento, mas o que não se sabe é que a maioria dessas “receitas milagrosas” na verdade pioram o que já está ruim. Passar manteiga ou colocar pasta de dente ou suco de limão sobre a queimadura não ajuda a cicatrizar. Pelo contrário: podem ajudar sim, mas no processo de inflamação e tornar a situação ainda mais grave.
A enfermeira Cliciane Furtado faz o alerta para que as pessoas evitem usar este tipo de substância ou qualquer outro ingrediente não receitado por um profissional da saúde habilitado para isso. “Tem gente que diz que suco de limão ajuda. Pelo contrário. O suco de limão, quando posto sobre a queimadura e exposto ao sol, ele queima mais. Piora e muito o quadro. Pasta de dente é do mesmo jeito. Ela não refresca a queimadura como as pessoas dizem. O que resfria a lesão é água corrente por pelo menos 20 minutos. Água limpa”, pontua a enfermeira.
Mas já diz o ditado que sempre é melhor prevenir do que remediar. Pequenos cuidados que se toma em casa, sobretudo no ambiente da cozinha, podem ajudar a evitar acidentes com queimaduras. A primeira dica é não deixar panelas no fogão com o cabo para fora, principalmente se a casa tiver crianças, porque elas podem mexer ou puxar o objeto e derramar algo quente em si. Use as bocas de trás do fogão sempre que possível.
No caso das queimaduras elétricas, é recomendado verificar regularmente a condição dos cabos de eletroeletrônicos e não sobrecarregar tomadas com adaptadores e extensões inadequadas. Se for manusear a churrasqueira, nunca use álcool para acender o carvão. Prefira acendedores específicos e mantenham a churrasqueira em área aberta e longe de materiais inflamáveis.
Nunca deixe crianças sozinhas na cozinha ou próximas de fonte de calor. Isqueiros, fósforos e líquidos inflamáveis devem ser mantidos longe do alcance dos pequenos.
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Cuidado ao manusear fogos de artifício
Em época de final de ano é comum um aumento na procura e na venda de fogos de artifício meso que a lei hoje proíba soltar fogos com barulho. O perigo não está só no som da explosão, mas também na explosão em si. Fogos de artifício são materiais feitos de pólvora e seu manuseio incorreto ou imprudente pode levar a acidentes sérios.
A venda de fogos de artifício é fiscalizada não apenas pelos órgãos de defesa do consumidor, mas também pelo Corpo de Bombeiros. Os estabelecimentos que comercializam este tipo de produto devem seguir algumas regras básicas como, por exemplo, contar com um esquema regular de combate a incêndios, seguir normas rígidas de armazenamento e estarem localizados distantes de outros estabelecimentos e residências para evitar que, em caso de acidente, mais pessoas acabem sendo atingidas.
O subcomandante operacional do Corpo de Bombeiros do Piauí, coronel Marcello Rubens Bastos, explica que o cuidado com os fogos de artifício já devem iniciar da compra. O ideal é adquirir estes produtos somente em locais autorizados para a venda e fiscalizados. E, principalmente, adquirir produtos verdadeiros que passam por um rígido controle de produção e de qualidade. As embalagens dos produtos certificados possuem selos de certificação e instruções de uso detalhadas, bem como alerta para os riscos de manuseio incorreto, ao contrário ds produtos caseiros ou fabricados sem regulação.
Uma vez com o produto em mãos, é importante ressaltar: não se pode deixar que crianças manuseiem fogos de artifício. O coronel Marcello Rubens orienta que para as criança, devem ser reservados os fogos de menor potencial explosivo como os traques e os estalinhos. Não é recomendado também soltar fogos em casa. "Tem a casa do seu vizinho. Você vai causar um problema sério, então não é muito recomendado usar em casa, a não ser aqueles fogos mais simples que você joga no chão e ele estoura facilmente", explica.
Um erro comum que as pessoas cometem ao soltar fogos e que pode levar a ferimentos sérios é soltar bombas caseiras nas quais você coloca uma lata em cima e joga para assustar as pessoas. "É muito comum ela estourar na mão das pessoas. Tivemos um caso recente em Timon de um menino que perdeu dedos da mão porque sofreu um acidente manuseando este objeto. Soltar este tipo de bomba sem treinamento e preparo só porque todo mundo faz não é o correto", alerta o coronel Marcello.
Ele lembra que os fogos de artifício autorizados são regularizados pelo Exército Brasileiro e que, em caso de festas com show pirotécnico ou qualquer queima de fogos, é preciso contatar o Corpo de Bombeiros para apresentar o projeto e receber aprovação para sua execução com antecedência. Se for comprar fogos de artifício, procurar sempre locais autorizados, porque é a garantia de que o produto adquirido é fiscalizado e foi produzido de maneira correta.
As pessoas devem ficar atentas ainda aos locais onde é permitido soltar fogos, mesmo os sem barulho. "Tem locais que você deve evitar a todo custo. Por exemplo, próximo a hospitais, próximo a centros religiosos, próximo a residências onde o telhado é de palha e próximo à vegetação seca par evitar incêndio. Uma falha pode causar um evento catasttrófico, então tem que tomar todos os cuidados e se atentar às instruções nas embalagens", finaliza o coronel.
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