Na sexta-feira, dia 8 de março, celebraremos o Dia Internacional da Mulher. A data, mais do que comemorar as conquistas femininas, nos convida a refletir sobre a importância e o impacto das mulheres em diferentes setores da sociedade. Em alusão a essa ocasião especial, destacamos o legado de dez mulheres extraordinárias que deixaram sua marca na história do Piauí.
Através de suas atuações dentro e fora do estado, essas figuras exemplificam a força, a resiliência e a determinação das piauienses, e se tornaram inspiração para as gerações futuras. Confira a seguir:
1. Adriana Maga
Adriana Silva, mais conhecida como Adriana Maga, é um nome que se destaca no cenário do futebol feminino brasileiro. Natural de União, no Piauí, a atacante de 28 anos vem quebrando barreiras e conquistando seu espaço entre as grandes jogadoras do país.
A paixão pelo futebol começou cedo na vida de Adriana. Nascida em uma família humilde, ela encontrou no esporte a oportunidade de transformar sua realidade. Aos 14 anos, já se destacava em times locais, chamando a atenção de olheiros de clubes nacionais.
Em 2013, Adriana deu início à sua carreira profissional, defendendo o Tiradentes-PI. Desde então, coleciona títulos e feitos importantes. Passou por grandes clubes como Corinthians, Ferroviária e, atualmente, defende o Orlando Pride, nos Estados Unidos.
Em sua trajetória, Adriana acumula conquistas expressivas. Entre elas, o bicampeonato da Copa Libertadores da América (2019 e 2020) pelo Corinthians, o título do Campeonato Brasileiro (2018) e a artilharia da Copa América (2022) pela Seleção Brasileira.
Adriana é presença constante na Seleção Brasileira Feminina desde 2017. Já disputou a Copa do Mundo de 2019 e os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. A jogadora é um exemplo de superação e dedicação. Sua história inspira milhares de meninas que sonham em seguir carreira no futebol. Sua garra e talento dentro de campo a consolidam como uma das principais jogadoras do futebol feminino brasileiro e uma referência para o futuro da modalidade.
2. Amélia Beviláqua
Amélia Carolina de Freitas Beviláqua, nascida em 7 de agosto de 1860 em Jerumenha, no Sul do Piauí, foi uma mulher à frente de seu tempo que se destacou como escritora, jornalista, advogada e pioneira na luta pelos direitos das mulheres no Brasil. Filha de tradicional família piauiense, Amélia teve acesso à educação formal, algo raro para mulheres na época.
Amélia iniciou sua carreira literária publicando contos e poemas em revistas e jornais. Em 1898, fundou e dirigiu o periódico "O Lyrio", no Recife, Pernambuco, um espaço importante para a divulgação da literatura feminina. Em Teresina, a escritora influenciou na criação do Jornal Borboleta, escrito apenas por mulheres, que circulou na capital entre os anos de 1904 a 1907.
Ao longo de sua vida, publicou diversos livros, incluindo romances, contos, crônicas e peças teatrais. Sua obra aborda temas como a vida familiar, a condição feminina, a crítica social e a história do Brasil. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os romances Alcyone (1902), Açucena (1921) e Jeannete (1923).
Em 1930, Amélia Beviláqua fez história ao se candidatar à Academia Brasileira de Letras, desafiando os padrões de uma sociedade ainda predominantemente machista.
Embora não tenha sido eleita na ocasião, sua coragem e determinação abriram caminho para futuras gerações de mulheres na literatura e em outras áreas.
Amélia Beviláqua faleceu em 17 de novembro de 1946, no Rio de Janeiro, aos 86 anos.
Sua obra e seu ativismo deixaram um legado importante para as mulheres brasileiras, inspirando as lutas por igualdade e reconhecimento.
3. Esperança Garcia
No dia 6 de setembro de 1770, uma mulher negra e escravizada ousou desafiar o sistema opressor e levantar sua voz em busca de justiça. Seu nome era Esperança Garcia. Na época, ela escreveu uma petição ao então presidente da Província de São José do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, denunciando os maus-tratos e abusos físicos que ela e seu filho sofriam nas mãos do feitor da Fazenda Algodões, Antônio Vieira do Couto.
Por meio da carta, Esperança Garcia desafiou as normas sociais e reivindicou seus direitos como ser humano. “A primeira é que há grandes trovoadas de pancadas em um filho meu, sendo uma criança que lhe fez extrair sangue pela boca, em mim não posso explicar que sou um colchão de pancadas, tanto que caí uma vez do sobrado abaixo peiada; por misericórdia de Deus, escapei. A segunda, estou eu e mais minhas parceiras por confessar há três anos. E uma criança minha e duas mais por batizar”, escreveu Esperança.
Pesquisadores acreditam que Esperança Garcia adquiriu suas habilidades de leitura e escrita através da influência dos jesuítas que estiveram presentes no Piauí durante o século XVIII. É provável que, com essa educação, também tenha desenvolvido noções rudimentares de direito. Mesmo vivendo sob a condição de escravidão, ela demonstrou compreender que, apesar de sua situação precária, ainda tinha direitos mínimos reconhecidos
Sua petição tornou-se um símbolo de resistência, que posteriormente foi considerado o primeiro documento oficial escrito por uma mulher negra no Brasil. Em 2017, após 247 anos da escritura da carta, Esperança Garcia foi oficialmente reconhecida pela OAB/PI como a primeira mulher advogada do Piauí. Já em 2022, ela passou a ser considerada a primeira advogada do Brasil.
O reconhecimento simboliza a luta por igualdade racial e de gênero do Brasil e a história de Esperança Garcia é um lembrete de que, mesmo diante da opressão mais cruel, é possível erguer a voz e defender seus direitos.
4. Fides Angélica
A escritora piauiense Fides Angélica também fez história na cultura do Piauí. Em 2023, aos 78 anos de idade, ela foi eleita a primeira presidente mulher da Academia Piauiense de Letras (APL), o que representou um momento histórico para a instituição, que pela primeira vez em seus 106 anos elegeu uma mulher à frente.
Nascida em Floriano, Fides Angélica é uma figura multifacetada: advogada, procuradora do estado, professora, conferencista e, acima de tudo, escritora. Sua trajetória na APL iniciou-se em 1994, quando assumiu a Cadeira 40.
Além de sua atuação na APL, Fides Angélica possui um currículo repleto de realizações. Foi conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), fundadora e presidente da Escola Nacional de Advocacia (ENA), reitora da Escola Superior de Advocacia do Piauí (ESAPI) e atualmente preside a Academia Piauiense de Letras Jurídicas (APLJ).
A eleição de Fides Angélica como presidente da APL, além de inspiradora, é um lembrete do talento e da determinação das mulheres na busca pelo reconhecimento, pela igualdade e pela representatividade feminina em espaços de destaque.
5. Genu Moraes
Maria Genoveva de Aguiar Moraes, mais conhecida como Genu Moraes, foi uma escritora e jornalista piauiense. Sua influência estendeu-se para além das letras, moldando também o cenário político e social do estado.
Nascida em 1927, Genu Moraes foi filha de Eurípedes de Aguiar, ex-governador do Piauí, e de Graça Falcão Lopes Aguiar. Dotada de uma personalidade vibrante e um espírito livre, Genu desafiou os tabus da sociedade teresinense da época e de destacou como uma mulher à frente de seu tempo.
Sua trajetória foi marcada por pioneirismos. Genu foi a primeira mulher a obter carteira de motorista em Teresina, além de se tornar a primeira presidente do Sindicato dos Jornalistas do Maranhão e ocupar um cargo como vereadora neste estado.
De volta ao Piauí, presidiu a Associação das Damas de Assistência à Infância (ADAPI), chefiou o cerimonial do Palácio de Karnak durante os governos de Alberto Silva e Mão Santa, e ainda foi membro da Academia Piauiense de Ciências, ocupando a cadeira número 9.
Por suas inúmeras contribuições, Genu Moraes é considerada por muitos como a mulher mais importante do Piauí no século XX.
6. Luíza Amélia de Queiroz
No cenário literário do século XIX, Luíza Amélia de Queiroz foi uma figura notável, pioneira e desafiadora. Nascida em Piracuruca em 1838 e radicada em Parnaíba, dedicou sua vida aos estudos e à literatura, deixando um legado que ecoa até os dias atuais.
O destaque de Luíza Amélia vem principalmente de sua obra "Flores Incultas", publicada em 1875. Este livro a coloca como a primeira mulher piauiense a publicar literatura, em uma época em que as mulheres enfrentavam imensas barreiras para entrar no mundo da escrita e da publicação. Em uma sociedade onde o acesso ao ensino superior era negado às mulheres e seus papéis eram restritos ao lar, Luíza Amélia desafiou as normas e deixou sua marca na história.
Sua coragem e determinação abriram caminho para futuras gerações de mulheres escritoras. Além de sua obra literária, Luíza Amélia foi uma das primeiras mulheres a ocupar um espaço na Academia Piauiense de Letras, na cadeira 28, e é patrona da cadeira 24 da Academia Paraibana de Letras.
Apesar das dificuldades e do preconceito de gênero que enfrentou, Luíza Amélia perseverou e se destacou como uma das notáveis do seu tempo na produção literária. Sua história inspira e ressalta a importância da persistência e da luta contra as desigualdades de gênero.
7. Maria da Inglaterra
Maria Luiza dos Santos e Silva, mais conhecida como Maria da Inglaterra, foi uma figura icônica na cultura do Piauí. Sua jornada como cantora iniciou aos 26 anos, quando, em uma revelação, sentiu o chamado para subir aos palcos e nunca mais parou de cantar. Apesar de não saber ler ou escrever, sua genialidade musical a levou a compor mais de 2.000 músicas, mostrando um talento inato e uma conexão com a arte.
Seu talento foi reconhecido em 1973, quando venceu o Festival Universitário em Teresina com a música "O Peru Rodou". Desde então, Maria da Inglaterra encantou plateias pelo Brasil, conquistando admiradores com sua autenticidade e força nas melodias. O apelido "Maria da Inglaterra" foi dado por Ricardo Cravo Albin, impressionado com sua postura e talento excepcionais.
Na década de 1980, participou do projeto Pixinguinha, no Rio de Janeiro, consolidando sua posição como uma das vozes mais marcantes da música popular brasileira. Em 2010, foi homenageada no Dia Internacional da Mulher pelo programa Domingão do Faustão, compartilhando sua história e seu talento com o público brasileiro.
Maria da Inglaterra faleceu em 2020, mas continua a ser uma fonte de inspiração e admiração para muitos. Ela permanece viva nos corações e memórias daqueles que a conheciam.
8. Maria Guadalupe Lopes
Na década de 1950, a Câmara Municipal de Teresina elegeu a primeira mulher vereadora da cidade. Maria Guadalupe Lopes Lima tornou-se a primeira representante feminina na política teresinense e abriu caminho para o avanço da participação das mulheres na esfera pública do estado.
Advogada e jornalista, Maria Guadalupe Lopes nasceu em São João do Piauí, trazendo consigo a determinação necessária para desafiar as normas sociais da época. Sua eleição para a segunda legislatura da Câmara Municipal de Teresina, entre 1954 e 1955, marcou o início de uma nova era na política local.
Seu mandato foi um símbolo de quebra de barreiras de gênero. Reeleita para um novo mandato, que se estendeu até 1959, Maria Guadalupe Lopes dedicou-se a defender os interesses da população teresinense e deixou um legado de compromisso e serviço público.
Hoje, recordamos com admiração o pioneirismo de Maria Guadalupe Lopes na política piauiense. Sua conquista continua a inspirar a luta por uma sociedade onde todas as vozes sejam ouvidas e representadas.
9. Monalisa Alcântara
Em 2017, Monalysa Alcântara, natural de Teresina, fez história ao se tornar a primeira piauiense a conquistar o título de Miss Brasil. A jovem, então com 18 anos, encantou o público com sua beleza, inteligência e carisma, representando com orgulho o seu estado natal.
Nascida em 24 de janeiro de 1999, Monalysa sempre se interessou pelo mundo da moda. Desde cedo, participava de concursos de beleza, acumulando títulos como Miss Teresina Teen e Miss Piauí Universitária. Em 2017, decidiu se desafiar no Miss Brasil, e sua determinação a levou ao topo.
A vitória de Monalysa no Miss Brasil foi um marco para o estado do Piauí. A jovem quebrou barreiras e inspirou outras mulheres a seguirem seus sonhos. Durante seu reinado, ela representou o Brasil em diversos concursos internacionais, como o Miss Universo, onde alcançou o Top 10.
A Miss Piauí é graduada em Direito e possui um canal no YouTube onde compartilha seus conhecimentos sobre moda, beleza e lifestyle. Além disso, ela é engajada em causas sociais, como a luta pela igualdade de gênero e a educação de jovens.
Aos 25 anos, Monalysa segue trilhando um caminho de sucesso. A Miss Piauí está focada em sua carreira profissional, mas não descarta a possibilidade de retornar ao mundo dos concursos de beleza no futuro.
10. Sarah Menezes
A judoca Sarah Menezes é um símbolo de esperança e inspiração para as novas gerações de atletas. Nascida em Teresina, em 26 de março de 1990, ela conquistou o feito inédito de ser a primeira mulher brasileira a conseguir uma medalha de ouro no judô nos Jogos Olímpicos, em 2012.
Filha de um pedreiro e de uma dona de casa, Sarah teve uma infância humilde, mas marcada pela perseverança e pelo amor ao esporte. Aos 9 anos, iniciou sua trajetória no judô, na escolinha da Associação Atlética Pio XII, em Teresina. Desde cedo, seu talento se destacou, e ela acumulava vitórias em competições regionais e nacionais.
Em 2008, com apenas 18 anos, Sarah já participava dos Jogos Olímpicos de Pequim, onde, apesar da derrota na primeira luta, ganhou experiência valiosa para o futuro. No ano seguinte, a jovem judoca explodiu para o cenário internacional, conquistando o bicampeonato mundial júnior, um feito inédito para o Brasil.
A consagração definitiva veio em 2012, nos Jogos Olímpicos de Londres. Sarah, então com 22 anos, dominou a categoria até 48kg, vencendo todas as suas lutas com maestria e técnica impecável. A conquista da medalha de ouro foi um momento histórico para o Brasil, e Sarah se tornou um nome conhecido em todo o país.
A medalha de ouro de Sarah Menezes, além de uma consulta individual, também é um marco para o judô feminino brasileiro e para o esporte nacional como um todo. Sua conquista inspirou uma geração de jovens meninas a seguirem seus sonhos no esporte, e contribuiu para o crescimento da modalidade no país.