O rompimento entre prefeitos e vices no Piauí tem ganhado força com o avanço das articulações que miram as sucessões municipais. De Norte a Sul do Estado, passando pela capital, os vice-prefeitos esquentam a disputa ao abandonarem o grupo político que pertenceram e se aproximar, na grande maioria dos casos, da oposição, ou mesmo lançarem a própria candidatura.
Esse último é o caso do município de Água Branca, onde a vice-prefeita Marinalva Chaves rompeu com o prefeito Júnior Ribeiro (PSD) e anunciou nessa semana sua pré-candidatura pelo Partido dos Trabalhadores. Uma ala do partido, no entanto, é contrária ao fim da parceria com o gestor.
Apesar de ficar evidenciado em ano eleitoral, a revolução dos vices acontece desde 2021. Em Campo Maior, a relação do prefeito Joãozinho Félix, sem partido, e do vice, Jordélio Pereira (PSD), durou apenas seis meses. O gestor acusou o vice de movimentar na Justiça um processo que pede seu afastamento da prefeitura. Jordélio articula uma candidatura a vice na chapa encabeçada pelo ex-prefeito Paulo Martins (PT), que enfrentará Félix nas urnas.
No Sul do Estado, o caso mais emblemático é o de São Raimundo Nonato. No município, o vice, Rogério Castro (MDB) abandonou a prefeita Carmelita Castro (PT) depois de perceber que não será o candidato do grupo para a sucessão. Primo do senador Marcelo Castro, ele foi preterido por Isaias Neto, que é sobrinho da gestora.
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Esse movimento não é exclusividade do interior do estado. Na capital, prefeito e vice se afastaram há mais de um ano. Robert Rios deixou o Palácio da Cidade com acusações graves contra a gestão Dr. Pessoa (Republicanos). Agora, se alinhou ao grupo do vice-governador Themístocles Filho e pode ser candidato a vereador pelo MDB.
Os motivos são diferentes em cada caso, mas os efeitos parecidos. A instabilidade nas gestões municipais e o aumento da temperatura política antes mesmo do período de campanha são dois deles. Por outro lado, há benefícios em alguns casos, como aqueles que prefeito e vice duelam para apresentarem mais obras e ações. Para o cientista político Robert Bandeira, esses rompimentos apresentam padrões no Piauí.
“Tais “rachas” podem ser causadas por conflitos de interesses entre o prefeito e o vice, resultantes de diferenças políticas, ideológicas ou estratégicas que levam à ruptura da relação política. Além disso, podem ser vistos como parte da luta pelo poder dentro da estrutura do governo local, através da qual o vice-prefeito procura mais autonomia ou influência política”, explicou.