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CCJ aprova regulamentação da reforma tributária com modificações

Para o senador piauiense, Marcelo Castro, pauta é a mais importante discutida no Congresso atualmente.

12/12/2024 às 09h50

O primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na noite desta quarta-feira (11) no Senado. Participando da reunião, o senador piauiense, Marcelo Castro (MDB) destacou a necessidade de se aprovar a reforma como um todo e disse que este é o projeto mais importante discutido no momento no Congresso, já que se trata de um texto que pode ajudar a destravar o desenvolvimento do país.

Marcelo Castro chamou o atual modelo tributário brasileiro de “complexo, confuso e injusto socialmente”. Para o senador, a tributação hoje executada no país não funciona e é ineficiente. “Com essa aprovação estamos partindo para um modelo mais civilizado. É a reforma mais importante que poderíamos fazer e que estamos devendo à sociedade. A reforma tributária vai destravar nosso país para se desenvolver de maneira mais célere”, afirmou Marcelo Castro.

Marcelo Castro, senador e presidente regional do MDB - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Marcelo Castro, senador e presidente regional do MDB

Durante a discussão na CCJ, os senadores pediram alterações em diversos pontos do relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) ao PLP 68/2024. O relator disse ter analisado mais de cem emendas. Uma das alterações mais importantes foi incluir a erva-mate na cesta básica para reduzir 60% dos tributos sobre o consumo de biscoito e beneficiar a água mineral.

Na parte final da reunião, quando foram examinadas as emendas destacadas pelas bancadas, o PL conseguiu excluir armas e munições da cobrança do Imposto Seletivo (IS). O PSD conseguiu suprimir do IS as bebidas açucaradas, inclusive com declaração de voto pessoal do próprio relator.

No entanto, o destaque do União Brasil, apresentado por Sérgio Moro, que queria resgatar o texto original do Executivo, segundo o senador, para garantir um diferencial competitivo às empresas de bens de informática fora da Zona Franca de Manaus, acabou rejeitado após ter provocado polêmica no Plenário da CCJ.

O texto analisado nesta quarta (11) foi uma atualização de Eduardo Braga à sua versão do Projeto de Lei Complementar 68, apresentada na terça (10). Nessa etapa, ele proferiu parecer para 145 emendas. Entre as principais mudanças da complementação está o adiamento da lista de remédios isentos, que agora será decidida em lei específica. A última versão do substitutivo, votada com as emendas e os destaques que surgiram durante as discussões, foi aprovada com votos contrários do bloco formado pelo PL e pelo Novo.

O texto analisado nesta quarta (11) foi uma atualização de Eduardo Braga à sua versão do Projeto de Lei Complementar 68 - (Pedro França/Agência Senado) Pedro França/Agência Senado
O texto analisado nesta quarta (11) foi uma atualização de Eduardo Braga à sua versão do Projeto de Lei Complementar 68

Conta de água

Os integrantes do colegiado votaram seis trechos de forma separada do relatório: os destaques de bancada. Em destaque do PL, os serviços e água e esgoto passarão a ter redução de alíquota em 60%. Antes, estava previsto na regra geral e sujeito ao imposto cheio.

Braga afirmou que aventou a possibilidade de redução quando preparou o substitutivo. Segundo ele, o cálculo à época apontava aumento de 0,57 pontos percentuais na alíquota-padrão, ao invés dos 0,13 p.p. do seu primeiro relatório. A estimativa não considera as novas emendas aprovadas nessa etapa final.

Segundo o senador Eduardo Gomes (PL-TO), a demanda do setor de saneamento é que a entrega de água e tratamento de esgoto seja equiparada a serviços de saúde por evitar doenças. Com a tributação cheia, há o temor de aumento na conta de água.

Em destaque do PL, os serviços e água e esgoto passarão a ter redução de alíquota em 60% - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Em destaque do PL, os serviços e água e esgoto passarão a ter redução de alíquota em 60%

“O investimento em saneamento é investimento na saúde. Durante todo o debate e construção com o setor e com os governos de estados, de municípios, e com a Confederação Nacional dos Municípios, pudemos perceber que há concordância sobre o tema”, disse.

Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) afirmou que a devolução dos tributos por meio do mecanismo de cashback para as famílias dos programas sociais do governo federal, com renda de até meio salário mínimo por membro, seria mais eficaz.

“O objetivo é nobre. Mas estaremos dando essa redução para todos, ricos e pobres, e não para aqueles que merecem receber de volta pelo serviço de saneamento... Então nós vamos estar dando com a mão e tirando com a outra. Portanto, o sistema de cashback é muito mais inteligente do que fazer essa generalização”, afirmou

Serviços

Uma das consequências da reforma tributária será o encarecimento do setor de serviços, na opinião do senador Laércio Oliveira (PP-SE), que “é o mais penalizado”. Diversos senadores pediram que Braga aumentasse exceções da alíquota-padrão para determinados serviços. É o caso da redução de 60% da alíquota para atividades de condicionamento físico, proposta pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e acatada por Braga.

O serviço veterinário também recebeu um tratamento favorecido, com aprovação do destaque do Podemos. É o que espera o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), autor da emenda aprovada que retirou a distinção entre médico veterinário e médicos de saúde humana.

Uma das consequências da reforma tributária será o encarecimento do setor de serviços - (Divulgação/CCom) Divulgação/CCom
Uma das consequências da reforma tributária será o encarecimento do setor de serviços

Os planos de saúde prestados por cooperativas médicas, como a Unimed, obtiveram a dedução da base de cálculo do imposto de todos os bens e serviços médicos adquiridos pelos seus associados. Antes, apenas 50% desses gastos seriam deduzidos, o que não ocorria para planos de saúde de outras operadoras que não sejam cooperadas. Para o senador Cid Gomes (PSB-CE), haveria desigualdade na concorrência.

“Isso causará uma concorrência desleal e vai desestimular algo que a gente sabe que no Brasil é presente: as “Unimeds” e outras tantas cooperativas”, afirmou Cid.

Armas

Os senadores rejeitaram a inclusão de armas e munições na incidência do Imposto Seletivo (IS), que será usado para desestimular consumos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), essa nova tributação seria inconstitucional.

“Hoje, a tributação de armas e munições já é tão elevada que, se houver também a incidência do Imposto Seletivo, estes preços vão ficar proibitivos. Pode configurar até um confisco, que é inconstitucional. (…) Isso está penalizando aquelas pessoas que, cumprindo os requisitos legais, querem ter acesso a arma de fogo em casa para sua defesa pessoal”.

Os senadores rejeitaram a inclusão de armas e munições na incidência do Imposto Seletivo (IS) - (Divulgação/SSP) Divulgação/SSP
Os senadores rejeitaram a inclusão de armas e munições na incidência do Imposto Seletivo (IS)

Já a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou ser a favor da incidência do IS. Segundo ela, as armas de fogo são a causa de muitas mortes de mulheres em contexto de violência doméstica.

“[O agressor] dá um tiro e acabou, não tem mais jeito, não tem arrependimento. A arma nessa alíquota dificulta o acesso a esse instrumento e por tabela dá maior contribuição ao combate à violência”.

Alíquota

O impacto das mudanças na alíquota — percentual usado para calcular o valor de um tributo — a ser utilizada, como regra, na cobrança de todos itens e serviços foi alvo de divergência entre os parlamentares. Para o senador Rogerio Marinho (PL-RN), a cada tratamento diferenciado, como redução de alíquota, a alíquota-padrão aumenta. Segundo ele, o Ministério da Fazenda estimava em 25% quando apresentou o projeto, e beirou os 28% quando o texto saiu da Câmara dos Deputados

“O Ministério da Fazenda calculou a alíquota em quase 28%, o maior IVA [imposto sobre valor agregado] do mundo... Cada uma dessas emendas, que é aprovada, tem um impacto no processo arrecadatório. Uma série de alterações foram feitas a toque de caixa, que impactam a cadeia produtiva econômica do nosso país como um todo”.

Já o senador Marcelo Castro (MDB) afirmou que, no final das contas, o poder público manterá a arrecadação, sendo este um dos princípios da reforma, mas com a vantagem de haver tributos menores em áreas estratégicas para os mais pobres.

“[A crítica de Rogerio Marinho] é uma análise que não procede. Você tira de um lado, tem que aumentar para o outro, no final a conta é zero. Então a sociedade vai pagar o mesmo”.


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Com informações da Agência Senado