Celebrado no dia 31 de maio, o Dia Mundial Sem Tabaco traz luz à epidemia de tabagismo, responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo 20% delas pelo chamado “fumo passivo”, quando a vítima não fuma, mas convive com um ou mais fumantes. Com isso, médicos alertam para os riscos à saúde causados pelo fumo e para os perigos presentes em outras formas de consumo do tabaco, como o uso do cigarro eletrônico.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), até 2021, cerca de 9,1% da população acima de 18 anos se declarava como fumante (11,8% entre os homens e 6,7% entre as mulheres). Esses números representam uma queda significativa em relação a 15 anos antes, quando a média de fumantes maiores de idade era de 15,7%, evidenciando que muitos abandonaram o vício durante esse período.
Entretanto, como aponta o cirurgião torácico Cromwell Melo, mesmo para quem conseguiu abandonar o hábito, existem grandes riscos à saúde causados pelo tabagismo. “Hoje sabemos que 90% ou mais dos casos de câncer de pulmão se relacionam com o hábito de fumar, seja ele atual, já interrompido, ativo ou passivo. Além do câncer de pulmão, todas as neoplasias [presença de tumores no organismo] podem ser induzidas por tabaco e substâncias correlatas, pois são substâncias cancerígenas”, afirma o cirurgião.
“Falar para um fumante sobre os prejuízos do cigarro não muda a dependência”, diz estudante
O vício do tabaco, muitas vezes, pode começar quando ainda se é adolescente. Como é o caso de uma estudante de medicina que não quis ser identificada. Ao Portal O Dia, ela relatou que começou a fumar o cigarro tradicional quando tinha 17 anos. Seis anos depois, a jovem se via em uma dependência sem saída.
“Comecei quando era adolescente, período em que geralmente todo mundo começa. O cigarro fez parte de mim e de situações cotidianas onde, independente de qualquer coisa, eu tinha que fumar. No começo era uma válvula de escape para ansiedade e para situações desconfortáveis, depois não importava a situação, eu queria fumar. No meio social onde eu estava, todos fumavam também, isso contribuiu para que eu quisesse continuar fumando”, conta.
De acordo com a estudante, falar para um fumante sobre os prejuízos do uso do cigarro não muda a dependência. “Eu tive sorte de conseguir ver o que realmente o cigarro fazia com meu corpo e que a longo prazo eu não conseguiria largar a dependência”, aponta.
Uso do cigarro eletrônico também vicia
A comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos é proibida no Brasil desde 2009, pela Resolução nº 46 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entretanto, grande parte desses produtos são vendidos ilegalmente pela internet, no comércio formal e informal.
Muitos que querem abandonar o tabagismo veem nos cigarros eletrônicos e narguilés uma alternativa para evitar os malefícios do cigarro tradicional. Mas, não é tão simples. Fumantes de cigarros eletrônicos afirmam que o produto pode ser mais viciante que o cigarro regular.
“Eu sabia que deixar a dependência seria muito difícil, então optei por trocar pelo cigarro eletrônico com uma quantidade de nicotina que suprisse a dependência. Funcionou! Estou há um ano sem cigarro tradicional. O problema é que o cigarro eletrônico também vira uma dependência pelo fácil acesso que você tem com ele. Até o cheiro é melhor por conta das substâncias essenciais e por diversos outros motivos”, ressalta a estudante de medicina.
A estudante aconselha que as pessoas não experimentem nenhum tipo de cigarro. “É enganar a si mesmo achar que cigarros eletrônicos, pod, vaper, são menos prejudiciais. Meu conselho é que não caiam nessa! Não é algo que vai te ajudar a evoluir como pessoa ou melhorar sua saúde psicológica ou qualquer que seja o motivo pelo qual você começou a fumar”, finaliza.