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Albertão 50 anos: “Teresina não foi sede da Copa de 2014. E a culpa não foi do Albertão”

Na quarta reportagem da série especial sobre o estádio, o O DIA fala sobre os problemas na estrutura e o que levou a CBF a não escolher o Albertão como sede da Copa de 2014.

25/08/2023 às 09h07

26/09/2023 às 04h52

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É inevitável fazer comparações entre o Albertão e outros estádios aqui da região. O Castelão de São Luís, o Mangueirão em Belém do Pará, o Castelão de Fortaleza... Todos passaram por grandes reformas e hoje oferecem boas estruturas para os torcedores, atletas e comissão técnica e imprensa. Em especial o estádio cearense, palco de Copa do Mundo. Aliás, o administrador do Albertão, Numeriano Sá Filho, 73, conta que a capital piauiense não recebeu partidas do Mundial do Brasil por outros motivos e não por causa do Albertão.

Estádio Albertão, em Teresina. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Estádio Albertão, em Teresina.

Aqui não houve jogo da Copa do Mundo e não foi por causa do estádio. O pessoal da CBF e da PUC Rio vieram aqui e fizeram um levantamento da parte interna e externa do estádio. Disseram que esse estádio aqui seria o que gastaria menos para ser concluído. Mas a cidade não tinha condição de receber! Em virtude de Teresina não ter um aeroporto internacional, e nem hotéis cinco estrelas. Essas foram as causas de a cidade não receber um jogo de Copa

Numeriano Sá FilhoAdministrador do Albertão

Inaugurado às pressas, estruturas elétrica e hidráulica do estádio não foram concluídas

São 50 anos de história do Albertão no esporte piauiense. E nem mesmo meio século de existência foi suficiente para a toda a estrutura do estádio ser concluída. A reportagem de O DIA foi ao Gigante da Redenção e constatou fios de energia expostos, vazamentos de água, sanitários e pias sem funcionar, escuridão em alguns pontos internos, obras por finalizar. De fato, as obras no estádio não foram concluídas. Quem confirma isso é o próprio administrador.

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Numeriano Sá Filho, administrador do Albertão. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Numeriano Sá Filho, administrador do Albertão.

Há mais de 30 anos, ele administra a praça esportiva e conhece cada canto do estádio. Numeriano olha para a grandeza do Gigante da Redenção, num misto de felicidade e preocupação. Ele mesmo elenca quais são os maiores problemas históricos do estádio.

São os três principais: parte elétrica, hidráulica e sanitária. Porque devido a inauguração ter sido às pressas – só tinha as arquibancadas, o placar e a especial – cada governo foi fazendo uma parte. E deram sequência, na parte elétrica, meio que na gambiarra! E na hidráulica e sanitária, aconteceu a mesma coisa 

Numeriano Sá FilhoAdministrador do Albertão
Estádio tem vários pontos com fiação elétrica exposta. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Estádio tem vários pontos com fiação elétrica exposta.

“Na parte sanitária, teve aquele problema das cheias dos rios daqui de Teresina e muitas famílias foram abrigadas aqui no Albertão. 200 famílias ao. E quando esse pessoal saiu daqui muitos foram arrancando porta de banheiros, vaso sanitário, pias”.

“O Albertão nunca foi finalizado. As partes sanitária, elétrica e hidráulica nunca foram finalizadas. Tem muita coisa para fazer! E muita coisa que a gente faz aqui é no peito e na raça. Porque se não acaba. E a gente não pode deixar isso aqui acabar. O gramado hoje não está feio, mas ele já era para ter sido trocado umas cinco vezes. A vida de um gramado é de geralmente 10 anos. Tem lugares que em 2 ou 3 anos já trocam. Esse daí está desde o início”, diz o administrador.

O Albertão precisa de reformas. Mas para qual clube jogar? Para qual torcida?

É uma unanimidade dizer que o Albertão precisa de reformas. Mas como seria reformar completamente o estádio e depois vê-lo sem receber jogos? Ou recebendo jogos com baixo público? O último grande público registrado no estádio foi em Altos x Flamengo, que superior a casa dos 25 mil pagantes (público total deve ter sido maior). As partidas envolvendo os clubes locais dificilmente trazem muitas torcidas.

A final do Campeonato Piauiense deste ano trouxe pouco mais de sete mil torcedores. Na capital, apenas o River tem levado público para as arquibancadas do estádio (o Fluminense-PI decidiu jogar em Pedro II devido ao baixo número de torcedores em Teresina, e Flamengo-PI e Piauí, ambos na Série B do Estadual, encontram dificuldades de atrair torcedores).

Estádio Albertão precisa de reformas. Porém, clubes precisam se fortalecer para voltar a atrair torcedores. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Estádio Albertão precisa de reformas. Porém, clubes precisam se fortalecer para voltar a atrair torcedores.

“Muita gente só fala do estádio, mas não vê o lado dos clubes. Na década de 70 até a metade da década de 80, isso aqui era lotado. Não dava menos de 30, 40 mil pessoas. E ultimamente, aqui dificilmente dá cinco mil pessoas nos jogos locais. Agora, quando vem clubes de fora, aí o público vai lá para cima”, afirma Numeriano.

E ele mesmo dá um caminho a ser percorrido para encontrar uma solução para o Albertão e para o futebol piauiense. “Se os clubes se preocupassem em fazer times bons, com certeza a torcida viria e obrigaria o Estado a investir mais no esporte local”.

Estádio Albertão, em Teresina. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Estádio Albertão, em Teresina.