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Altos: filho que morreu queimado se trancou no quarto com a mãe para salvá-la

Vítima de feminicídio foi levada pelo filho para o quarto, onde ele tentou ajudar a mãe; adolescente foi o que teve a maior parte do corpo queimado e morreu no HUT.

14/05/2024 às 09h14

A Polícia Civil do Piauí concluiu o inquérito sobre uma tragédia familiar que resultou no feminicídio de Helioene de Andrade, de 38 anos, na morte do filho dela, o adolescente Flávio Henrique, de 13 anos e em outras duas mulheres com 40% do corpo queimado. Segundo as investigações, Marcos Fortes de Sousa não se conformou com o término do relacionamento e invadiu a residência de Helioene e tentou matá-la de três formas.

Helioene de Andrade foi queimada e  morta com golpes de faca pelo ex-companheiro Marcos Sousa. - (Reprodução) Reprodução
Helioene de Andrade foi queimada e morta com golpes de faca pelo ex-companheiro Marcos Sousa.

Quem detalha é o delegado André Moreno. “Foram quase 150 páginas de um inquérito bem robusto, com bastante elementos de informação. E pelo que a gente pôde apurar, o autor não se conformou com o término do relacionamento, invadiu a casa da vítima, ateou fogo nela, efetuou alguns disparos de fogo - que a princípio não pegaram em ninguém - e atacou a vítima com a faca. O golpe fatal foi no pescoço da vítima”, informou o delegado.

Delegado André Moreno, da Polícia Civil de Altos. - (Assis Fernandes / O Dia) Assis Fernandes / O Dia
Delegado André Moreno, da Polícia Civil de Altos.

Além de jogar gasolina em Helioene, Marcos ateou fogo também na mãe da vítima e as chamas se alastraram pela casa. O filho tentou ajudar a mãe indo para o quarto com ela. “O menino, aparentemente, foi atingido pelas chamas quando ele estava trancado no quarto junto com a mãe. E ele tentou, durante muito tempo, salvar a mãe, por isso que ele foi o mais queimado. Ele teve 90% do corpo queimado. Enquanto a irmã e a mãe tiveram cerca de 40% do corpo queimado”, detalhou. 

Após isso, o autor ainda tentou contra a própria vida e enfiou uma faca na própria jugular, segundo que foi apurado. Porém, ele não conseguiu tirar a própria vida.

Helione de Andrade e o filho, Flávio Henrique, de 13 anos - (Reprodução) Reprodução
Helione de Andrade e o filho, Flávio Henrique, de 13 anos

As investigações duraram cerca de 10 dias. Mesmo bastante abaladas, as vítimas sobreviventes (mãe e irmã de Helioene) deram detalhes à Polícia. Segundo elas, Helioene e Marcos “tinham uma relação relativamente tranquila. Mas após o término, realmente ela vinha se sentindo ameaçada, mas não buscou ajuda”. As sobreviventes estão internadas; ambas com cerca de 40% do corpo queimado. O autor também está hospitalizado, porém custodiado e já tem contra ele já uma decisão de prisão preventiva.

O autor deve responder pelo feminicídio da sua ex-companheira, pelas tentativas de feminicídio contra a mãe e a irmã de Helioene. Com relação a mãe da ex-companheira, ainda cabe a majorante, por ela ter mais de 60 anos. Ele ainda responderá pelo homicídio qualificado do menino de 13 anos, por ele ter idade abaixo de 14 anos e por ter se utilizado de meio cruel; além de cometer o incêndio que atingiu a casa. 

Segundo o delegado André Moreno, não se sabe como Marcos teve acesso a arma com a qual ele realizou os disparos. Inclusive a arma de fogo não foi apreendida no meio do tumulto da ocorrência. "Com as pessoas auxiliando também para apagar o fogo, a arma foi levada antes da polícia chegar”, complementou o delegado. 

Delegada se emocionou ao falar sobre o caso

Em vídeo postado no Instagram, a responsável por investigar o caso, delegada Nathalia Figueiredo se emocionou ao defender a prisão de Marcos e ao comentar a morte de Flávio. A coordenadora do Núcleo de Feminicídios disse que o sofrimento, em um caso desses, não para só com a morte da mulher.

“O Flávio perdeu a vida. Uma criança que tinha tanta coisa pela frente. A Helioene também perdeu a vida. Dizer que eu desejo que esse monstro fique atrás das grades é até pouco. Vítimas tiveram sua vida destruída, interrompida, e quantas histórias como essa se repetem no Brasil afora, no mundo afora. Quantas crianças e adolescentes se tornam filhos do feminicídio. O Flávio nem isso teve a chance de se tornar”, desabafou Nathalia.

Confira aqui o vídeo com a fala da delegada.

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