Dois homens morreram afogados em um intervalo de poucas horas na Praia do Arrombado, na cidade de Luís Correia, no litoral do Piauí. O primeiro caso aconteceu por volta de 11h da manhã da última sexta-feira (15), quando o gerente de uma distribuidora, identificado como André de Souza Soares, tentou salvar o filho, mas acabou se afogando. Ele chegou a receber os primeiros socorros, mas faleceu. Já no segundo caso, por volta das 13h do mesmo dia, um homem identificado apenas como Jesus, também se afogou na Praia do Arrombado após ser levado pela correnteza.
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De acordo com o Corpo de Bombeiros de Parnaíba, os dois casos de afogamento podem ter sido provocados por um fenômeno conhecido como corrente de retorno, que é caracterizado por fluxos de água estreitos e rápidos que se movem do litoral em direção ao mar aberto. Ou seja, a água acumulada encontra um ponto de menor resistência (geralmente um canal ou área mais profunda entre bancos de areia) e flui de volta ao mar de forma concentrada e rápida. No caso do litoral do Piauí, a corrente de retorno é formada por canais causados pela mudança de maré. É o que explica o comandante dos Bombeiros de Parnaíba, o coronel Christian Vale.
“Quando a maré baixa, ficam essas piscinas, como se fossem buracos na areia, e quando a maré sobe, a pessoa pode cair nesses buracos e acaba sendo puxada para dentro do oceano. Como ela vai nadar para tentar ir contra a corrente, ela acaba se cansando e é quando acontecem os afogamentos”, explica o comandante.
No caso da corrente de retorno, uma das dicas é não tentar nadar contra ela, diretamente em direção à praia, pois a corrente é muito forte. O melhor é nadar para o lado, paralelo à praia, até sair da corrente.
O que muitos não sabem é que a Lua afeta indiretamente a formação das correntes de retorno por meio de sua influência nas marés, que são causadas pela força gravitacional que ela exerce sobre a Terra. Embora as correntes de retorno não sejam diretamente causadas pela Lua, as variações nas marés influenciam o ambiente costeiro de várias formas, alterando as condições que favorecem a formação dessas correntes. Por isso, as correntes de retorno encontradas na Praia do Arrombado, por exemplo, não são permanentes e, a depender da fase da lua, podem desaparecer.
“Tem época do ano que nós encontramos esse tipo de situação, no litoral todo, por causa da mudança de maré. Daqui a um tempo vai sumir, é algo temporário. Mas é importante que as pessoas se atentem para os riscos, porque o nosso litoral é calmo e plano, ele não afunda de uma vez, então as pessoas acabam pensando que aqui não acontece esse tipo de coisa, mas é preciso ficar atento. Especialmente os turistas, que não conhecem a praia, sempre perguntar para os moradores locais ou os próprios barraqueiros, como está o mar”, afirmou o comandante.
Turistas são a maioria das vítimas de afogamento
Dados do CBMEPI mostram que a maioria das vítimas de afogamentos no estado são turistas ou pessoas que visitavam os locais pela primeira vez. Municípios com açudes, barragens e praias apresentam índices mais altos de óbitos relacionados a atrativos aquáticos.
Veja outros cuidados importantes para adultos e crianças em ambientes aquáticos:
- Evitar pular de cabeça, devido à possibilidade de pedras ou bancos de areia encobertos pela água.
- Não consumir bebidas alcoólicas ou alimentos pesados antes de nadar.
- Priorizar áreas delimitadas para banho.
- Lembrar que a profundidade pode variar com o tempo, mesmo em locais frequentados anteriormente.
- Água na altura do umbigo é sinal de perigo: ao perceber essa profundidade, o banhista deve retornar para áreas mais rasas.
- Para crianças, optar por coletes de espuma ajustáveis ao corpo em vez de boias infláveis, que podem estourar.
- Sempre manter crianças à distância de um braço de um adulto durante o banho.
- Em casa, cercar piscinas com grades de pelo menos 1,5 metro de altura e utilizar lonas protetoras para evitar acidentes com crianças e animais.
- Evitar deixar baldes e bacias com água acessíveis a bebês.
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