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Povos indígenas são ameaçados de morte por grileiros e jagunços no Sul do Piauí

Cerca de 78 famílias indígenas vivem na localidade. O amedrontamento contra os povos originários, segundo eles, ocorre há vários anos.

27/07/2023 às 12h15

26/09/2023 às 19h19

A população de povos originários da comunidade Akroá Gamella, localizada em Currais, a 470 km de Teresina, está pedindo apoio do Poder Público em razão de estarem sofrendo ameaças de fazendeiros e grileiros que reivindicam terras na região. Segundo um dos representantes indígenas ao O Dia, as intimidações chegam até a ameaças de morte.

Cerca de 78 famílias indígenas vivem na localidade de Laranjeiras, zona Rural de Currais. Eles estão distribuídos em um território de pelo menos 19 mil hectares. De acordo com uma das lideranças indígenas da comunidade, Josewylk Brauna, o amedrontamento contra os povos originários ocorre há vários anos.

Reunião dos representantes indígenas com a Secretaria de Agricultura Familiar - (Arquivo Pessoal) Arquivo Pessoal
Reunião dos representantes indígenas com a Secretaria de Agricultura Familiar

Estamos sofrendo ameaças de invasão e intimidação por parte do agronegócio e de um fazendeiro que tem aqui na região, são pistoleiros e jagunços. Isso não é de hoje, as ameaças e violências vêm desde o início da soja na região, em meados dos anos de 1990

Josewylk Braunalíder indígena

Com o passar dos anos, Josewylk informou que as disputas foram se acirrando até chegarem ao patamar de violências armadas contra os povos originários. O líder comunitário afirmou ainda que um morador da região teve sua residência invadida por parte da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semar) e da Polícia Militar.

População indígena em Encontro Cultural e Ancestral do povo Akroá Gamella - (Reprodução/Cruupyhre Akroá Gamella) Reprodução/Cruupyhre Akroá Gamella
População indígena em Encontro Cultural e Ancestral do povo Akroá Gamella

“Houve nesses dias uma invasão a um morador Akroá Gamella por parte da Semar e da Polícia Militar. Eles chegaram, adentraram na casa sem ordem judicial, onde aplicaram multa com valor exorbitante contra esse morador por estar em território que está sendo reivindicado em disputa”, relatou Josewylk Brauna.

“A polícia tem participação [nessa disputa] com o agronegócio. Tivemos impactos sociais e ambientais com as enchentes que são provocadas pelo desmatamento do cerrado e agora com essa invasão na casa de um dos gamellas”, completou.

Tratativas de apoio

Os Akroá Gamella pedem a demarcação de terras ao Poder Público estadual. Em reunião na capital, os representantes indígenas estiveram com o superintendente de gestão da Secretaria de Segurança Pública, delegado Jean Pinheiro, para falar sobre o assunto.

Na ocasião, ficou decidido que o litígio deverá ser resolvido com o Poder Judiciário do Piauí. Além disso, eles tiveram outras conversações com o Interpi e a Secretaria de Agricultura Familiar também para tratar da pauta.

Uma audiência pública foi marcada para o dia 28 de agosto, na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), onde reunirá os representantes indígenas, poder público estadual, poder judiciário e demais interessados para tratativas que auxiliem no litígio.

Outro lado

O PortalODia.com entrou em contato com a Semar e a Polícia Militar do Piauí acerca da suposta participação truculenta à casa do morador indígena. Entretanto, até o fim da publicação desta matéria, não obtivemos retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Com edição de Nathalia Amaral.

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