“A Batalha do Jenipapo é o ápice do movimento de independência do Brasil do jugo da Coroa Portuguesa. É uma batalha concreta, sangue foi derramado. Nós temos que nos orgulhar disso, pois foi ali que se construiu a unidade nacional”, conta o historiador e professor Ricardo Arraes. Neste 13 de março, este marco completa 201 anos da maior batalha travada pela independência contra as forças portuguesas em solo brasileiro. O município de Campo Maior foi palco dessa luta sangrenta, que culminou com muitos piauienses mortos. Os brasileiros defenderam o Piauí às margens do Riacho Jenipapo contra o Major Fidié, comandante das armas que liderava as tropas de Portugal.
O dia 13 de março é uma das três datas mais importantes para o Piauí, pois foi exatamente nesse dia que ocorreu o principal movimento de independência do Brasil contra Portugal. Porém, essa história está diretamente relacionada a outras duas datas, tão significativas quanto: o 19 de outubro de 1822 - Dia do Piauí, marcando a adesão da Câmara Municipal de Parnaíba ao processo de independência, e o 24 de janeiro de 1823, adesão de Oeiras à causa citada.
“Foi preciso que o comandante das armas, Fidié, descesse de Oeiras para Parnaíba, visando sufocar o movimento de independência que lá ocorria. Sabendo que Fidié seguia em direção ao litoral, os piauienses fugiram para Granja, no Ceará. Quando tudo se acalma, Oeiras resolve proclamar a independência, resultando no retorno de Fidié para a capital da província. Nesse caminho, Piracuruca já havia ‘proclamado’ sua independência, com Leonardo Castelo Branco. E foi chegando em Campo Maior, no dia 13 de março, que ocorreu a Batalha do Jenipapo”, conta o professor.
As tropas de Fidié foram surpreendidas pelos piauienses às margens do Riacho Jenipapo, em Campo Maior, que na época estava seco e serviu como uma trincheira natural para os bravos camponeses. Os portugueses foram emboscados e a batalha durou cerca de cinco horas. “Nem na Bahia morreu tanta gente como no Piauí, por isso a Batalha do Jenipapo é considerada a batalha mais sangrenta da história da Independência do Brasil, com centenas de pessoas mortas”, detalha Ricardo Arraes.
A tropa estava desfalcada, sem mantimentos, armamentos e munição, então, após a batalha, Fidié segue para Caxias, no Estado do Maranhão, que ainda pertencia aos portugueses, com os cearenses em seu encalço. O comandante das armas optou por não seguir para Oeiras, pois sabia que lá também haveria resistência dos piauienses. Posteriormente, Fidié é capturado e levado para Oeiras. Preso pelas tropas piauienses e cearenses, o comandante das armas é então levado para o Rio de Janeiro e deportado para Portugal.
“O 13 de março tem uma importância muito grande, pois foi a afirmação do movimento de independência do Brasil em terras piauienses. E o Piauí era tão importante para isso que levou o ministro José Bonifácio a escrever uma carta para o presidente da Província, dizendo que não entendia porque o Piauí continuava fiel a Portugal. O Piauí tem uma função central na Independência do Brasil e isso não pode ser esquecido”, enfatiza o historiador e pesquisador Ricardo Arraes.
Na manhã da batalha do 13 de março, os piauienses se reuniram em frente à Igreja de Santo Antônio, em Campo Maior, e realizaram uma retreta musical, minutos antes de marcharem em direção ao Riacho Jenipapo. Para o pesquisador Ricardo Arraes, a relevância do 13 de março é mais significativa do que o 7 de setembro, quando D. Pedro proclama o grito da independência às margens do Riacho Ipiranga. Segundo o professor, o ato foi apenas alusivo.
“O momento do 7 de setembro foi simbólico, ao afirmar que as forças de Portugal queriam nos colonizar novamente, mas não teve um tiro, uma salva de palmas, não teve nada, foi uma proclamação”, conclui. Em 1973, nos 150 anos da Batalha, foi inaugurado em Campo Maior um monumento em memória dos combatentes do Jenipapo.
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