Um levantamento divulgado pelo MapBiomas Brasil mostra que o Piauí chegou a ocupar a quarta posição no ranking nacional de estados mais afetados pelo fogo durante o mês de junho deste ano. Com 27.255 hectares atingidos por incêndios e queimadas, o estado ficou à frente de unidades federativas territorialmente maiores como Pará e Minas Gerais. Aqui no Estado, a área mais afetada pelo fogo foi o Cerrado.
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A nível de Nordeste, o Piauí é o segundo estado mais atingido por queimadas, ficando atrás somente do Maranhão, que teve 93.924 hectares afetados. Para efeito de comparação, a área queimada do território piauiense é três vezes maior que a área queimada da Bahia, que teve 8.833 hectares atingidos pelo fogo. A Bahia também figura no ranking dos estados mais afetados por incêndios em julho.
Quando observado o mês de julho, a situação do Piauí não mudou muito. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que o Estado ocupa a quinta colocação no ranking de queimadas. Só entre os dias 01 e 25 deste mês, já foram contabilizados 792 focos, o que representa um aumento de 141% em relação ao mesmo período de junho. Somente ontem, foram 68 focos registrados. Segundo o Inpe, o que empurrou o Piauí para a quinta posição no ranking em julho foi o aumento considerável dos focos de incêndio em estados como Tocantins e Mato Grosso.
Amazônia é o bioma com a maior área queimada do Brasil
O estudo divulgado pelo MapBiomas revela que, de janeiro a junho, a área queimada no Brasil diminuiu 1% em relação ao mesmo período de 2022. Este ano foram queimados 2,15 milhões de hectares. Mas, mesmo com o dado sendo positivo, ainda há áreas que preocupam as autoridades competentes. A principal delas é a Amazônia, que seguiu na contramão do que se observou no restante do país: neste bioma houve aumento de 14% no número de queimadas em relação ao ano passado.
A Amazônia foi o bioma com a maior área queimada no Brasil no primeiro semestre. Em segundo lugar vem o Cerrado, com 639 mil hectares ou 30% do total, um aumento de 2% em comparação com o mesmo período de 2022. A maior parte queimada (84%) foi em vegetação nativa, a maior em formações campestres. Dentre os tipos de uso que mais responderam por esses incêndios estão as pastagens, que representam 8,5% da área queimada.
Chama a atenção que quase metade da área queimada nos primeiros seis meses de 2023 em todo o Brasil está em um único estado da Amazônia: Roraima. Foram 1 milhão de hectares queimados neste estado entre janeiro e junho, o que corresponde a 49% do total do país. Mato Grosso e Tocantins aparecem em seguida com 258 mil hectares e 254 mil hectares queimados respectivamente. Juntos, estes três estados respondem por 82% da área queimada total do período.
No caso do Cerrado, cerca de 75% da área queimada nos seis primeiros meses de 2023 estava em vegetação nativa (principalmente formação campestre e savânica) e 25% em áreas antrópicas (principalmente agricultura). “A área queimada no mês de junho no Cerrado foi maior que nos meses anteriores. Isso preocupa porque o período de seca no bioma está só começando e a situação pode se agravar ainda mais com a chegada do El Niño”, explica Vera Arruda, coordenadora operacional do MapBiomas.
O que é o MapBiomas
O MapBiomas é uma rede colaborativa formada por ONG’s, universidades e startups de tecnologia que atua no mapeamento e monitoramento de uso da terra, da água e das situações de fogo em todo o Brasil. O projeto existe desde 1985 e é uma das plataformas colaborativas brasileiras que atuam para contribuir com o manejo sustentável dos recursos naturais e na questão das mudanças climáticas.