Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

"A pandemia paralisou nosso nível de investimento", diz ex-prefeito Firmino Filho

Em conversa com ODIA, o ex-prefeito Firmino Filho avaliou sua gestão e fez comentários sobre o seu futuro político.

04/01/2021 09:44

O DIA conversou com Firmino Filho  em seus últimos dias de mandato como prefeito  de Teresina. Na  ocasião, ele avaliou  a gestão  municipal no ano de 2020, falou dos desafios que a nova gestão, comandada por Dr. Pessoa , vai enfrentar e fez comentários sobre seu futuro político e o do PSDB. Firmino demonstrou gratidão pelas oportunidades que recebeu do povo teresinense  e  disse  sair  com  o sentimento de quem fez muito pela cidade, mas não conseguiu fazer tudo que queria. Uma boa leitura!

Qual o balanço das principais conquistas que o senhor entende que realizou em 2020? 

Ao longo do tempo buscamos  responder  a confiança recebida pelo povo teresinense. Eu tenho dito que em todas as áreas da  prefeitura procuramos  mostrar  esse  testemunho  de trabalho e solidariedade ao nosso povo. Ao longo do tempo fizemos muitas obras importantes para a urbanização, podemos falar do Vila Bairro, Orçamento Popular, enfrentamos muitos desafios na área social, temos hoje uma rede robusta de atendimento à saúde não apenas com o HUT, mas com 92 unidades básicas de saúde, 11 hospitais, 3 Upas, temos uma rede ampla de educação, são  mais  de  306  escolas  na  cidade,  e  uma  educação  que  tem  uma qualidade referenciada  pelo Brasil afora, uma rede ampla de assistência social, enfim, muito foi feito. É importante perceber que obras estruturantes como o Lagoas do Norte foi feita, avenidas, pontes e viadutos foram construídos, avançamos muito. É preciso dizer que não conseguimos fazer tudo aquilo que desejávamos, exatamente por isso que há muitos problemas que precisam ser enfrentados nos próximos anos pelo próximo gestor. Da nossa parte, temos que agradecer a população de Teresina, cada uma das comunidades, cada um dos teresinenses pela confiança recebida e dizer que  nos esforçamos. Agradecer a cada um que esteve nas nossas equipes, àqueles que se dedicaram a tarefa de servir a cidade. E não apenas isso, dizer que a nossa vida pública sempre vai ser na tentativa de pagar essa dívida imensurável que temos com o povo, porque somos eternamente gratos a Teresina pelas oportunidades que ela nos deu.

"A pandemia paralisou nosso nível de investimento", diz ex-prefeito Firmino Filho. FOTO: Jailson Soares

A pandemia atrapalhou alguns projetos? Investimentos deixaram de ser feitos por conta dessa crise na saúde e na economia?

 Sem dúvidas. A pandemia foi um fator negativo para todo o planeta e para Teresina não foi diferente. Quando a doença chegou  aqui  tínhamos  medo,  insegurança e  incerteza do que  ía acontecer, e fomos levados a tomar várias medidas de isolamento social. Essas medidas prejudicaram muito a economia da cidade, e a própria prefeitura, que perdeu receitas neste período e parou seu conjunto de obras, já que estávamos no maior nível de investimento de toda a história e ele foi paralisado. A avenida Ulisses Marques está a 200 metros de ser terminada, o viaduto da Henry Wall de Carvalho com a Barão de Gurgueia, a Via Sul, são obras importantes que foram paralisadas. O asfaltamento do Sacy,  do Promorar, Bela Vista, Dirceu II, estavam todos para serem concluídos, mas infelizmente estes quatro meses de paralisação prejudicou o nível de investimentos da Prefeitura. Existe até polêmicas acerca do R$ 1 bilhão destinado para obras, que foi amplamente divulgado na campanha pelo seu grupo político. 

Esse R$ 1 bilhão já está garantido? 

O que nós temos são contratos já com instituições nacionais e internacionais, assim como com o governo federal que nos dão acesso a esses recursos para que eles se transformem em obras. 

O senhor acredita que teve prejuízos no sentido eleitoral por conta das adversidades deste cenário que foi 2020?

 Sem dúvidas. Na realidade as medidas adotadas pela Prefeitura levaram a muita impopularidade. E essas medidas quase que  quebraram  o  sistema  de  transporte  coletivo.  Nós  tínhamos o sistema Inthegra que estava em implantação, quando veio a Covid, foi interrompido. O sistema de transporte sofreu muito. E no retorno não tivemos recursos suficientes para colocar toda a frota em circulação. Isso prejudicou muito o serviço, a população e teve também repercussão politico-eleitoral, eu não tenho dúvidas disso. Então a covid, junto a essa quebradeira que aconteceu no transprote público foram duas coisas que contribuíram negativamente  para  o  desempenho  eleitoral  do  nosso  grupo  nas eleições.

O senhor foi muito responsabilizado pela estratégia eleitoral  do  seu  grupo  político.  Sempre  era  atribuído  a  você  a  escolha do candidato, a formação das chapas, como é que você recebeu o resultado das urnas?

 Tudo isso faz parte da política. No passado, tomamos as mesmas medidas em 2004 e tivemos a eleição do Dr. Silvio Mendes, agora reproduzimos praticamente a mesma metodologia e não conseguimos sucesso. Isso faz parte da política, que é um jogo de incerteza. Nunca podemos saber o que vai acontecer. Nós tomamos sempre em cada momento aquelas decisões que pareciam ser melhores, e eu não tenho dúvidas de que a população é que fez o julgamento. Ao longo do tempo tivemos várias vitórias consecutivas,  sete vitórias, somos agradecidos  a Teresina por isso. E este tempo leva a uma fadiga de material, se nós continuamos com essa fadiga material com os efeitos da covid, com o problema do transporte coletivo, podemos perceber as razões dentro da nossa derrota político-eleitoral. E o sentimento  de mudança, de rompimento, que foi contagiante no processo eleitoral, o senhor considera natural? Com certeza. Sete vitórias de um mesmo grupo político, de um mesmo partido, acaba ficando cada vez mais difícil resistir e esse sentimento de mudança faz parte do jogo democrático

O que o senhor espera da nova gestão, agora sob o comando do prefeito Dr. Pessoa? 

Nós  esperamos  o  melhor.  Que  Dr.  Pessoa  e  sua  equipe  façam  um grande trabalho pra Teresina, que possam realizar muito em todas as áreas, que é o que nossa cidade precisa e merece.

Como político, o senhor já tem projetos traçados para 2022? 

Não. Estamos numa época de dá uma parada e pensar sobre tudo. Vamos retornar ao Tribunal de Contas da União, mais na frente à Universidade Federal do Piauí, e política  tem que  ficar pra depois. 

O senador Ciro Nogueira não esconde a admiração pelo senhor, como político e homem público. O senhor tem essa intenção de sair do PSDB para o Progressistas e assim disputar uma eleição estadual?

 É muito cedo para falar sobre qualquer decisão de natureza política. Estamos ainda no período de descanso da mente sobre tudo que aconteceu. Só lá na frente é que vamos tomar outras decisões. O PSDB acabou elegendo apenas um prefeito no Piauí. 

E Teresina representava o capital político mais representativo da sigla no Estado. É possível se reerguer? Fazer o partido crescer e ficar forte no Piauí? 

Este  é o  desafio  que  o PSDB sempre  teve, o  de  se interiorizar. Agora a situação fica mais difícil, mas tudo é possível na política. Vamos manter o partido com a esperança de se fortalecer.


Por: Eliezer Rodrigues e João Magalhães
Mais sobre: