A pouco mais de um mês do pleito, o governador eleito do Piauí, Rafael Fonteles, já anunciou mais de 35 nomes que irão compor sua equipe no mandato que se inicia em 01 de janeiro. Priorizando nomes técnicos, Rafael disse que pretende fazer um governo que se baseie em estabelecer um diagnóstico, traçar metas, cumprir metas e mostrar resultados. Mas para alguns especialistas, nem só de nomes técnicos a equipe deve ser formada.
Em entrevista à O DIA TV nesta terça-feira (15), o cientista político Ricardo Arraes fez uma análise dos nomes até agora anunciados por Rafael Fonteles. A despeito do critério técnico amplamente aplicado pelo governador eleito nas escolhas, o especialista diz que o Piauí não precisa apenas de “técnicos”, mas também e principalmente de gestores que tenham noção de administração.
Para Ricardo Arraes, os nomes anunciados até o momento por Rafael não trazem nenhuma grande novidade e, em alguns casos, muda inclusive o cenário que se desenhou pelas escolhas do povo na eleição. “Chamar seis deputados muda o cenário que foi montado pelo povo, muda o resultado democrático por um autocrático. É você chamar nomes para compor uma equipe para levar seus aliados para a Assembleia. É isso que estou vendo acontecer de novo”, afirmou o cientista político.
Ricardo Arraes analisou a equipe anunciada até o momento por Rafael Fonteles - Foto: Reprodução
Segundo Ricardo, o destaque que tem sido dado à equipe em formação como sendo um elenco extremamente técnico também não impacta tanto em termos políticos muito embora seja algo interessante. Para o cientista político, não é preciso “colocar um médico na Secretaria de Saúde” ou um “economista na Fazenda”. É preciso, antes disso, nomear pessoas que tenham habilidade de gerir as pastas como administradores públicos.
“É interessante um perfil técnico, mesmo que esse perfil tenha indicação política. Faz parte de um conjunto de partidos que elegeram o Rafael e é claro que ele vai ter que compor com esses partidos. Mas você não precisa botar um médico na Saúde, por exemplo. Ele pode ser um excelente cirurgião cardíaco, mas ser um péssimo administrador. Tem que ser alguém que tenha noção de administração hospitalar e que vai fornecer um quadro mais bem preparado do que um médico. Do mesmo jeito eu cito como exemplo a Fazenda: um economista na Fazenda não pode ser só um economista. Tem que ser um excelente administrador. Você tem que ter administradores nas secretarias”, finalizou Arraes.
“Rafael é o oxigênio que o PT precisava”
O cientista político Ricardo Arraes fez ainda uma comparação do que aconteceu na eleição a nível de Piauí com o que se passou a nível nacional. Para ele, o Estado trabalhará nos próximos quatro anos com o substituto de Wellington Dias. No entendimento de Arraes, o governador eleito representa o que falta ao Partido dos Trabalhadores a nível de Brasil: alguém que perpetue um modelo de gestão.
“Aqui temos um possível continuador da obra de Wellington Dias. Lá em cima, não vemos um substituto para Lula. Isso talvez seja a justificativa para não ter sido a Regina [Sousa] a candidata à eleição. É colocar um oxigênio no partido. Colocaram um garoto na política, alguém cujo pai foi deputado, petista raiz e que conviveu com Lula na infância. Ganhamos isso para o futuro e para o Brasil não temos isso. Quem seria o substituto de Lula? Quem está preparado para isso?”, questionou Ricardo Arraes.