Em encontro com o relator-geral do Orçamento para 2023,
senador Marcelo Castro (MDB-PI), o vice-presidente eleito da República e
coordenador da equipe de transição do próximo governo, Geraldo Alckmin,
defendeu nesta quinta-feira (3) a aprovação de uma proposta de emenda à
Constituição para abrir espaço na lei orçamentária para o pagamento de um
benefício de R$ 600 do programa Auxílio Brasil a partir de janeiro. Chamada de
PEC da Transição, a matéria deve dispensar excepcionalmente a União de cumprir
o teto de gastos em áreas específicas de despesas.
Alckmin se reuniu nesta manhã na Presidência do Senado com
Marcelo Castro. Nos próximos dias, a viabilidade da PEC da Transição será
discutida com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL); e da Comissão Mista de Orçamento (CMO),
deputado Celso Sabino (União-PA). Na terça-feira (8), a equipe de transição
volta a se reunir com o senador Marcelo Castro.
— A primeira preocupação é manter o Bolsa Família de R$ 600.
Para pagar em janeiro, há necessidade de, até 15 de dezembro, termos a
autorização da PEC da Transição e da lei orçamentária — disse Geraldo Alckmin.

FOTO: Pedro França/Agência Senado
O coordenador da equipe de transição afirmou ainda que é
preciso assegurar recursos no Orçamento para a continuidade de obras e
serviços. Segundo ele, “há necessidade de suplementação” de recursos no projeto
de lei orçamentária (PLN 32/2022) encaminhado ao Congresso Nacional pelo atual
governo.
Para o relator, o projeto orçamentário atual é “seguramente
o mais restritivo e o que traz mais ‘furos’ da nossa história”. Castro disse
que a proposta não tem recursos suficientes para a manutenção de programas como
Auxílio Brasil e Farmácia Popular, além de ações em saúde indígena. Antes do
encontro com Alckmin, Castro informou que apenas o pagamento de um benefício de
R$ 600 a partir de janeiro custaria R$ 52 bilhões à União.
— São muitas as deficiências do Orçamento. Mas temos que
trabalhar dentro da realidade. De comum acordo, decidimos levar a ideia de uma
PEC em caráter emergencial de transição, excepcionalizando do teto de gastos
algumas despesas inadiáveis. Houve esse entendimento, agora depende de decisão
do Congresso Nacional. Os parlamentares todos têm o espírito de colaborar. Quem
é que de sã consciência, na crise que estamos passando, vai votar contra à manutenção
de um auxílio, que já está sendo dado, no valor de R$ 600? Eu acredito que
ninguém — disse Marcelo Castro.
O governador do Piauí e senador eleito Wellington Dias (PT)
participou do encontro como integrante da equipe de transição. Ele reconheceu que
um dos desafios é o tempo curto para a aprovação da PEC da Transição antes do
recesso parlamentar de dezembro.
— Um grande desafio é o tempo. Na terça-feira, teremos que
ter a redação dessa emenda constitucional, a definição dos valores e a posição
do presidente eleito. O caminho vai em duas direções. Primeiro, vai seguir
tramitando a lei orçamentária. A equipe técnica vai se debruçar para
quantificar o valor necessário em cada pronto crítico, em cada ponto que tem
insuficiência de recursos para 2023. Ao mesmo tempo, a proposta de uma emenda
que cria uma excepcionalidade para garantir legalmente os recursos necessários
— explicou Dias.
Participaram do encontro os senadores Confúcio Moura
(MDB-RO), Fabiano Contarato (PT-ES), Jean Paul Prates (PT-RN) e Paulo Rocha
(PT-PA). Também estiveram presentes a presidente nacional do PT, deputada
Gleisi Hoffmann (PR), o ex-senador Aloisio Mercadante (SP), e os deputados
federais petistas Enio Verri (PR), Paulo Pimenta (RS), Reginaldo Lopes (MG) e
Rui Falcão (SP).
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Fonte: Com informações Agência Senado