Atualizado as 10h22
O número de denúncias de assédio eleitoral quintuplicou no
Piauí em três dias. Dados do Ministério Público do Trabalho no Estado apontaram
que, na última segunda-feira, três denúncias haviam sido protocoladas no órgão.
Nesta quinta-feira, o número saltou para quinze denúncias. Em todo o Brasil, segundo dados
do MPT, já são mais de 900 denúncias de irregularidades cometidas contra trabalhadores
relacionadas ao processo eleitoral.
O procurador-chefe do MPT no Piauí, Edno Moura, destacou que
o crescimento do número de denúncias pode estar relacionado com o aumento da
divulgação de novos casos. “As pessoas começaram a saber que podem fazer as
denúncias. Muitos sequer sabiam que estavam sendo vítimas de irregularidades”,
pontua, ressaltando que o órgão continua disponível para receber as denúncias,
inclusive relacionadas ao primeiro turno.

FOTO: Arquivo O DIA
As denúncias de assédio eleitoral podem ser formuladas no
site do Ministério Público do Trabalho no www.prt22.mpt.mp.br na aba
Serviços/Requerimento/Denúncias, localizados no menu direito. Elas podem ser
feitas ainda pelo whatsApp (86) 99544 7488, de segunda a sexta das 08 às 14 horas.
O MPT aproveita para reforçar que o voto é livre e secreto e
que nenhum trabalhador pode ser alvo de discriminação ou ameaças por
orientações políticas, sexuais ou religiosas. “A interferência no voto do
trabalhador por meio de coação, ameaça, assédio e oferecimento de vantagens
financeiras acaba provocando uma fissura no processo democrático. Acreditamos
que o número de denúncias feitas não reflete a quantidade real de casos de
assédio eleitoral no Piauí. Por isso, é importante que as pessoas denunciem
para que o MPT possa apurar e adotar as providencias cabíveis”, ressaltou.
No Brasil já há precedentes de punições aplicadas ao
empregador que foi constatado o assédio eleitoral. O caso aconteceu no Pará,
onde o empregador estava oferecendo recursos financeiros para os trabalhadores
que votassem em seu candidato. O empregador assinou um Termo de Ajustamento de
Conduta se comprometendo a não cometer novamente as irregularidades e ainda
pagou indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 150 mil e ainda dano
moral individual de R$2 mil a cada trabalhador. “A nossa expectativa é de que
as denúncias cheguem, que os casos sejam apurados e, em constatando a
irregularidade, a gente possa punir para que tenhamos, cada vez mais, eleições
que reflitam a real vontade do eleitor e sem interferências no processo
democrático”, finalizou o Procurador Edno Moura.

Foto: Ascom MPT
Primeira Multa
O Ministério Público do Trabalho no Piauí assinou, nesta
quinta-feira, 20, o primeiro Termo de Ajuste de Conduta (TAC) referente aos
casos de assédio eleitoral no Estado. O acordo foi firmado com uma empresa no
ramo de som automotivo, cujo proprietário foi filmado oferecendo vantagens
financeiras aos seus trabalhadores, caso eles votassem no candidato indicado.
No TAC firmado, o empresário se comprometeu a abster-se de
adotar quaisquer condutas que, por meio de assédio moral, discriminação,
violação da intimidade ou abuso de poder diretivo, intentem coagir, intimidar,
admoestar e/ou influenciar o voto de quaisquer de seus trabalhadores nas
eleições, inclusive no segundo turno que irá acontecer no próximo dia 30. Além
disso, ele não deve pressionar, exigir ou induzir seus trabalhadores para que
realizem quaisquer atividade ou manifestação política em favor ou desfavor de
qualquer candidato.
O acordo assinado com o MPT-PI também estabelece uma
retratação pública e perante os seus trabalhadores sobre o caso, além de
pagamento por danos morais coletivos, no valor de R$ 3 mil, a ser destinado a
uma instituição conveniada com o MPT-PI e pagamento por dano moral individual
no valor de R$ 500,00 a cada trabalhador prejudicado. O descumprimento do Termo
de Ajuste de Conduta resultará na aplicação de multa de R$ 5 mil por cláusula e
por trabalhador lesado.
É permitida a reprodução deste conteúdo (matéria) desde que um link seja apontado para a fonte!
Fonte: Com informações MPT