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Jornalista do DF nega ter extorquido dinheiro de assessor de Feliciano

Patrícia Lelis não recebeu R$ 20 mil, disse seu advogado ao G1. Delegado de SP analisa se pedirá prisão de investigada por falsa acusação.

15/08/2016 13:56

A jornalista e estudante de direito Patrícia Lelis, de 22 anos, nega ter extorquido dinheiro do assessor parlamentar do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), Talma Bauer. A informação é do advogado José Carlos Carvalho, que defende a jovem de Brasília investigada pela Polícia Civil de São Paulo por extorsão e denunciação caluniosa e ameaça. Policiais analisam a possibilidade de vir a pedir a prisão dela.

A jornalista Patrícia Lelis, o deputado federal Marco Feliciano e o assessor dele, Talmo Bauer (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil, Nilson Bastian/Câmara dos Deputados e Reprodução/TV Globo)

Patrícia é suspeita de ter cobrado R$ 300 mil do chefe de gabinete de Feliciano para gravar um vídeo num hotel da capital paulista desmentindo as acusações de tentativa de estupro, assédio sexual e agressão que fez contra o deputado. O político, que tem 43 anos é casado e pastor evangélico, negou o crime em vídeo postado nas redes sociais.

Em depoimento, Bauer afirmou que Patrícia exigiu dele R$ 20 mil. O valor deveria ser entregue a Artur Mangabeira, que seria amigo dela. Segundo policiais, o assessor disse que não avisou Feliciano da suposta extorsão para preservá-lo.

“Patrícia não recebeu esse dinheiro, portanto não se configura extorsão”, disse Carvalho, nesta segunda-feira (15) ao G1. “Não poderei dar mais informações porque ainda preciso ter acesso aos autos do inquérito policial”.

O dinheiro, que seria de Bauer, foi apreendido pela polícia com Mangabeira. De acordo com o delegado Luiz Roberto Hellmeister, do 3º Distrito Policial (DP), Santa Ifigênia, Patrícia e Mangabeira serão indiciados por extorsão. “Também farei o indiciamento dela por denunciação caluniosa, que seria acusar falsamente alguém de um crime que não fez”.

No último dia 5, a jornalista procurou a polícia paulista para acusar Bauer de tê-la sequestrado, mantido em cárcere privado num hotel, oferecido dinheiro e a ameaçado com uma arma para gravar vídeo no qual inocenta Feliciano dos crimes sexuais que teria cometido contra ela.

No dia 7, Patrícia também registrou boletim de ocorrência, mas dessa vez na polícia em Brasília por abuso sexual contra o deputado. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que é procuradora especial da Mulher no Senado, protocolou ofício junto ao Ministério Público (MP) do Distrito Federal pedindo investigação sobre Feliciano pela suposta tentativa de estupro. O PSC também criou uma comissão interna para apurar o caso.

Bauer, que também é policial civil aposentado, chegou a ser preso, mas foi solto após negar as acusações de Patrícia. Segundo ele, foi a jornalista quem exigiu pagamento para que ela gravasse o vídeo.

Hotel em SP

Gravações de um hotel em São Paulo levaram a investigação a não acreditar na versão da jornalista de que foi sequestrada. O primeiro vídeo, registrado no fim da tarde de 30 de julho, mostra Bauer, e a Patrícia no lobby do hotel. Eles se abraçam na recepção. Nas outras imagens, feitas em 4 de agosto, a jovem aparece abraçada a um amigo no sofá na área comum do estabelecimento. Ao lado deles está o assessor de Feliciano falando ao celular.

“Em outras palavras, ela mentiu em todas essas acusações que fez contra Bauer”, disse Helmeister, que apreendeu a filmagem feita por Patrícia na internet.

A polícia baseia a investigação em depoimentos, vídeos e gravações de áudio que comprovariam a extorsão. Segundo o delegado, numa das conversas com Bauer, Patrícia ameaça Mangabeira de morte. Ela teria pedido para o assessor, que também é policial civil aposentado, para fazer algo contra o amigo dela por desconfiar que ele tivesse recebido mais dinheiro da extorsão e não avisado.

Pedido de prisão
“Patrícia também está sendo investigada por causa dessa ameaça. Estou juntando fatos que demonstram que ela é perigosa para a sociedade”, disse Hellmeister. “Analiso a possibilidade de pedir a prisão dela à Justiça”.

Em vídeo, Feliciano nega acusações de assédio sexual contra militante do PSC (Foto: Reprodução/YouTube)

Denunciação caluniosa e extorsão podem ser passíveis de pedidos de prisão temporária ou preventiva. Se somadas, as penas dos crimes ´podem variar de seis a 20 anos de reclusão numa eventual condenação.

O advogado de Patrícia, que assim como sua cliente mora no Distrito Federal, afirmou que a investigação terá de provar que a jornalista cometeu denunciação caluniosa. “Ela me falou que foi sequestrada pelo assessor do deputado e obrigada a gravar um vídeo”, disse Carvalho.

Indiciamento

Hellmeister quer ouvir a jornalista para poder fazer seu indiciamento. O delegado chegou a pedir que Patrícia fosse ouvida em São Paulo, mas o advogado da investigada alegou que sua cliente não tem condições financeiras para sair da capital federal para a capital paulista.

“Além disso, eu tenho compromissos que me impedem de acompanha-la em São Paulo. Ela não pode ser interrogada sem a presença de um advogado”, disse Carvalho. “Já pedi para o delegado ouvi-la por carta precatória aqui em Brasília”.

Nesse caso, a polícia do Distrito Federal receberia um documento com as perguntas da polícia de São Paulo para ouvir e, possivelmente, indiciar a jornalista. “Talvez eu faça mesmo por carta precatória”, disse Hellmeister.

O G1 não conseguiu localizar Mangabeira, Bauer e Feliciano para comentarem o assunto.

A denúncia da suposta tentativa de estupro cometida pelo deputado contra Patrícia havia sido divulgada na coluna Esplanada, do UOL, no dia 2. Esse caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, na Asa Sul. O assédio sexual teria sido cometido por Feliciano no dia 15 de junho no apartamento funcional dele na capital federal.

Patrícia ainda relatou que o parlamentar a agrediu e manteve em cárcere, lhe oferecendo R$ 15 mil mensais para ser sua amante. Proposta que a jornalista disse ter recusado.

Fonte: G1
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