O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixou em aberto mais uma vez a possibilidade de ser candidato à presidência da República nas eleições do ano que vem. Em entrevista à rádio Bandnews, na manhã desta segunda-feira, ele afirmou que decidirá no futuro a melhor forma de servir ao país. No entanto, ressaltou que — diferentemente de alguns políticos — não tem obsessão pelo cargo.
Questionado sobre outra entrevista dada recentemente à revista Veja, ele esclareceu que a pergunta fora feita de uma forma sutil porque a questão é se ele teria consciência que já é um presidenciável. Ele explicou que, na ocasião, respondeu que sim.
" Escuto isso todos os dias. (... ) A resposta é muito clara: eu tenho total consciência disso, de que existe uma expectativa de um certo número de pessoas na sociedade", disse.
No entanto, ressaltou mais uma vez que, desde que deixou a presidência de um grande banco internacional (o Bank Boston), tem dedicado a vida ao serviço público. Lembrou que comandou o Banco Central por oito anos no governo Lula e voltou num momento difícil para o país em que a economia brasileira atravessa uma recessão. "No futuro, vamos ver a melhor maneira, se existe alguma, de servir o país. Eu não tenho, como alguns políticos, um desejo específico ou uma obsessão de ser presidente da República".
O âncora do programa que em que Meirelles foi entrevistado, Ricardo Boechat, concluiu: "Mas se o cavalo passar encilhado, o senhor monta".
Meirelles teve de responder ainda questionamentos sobre uma conta que mantém em um paraíso fiscal no exterior. Ele disse que não há ilegalidade porque tudo está declarado ao Banco Central e à Receita. "Está tudo declarado, como tudo o que eu faço, não só à Receita Federal e ao Banco Central, mas às todas autoridades competentes", afirmou.
Ele salientou que essa conta é para uma entidade filantrópica que receberá parte da sua herança e será destinada exclusivamente a investir em educação no Brasil. E que todas as normas que seguia como o presidente de uma grande instituição internacional foram cumpridas.
Henrique Meirelles ressaltou ainda que um conselho definirá como deve ser aplicada essa parte de sua herança. Tem de ser em escolas com qualidade e condições de aproveitar os recursos. Disse que foi sugestão dos advogados a abertura da conta no exterior porque ele morava no exterior.
Próxima etapa
Em entrevista logo em seguida, o ministro voltou a responder sobre sua situação eleitoral em 2018 à Band TV. Apesar de dizer que esse não é o foco agora, ele afirmou que não descarta a possibilidade e que, à medida que o país esteja gerando empregos no próximo ano, sua missão à frente da Fazenda terá sido concluída e ele poderá pensar nessa próxima etapa:
"Descartar eu não posso descartar nada. Inclusive porque, para descartar algo, eu tenho que passar um bom tempo pensando nisso, o que não é o que eu estou fazendo. Estou com foco total na economia. (...) Se no próximo ano tivermos uma país crescendo, criando empregos, eu já terei uma gratificação muito grande de dever cumprido. Aí a etapa seguinte é pensar naquela oportunidade", explicou.
Ele foi novamente questionado sobre a citação de seu nome dentro dos chamados “Paradise Papers”, um vazamento mundial de grandes nomes que possuem offshores em paraísos fiscais. O ministro confirmou a situação, mas disse que está regular com a Receita Federal. Manter uma conta no exterior não é ilegal, à medida que seja devidamente declarada.
Meirelles explicou que, enquanto presidente do Banco de Boston, criou uma entidade filantrópica para investimento em educação no Brasil. Ele disse que a empresa não paga impostos no país de origem, mas paga no Brasil, onde o dinheiro é investido.
"Eu morava no exterior, era presidente de um grande banco internacional, fiz no formato adequado à posição que eu tinha. Eu fiz uma doação totalmente declarada no Imposto de Renda e já divulguei cópia disso. Além do mais, tem uma vantagem. Quando essa entidade não paga imposto no país de origem mas todos os recursos são investidos no Brasil, só paga imposto no Brasil", finalizou o ministro.
Fonte: O Globo