Diversos políticos e juristas do Piauí manifestaram apoio a Ministra do
Supremo Tribunal Federal, Carmém Lúcia, após ataques realizados pelo
ex-deputado Federal Roberto Jefferson. Em video, publicado no perfil da filha de
Roberto Jefferson, o ex-parlamentar chama a magistrada de “bruxa” e a compara a
uma “prostituta”. O próprio STF e o TSE emitiram notas de repúdio a atitude de
Roberto Jefferson e juristas pedem a volta do presidente licenciado do PTB para
a cadeia.

FOTO: Nelson Jr./SCO/STF
Na publicação o petebista xinga a ministra devido a uma decisão do TSE
contra uma emissora de TV e rádio. "Lembra mesmo aquelas prostitutas,
aquelas vagabundas, arrombad*s" né? Aí que viram para o cara diz: 'E,
benzinho, no rabinh*, nunca dei o rabinh*, pela primeira vez. É a primeira
vez'. Ela fez pela primeira vez, ela abriu mão da inconstitucionalidade pela
primeira vez. Ela diz assim: 'é inconstitucional, censura prévia é contra a
súmula do Supremo', mas é só dessa vez benzinho" afirma o ex-deputado no
video.
Em resposta a deputada federal Margarete Coelho (Progressistas) criticou
a fala de Roberto Jefferson. “NÃO PODEMOS NOS CALAR diante de ataques de
misoginia. É repulsivo o vídeo do ex-deputado Roberto Jefferson no qual desfere
xingamentos injustificados, inaceitáveis e de cunho sexista contra a Ministra
do STF, Carmen Lúcia exprimindo o desprezo, a repulsa à figura feminina”
Além de Margarete o Deputado Estadual Henrique Pires (MDB) também emitiu
uma nota de repúdio contra a fala de Jefferson.
Veja a nota da Presidente do STF, Ministra Rosa Weber e do Presidente do
TSE, Alexandre de Moraes.
NOTA STF
“O Supremo Tribunal Federal manifesta seu veemente repúdio à agressão
sórdida e vil, expressão da mais repulsiva misoginia, de que foi vítima a
Ministra Cármen Lúcia em função de sua atuação jurisdicional, no âmbito do
Tribunal Superior Eleitoral.
Condutas covardes dessa natureza são inadmissíveis em uma democracia,
que tem como um de seus pilares a independência da magistratura. Não há como
compactuar com discurso de ódio, abjeto e impregnado de discriminação, a
atingir todas as mulheres e ultrapassar os limites civilizatórios.
A Ministra Cármen Lúcia, magistrada de notável saber jurídico e
reputação ilibada, ilumina o Supremo Tribunal Federal com sua inteligência,
talento, isenção e competência. Sem dúvida, continuará, independente e serena,
na defesa intransigente da Constituição, sempre com o respaldo e admiração de
seus pares e da comunidade jurídica.
O Supremo Tribunal Federal manifesta, ainda, a esperança de que os
princípios que regem a Constituição Cidadã façam aflorar na sociedade
brasileira o espírito democrático e a tolerância que o momento eleitoral
exige.”
Ministra Rosa Weber
Presidente do Supremo Tribunal Federal
Nota TSE
"O Tribunal Superior Eleitoral repudia a covarde e abjeta agressão
desferida contra a Ministra Cármen Lúcia e tomará todas as providencias
institucionais necessárias para o combate a intolerância, a violência, o ódio,
a discriminação e a misoginia que são atentatórios à dignidade de todas as
mulheres e inimigos da Democracia, que tem, historicamente, em nossa Ministra
uma de suas maiores e intransigentes defensoras.
A utilização de agressões machistas e misóginas demonstra a
insignificante estatura moral e intelectual daqueles que, covardemente, se escondem
no falso manto de uma inexistente e criminosa “liberdade de agressão”, que
jamais se confundirá com o direito constitucional de liberdade de expressão
que, no Brasil e nos países civilizados, não permite sua utilização como escudo
protetivo para a prática de todo tipo de infrações penais.
O exemplo de coragem, competência e honradez da Ministra Carmen Lúcia
permanecerá servindo de guia para o Tribunal Superior Eleitoral exercer, com
respeito e serenidade, sua missão constitucional de defesa da Democracia e do
sistema eleitoral"
Alexandre de Moraes
Presidente do TSE
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