Não está sendo fácil para Donald Trump ser presidente dos EUA. O bilionário que exerce um cargo público político pela primeira vez em sua vida tem demonstrado crescente frustração com os desafios de conduzir uma gigantesca burocracia federal, segundo aliados próximos ao republicano ouvidos pela reportagem do site Politico.
A reportagem ouviu cerca de duas dúzias de pessoas que "passaram tempo com Trump" nas três semanas de governo desde a posse. Segundo os entrevistados, o presidente norte-americano tem demonstrado surpresa e raiva crescente diante da realidade previsível de governar. Na lista de "irritações" estão desde os atrasos do Congresso em aprovar os nomes de seu gabinete e disputas legais em torno de suas iniciativas até atritos internos em sua equipe e vazamentos de informações.
A percepção dos entrevistados é de que tem sido difícil para Trump fazer a transição de um empresário bilionário de negócio familiar para alguém com a responsabilidade de conduzir o país.
Um funcionário antigo do governo disse que Trump costuma fazer perguntas simples sobre políticas, propostas e equipe. Quando a conversa fica mais aprofundada, com exposição de detalhes, Trump tende a mudar de assunto rapidamente ou pedir mais detalhes diretamente para seu estrategista-chefe Stephen Bannon ou seu genro Jared Kushner ou para Paul Ryan, presidente da Câmara dos Representantes.
Cuidado ao conversar
Trump ficou furioso com o vazamento de seus telefonemas a líderes mundiais que demonstram sua postura confrontadora. Uma investigação foi lançada para descobrir a fonte dos vazamentos, segundo um assessor da Casa Branca. Uma equipe do Conselho de Segurança Nacional foi orientada a cooperar com as investigações. Entre as medidas estão inspecionar aplicativos de comunicação eletrônica de suspeitos, segundo duas fontes próximas ao caso.
O governo estuda a possibilidade de limitar o número de assessores com acesso a ligações e suas transcrições, disse um funcionário da administração. Segundo ele, os vazamentos -- e a raiva de Trump -- criaram um clima onde as pessoas "são muito cuidadosas com quem eles conversam".
Muitos dos entrevistados pediram para manter o anonimato por descrever trabalhos executados internamente na Casa Branca.
A assessoria de imprensa da Casa Branca não respondeu às questões referentes ao modo como o presidente tem lidado com vazamentos e os conflitos internos.
Segundo o Politico, as entrevistas pintam um cenário de crescente tensão no trabalho, onde as tarefas a serem executadas não são claras, a moral entre alguns é baixa, os grupos dissidentes estão aumentando e a sensação de exaustão é crescente.
Curtindo a Casa Branca
Apesar das dificuldades, Trump tem aproveitado seu novo poder. Ele tem demonstrado especial predileção pelo Salão Oval, onde passa a maior parte do tempo trabalhando. Em uma reunião com empresários, o presidente levou o grupo para o local e mostrou tudo desse espaço.
Além disso, Trump busca refúgio da pressão de ser presidente chamando velhos amigos para ouvi-los falar sobre golfe.
Alguns assessores disseram que desejam que o presidente passe mais tempo em Mar-a-Lago, o clube de golfe de Trump em Palm Beach, onde ele parece mais relaxado e menos sisudo.
Fonte: UOL