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Projeto do PSTU para Estado passa pela cobrança de dívidas de empresas

Em entrevista, o presidente do partido comentou como a sigla avalia o quadro político brasileiro.

11/06/2018 07:01

O DIA conversou com o presidente regional do PSTU, Gervásio Santos. Ele comentou sobre como a sigla avalia o quadro político brasileiro, a economia, explica porque a sigla não ingressou na defesa do ex-presidente Lula e como o partido se prepara para enfrentar a cláusula de barreira. O dirigente também critica a gestão do governo estadual, avalia que nenhum dos pré-candidatos de oposição representam novidades e desejam melhoria de vida para os trabalhadores. Gervásio Santos também defende um projeto do PSTU para o estado, que passa pela cobrança de dívidas de empresas, em que segundo, o recurso deveria ser investido em áreas sociais e de infraestrutura.

Como o PSTU avalia o quadro político e econômico brasileiro, levando em conta os números de desemprego, e outros dados da economia brasileira, incluindo também re­formas como a trabalhista, que já estar em vigor?

Nós estamos vendo a situação de forma bas­tante calamitosa. Você tem, até pouco tempo, o governo ficava omitindo o verdadeiro núme­ro de desempregados, falava em 10 milhões, depois 13 milhões, agora estampou o quadro real da situação, com 23 milhões de desempre­gados. O Piauí tem na casa de 188 mil e deve chegar aos 200 mil trabalhadores na rua, em busca de um emprego para sustento de sua família. Esses trabalhadores hoje estão sem lar, sem cesta básica, ele não tem perspectiva de que amanhã será melhor. Aqueles que ain­da estão com vagas de emprego, estão traba­lhando de forma precarizada. Basta ver que a terceirização avança em todos os setores, nas mais diversas empresas privadas e no setor pú­blico. Agora com a reforma trabalhista, a pre­visão é de que cada vez mais desapareça o con­curso público, desapareça o emprego efetivo, e essa precarização avance ainda mais.

Percebemos hoje um certo crescimento da onda de radicalismo na política mundial, e também no Brasil, inclusive com aumento considerável de postura de extrema direita e esquerda. O senhor acredita que essa po­larização vai continuar nas eleições?

Com certeza. O que estamos vendo é uma polarização entre o capital e o trabalho. Por um lado, o que que ocorre, os grandes empre­sários das grandes multinacionais, para po­derem recuperar lucros que foram perdidos com a crise de 2007, 2008, e que ainda não foi de modo algum sanado. Eles atacam com os chamados planos de austeridade, veja que na Europa, na Ásia, e aqui mesmo na América do Sul, eles aplicam as chamadas reformas tra­balhista, previdenciária, tributária, para jogar toda a conta dessa crise nas costas dos traba­lhadores. Mas por outro lado também, há uma reação dos trabalhadores, ou seja, tem corren­tes como é o caso do PT e PSOL que fazem uma leitura de que os trabalhadores estão na defensiva, mas nós acreditamos que não é des­sa forma. Acreditamos que os trabalhadores estão na ofensiva e reagindo a estes ataques, tanto é que nós tivemos ano passado, no mês de junho, praticamente uma greve geral no Brasil. Tivemos o ocupa Brasília, que só não perdurou a uma greve geral porque as maiores centrais sindicais elas recuaram e não foram a frente com esta proposta. Na Argentina, além de estarem nas ruas contra a reforma previ­denciária do Macri, também lutam contra a opressão a mulheres. E essa polarização com­bina com isso, de um lado você ver as ideias extremistas aparecerem, mas por outro lado você ver o seguinte, a população dizer que não vai mais de modo algum, querer que os cor­ruptos comandem a nossa vida. É o fora todos eles. E a eleição em Tocantins foi uma respos­ta aos políticos, 50% das pessoas não foram às urnas votar.


"O que estamos vendo é uma polarização entre o capital e o trabalho", diz Gervásio Santos (Foto: Jailson Soares/O Dia)

O PSTU é um partido pequeno, milita no espectro político de centro esquerda. Quais são os principais desafios que a sigla enfrenta para se manter viável, aumentar militância, e tentar crescer em representa­tividade política?

O partido vem há muito tempo trabalhando a questão de estar próximo ao povo oprimido, aos trabalhadores que hoje sofrem com a pre­carização do trabalho, com o operariado, e fe­lizmente agora depois de anos e anos, estamos conseguindo chegar a essa população carente. Porque nós achamos que é aí que a gente deve buscar a indignação para a gente chegar a re­volução neste país. Nós somos o único parti­do que falamos hoje de revolução socialista, e acreditamos que é necessário fazer essa re­volução socialista, porque o sistema capitalis­ta está dando prova cabal de que ele não tem soluções nenhuma para os reais problemas da população. Não só em âmbito nacional, como fundamentalmente aqui no Piauí. Hoje vemos

 que está se alastrando no Piauí a questão de matança de mulheres, o feminicídio, isso é fruto da crise do capitalismo somado. Isso é a crise que temos no capitalismo, somado a fa­lência dos órgãos de segurança pública. Nós achamos que é preciso uma rebelião da nação a todos esses fatos.

Como é que o partido avalia a cláusula de barreira, que começa a valer nestas eleições e como o PSTU se prepara para isso?

Nós avaliamos com bastante criticidade. Porque isso foi aprovado para tirar os partidos ideológicos do cenário político eleitoral bra­sileiro. Por quê? Hoje você tem “N” partidos que são siglas de aluguel, é o caso do PRTB, Solidariedade, pequenos partidos tradicional­mente da direita, mas que não sofreram com essa barreira. Quem sofre com ela são os parti­dos chamados ideológicos, é o PSTU, o PSOL, o PCO, o PCB. Esses partidos que debatem a política verdadeiramente com os trabalhado­res que sofrem a exclusão.

O PSTU é um dos poucos partidos que não aderiu a defesa política do ex-presidente Lula. Foi uma decisão partidária? Em que ela se baseou?

Para nós foi uma decisão mais do que corre­ta. Pra nós todos os corruptos, seja quem for, eles tem que tá na cadeia. O Lula não foi preso hoje porque ele liderava uma greve, como foi na década de 70. E nem porque se indignou contra o sistema capitalista atual, o Lula está preso porque foi pego envolvido em escânda­los de corrupção, respondendo processos na Justiça, condenado como foi Eduardo Cunha, Sergio Cabral.

Como o PSTU avalia a condução do gover­no do Estado pelo governador Wellington Dias e o cenário pré-eleitoral no Piauí?

Os próprios números de dados econômicos e sociais se voltam contra o governo. Temos hoje quase 200 mil desempregados no Estado. O setor de construção civil foi o mais prejudi­cado, há três anos tínhamos 40 mil trabalha­dores formais no setor no Piauí, hoje temos a metade, que é 20 mil trabalhadores. Temos problemas de habitação, que estão crescendo, hoje temos 120 ocupações só em Teresina, isso tende a galvanizar um cadeirão de revoltas e indignação. Neste sentido, o governo petis­ta expirou e não tem mais o que fazer para os trabalhadores, aos pobres, que são maioria da população piauiense.

E em relação ao cenário político estadual, como o PSTU avalia os principais nomes da oposição para disputar o governo do Esta­do?

Não há novidades neste sentido. Tem o candidato tucano, que é Luciano Nunes, é um filhote do PSDOB de Teresina, e nós sa­bemos que a gestão da capital não tem muito o que mostrar de positivo, tendo em vista que Teresina sofre com desemprego, com preca­rização do trabalho para servidores públicos, tem o problema das ocupações em situação irregular, um avanço muito grande da insegu­rança, um sistema de transporte público de­fasado e que na nossa avaliação não atende o anseio da sociedade. Os demais pré-candida­tos que se apresentaram também não repre­sentam o desejo dos trabalhadores, o Elmano é ligado a um grande grupo econômico.

E qual projeto de Piauí o PSTU pretende apresentar no processo eleitoral?

Em primeiro lugar, para que a gente possa solucionar essa crise do capitalismo temos que tratar do pagamento da dívida interna e externa, a famosa dívida pública. Nós temos que parar de pagar essa dívida, romper com ela porque a cada ano, nós jogamos para ban­queiros internacionais, para os países lá fora, nada mais nada menos bilhões de dólares que vão pra fora. E esse dinheiro deve ficar aqui, para que a gente possa investir na saúde, se­gurança, reforma urbana, regularizando as ocupações, dar emprego a população, melho­ra na vida do povo. A outra questão é tocar nos grandes devedores que temos no Piauí. Nós temos uma lista extensa de grandes em­presas que devem bilhões ao governo do Es­tado e a Prefeitura. Essas empresas são into­cáveis, na nossa visão devemos tratar desse assunto, eles devem pagar e o dinheiro tem que ser investido no setor social, educação, malha rodoviária, ferroviária, no metrô. Não temos porque justamente se aposta na malha rodoviária.

Por: João Magalhães - Jornal O Dia
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