Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser um conceito futurista para se tornar uma realidade presente no cotidiano das pessoas. De assistentes virtuais como a Google Assistente e o ChatGPT a sistemas de recomendação e até diagnósticos médicos mais precisos, a IA está transformando rapidamente a maneira como interagimos com o mundo e com a tecnologia. Porém, não são apenas os cidadãos que estão fazendo uso de IA. Os criminosos também.

Em entrevista ao programa Comando Geral, da FM O Dia e O Dia TV, o delegado Humberto Mácola, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) afirmou que tecnologias de simulação de voz e imagem pessoal tem sido utilizadas para enganar vítimas, a fim de extorsão. “A inteligência artificial é uma realidade. E hoje já existem criminosos utilizando recursos de simulação de voz - a deep fake, por exemplo -, a colocação de uma face transmutada para outra pessoa, justamente para ludibriar a vítima”, disse o delegado. 

Assis Fernandes/O Dia

Delegado Humberto Mácola, coordenador da DRCI

Já há casos no Brasil de uso da simuladores de voz sendo usados para a prática do crime de extorsão. Criminosos utilizam um áudio real, e por meio de IA, as frequências sonoras, o tom e as características de voz desta pessoa são copiados para a criação de um "áudio fake", onde criminosos se passam pela pessoa para pedirem dinheiro por meio de PIX aos parentes. O delegado alerta que com o avanço da IA, os recursos tendem a se tornar cada vez mais sofisticados e mais difíceis de serem percebidos pelo cidadão comum.

Dicas para evitar cair em golpes digitais:

O delegado Humberto Mácola que para evitar cair neste tipo de golpe, a população deve estar atenta a um ponto: em crimes deste tipo, a finalidade sempre será a extorsão de dinheiro da vítima. “Existe um ponto que o criminoso sempre vai querer. Ele sempre vai querer o dinheiro! E esse dinheiro sempre tem que chegar na mão dele, por algum meio. É nesse momento que você precisa tomar cuidado. Se você recebe uma ligação ou uma mensagem de voz de um parente, ou de uma voz que parece muito com o seu parente, que está sendo transmutada pela inteligência artificial, ele com certeza vai pedir um valor, um PIX para uma terceira pessoa e não para o próprio parente”, alerta.

Tânia Rego/ Agência Brasil

Criminosos já utilizam IA para cometer crimes digitais, alerta delegado

O delegado segue com as orientações para evitar golpes: “então, exija que essa transferência seja feita para o parente. Diga: ‘olha, eu só vou transferir o PIX se for para você (parente verdadeiro). Você não é meu irmão? Você não é meu parente? Eu tenho aqui o seu PIX, eu tenho aqui sua conta! Eu só vou transferir para você no seu nome, nada de transferir para um terceiro’. Essa é uma dica valiosa, para que você evite cair nesse tipo de golpe”, concluiu.