O Dia Nacional do Samba é comemorado neste sábado, 02 de dezembro, e celebra um dos ritmos musicais mais apreciados do Brasil. A data é homenageia um dos maiores nomes da música brasileira, o sambista de Minas Gerais, Ary Barroso. No final da década de 1930, o sambista compôs “Na Baixa do Sapateiro", canção que expressava todo o seu amor pelo estado da Bahia. No Piauí, o ritmo não é tão tradicional como em outros estados, mas também tem nomes importantes. Músicos que se dedicam ao estilo e lutam para manter o samba piauiense vivo.
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Músico profissional, idealizador e organizador do movimento cultural Piauí Samba, Robert Gleydson conta um pouco da história do samba no Estado e como o ritmo tem conquistado o gosto dos piauienses. Para ele, o samba é uma das maiores e melhores invenções da humanidade.
O samba chegou ao Piauí em meados de 1960 e as rodas de samba costumavam acontecer à noite, após o expediente. Malucos por Sambas e Sambão foram as primeiras escolas de samba do Estado e também ajudaram a valorizar o ritmo. Vários sambistas e grupos se destacam desde então, como Tonhão, mestre Peinha, Raça Brasileira e Mano Messias
Durante o ano, o movimento cultural Piauí Samba tenta realizar eventos que levem o samba à população, como no Dia do Piauí e no Aniversário de Teresina. O movimento também realizou o I Workshop de Samba no Pé, com a presença da passista do Salgueiro, Luara Bombom.
Além disso, os sambistas estão sempre fazendo parcerias com grandes nomes da música nacional. Robert Gleydson destaca ainda a importância da valorização dos compositores e intérpretes locais.
“Nós do movimento cultural Piauí Samba tivemos a oportunidade de gravar um samba enredo com os intérpretes do Salgueiro, da Mangueira. Nossos músicos não deixam nada a desejar, por isso temos que divulgar e promover mais o autoral. A nossa bandeira é promover as nossas músicas autorais e grupos de samba. Temos que valorizar o que é nosso, tanto que já gravamos dois DVDs no Teatro 4 de Setembro, com participação da Soraia Castelo Branco, da Luana Campos e tantos outros”, disse.
Em Teresina, é muito comum encontrar bares, restaurantes e casas de show com apresentações de samba e pagode. Segundo Robert Gleydson, o estilo está atraindo cada vez mais público e também proporcionando parcerias entre os artistas.
“Tem samba e pagode de segunda a segunda, não só de samba, mas de pagode. Costuma ocorrer rodas de samba em bares, casas de show, eventos culturais e corporativos. Temos grandes grupos, como o Batuque Piauí Samba, juntamente com o 100% Só Para Sambar, Doce Ilusão e tantas outras. Teresina está bem assistida e abraçou o samba”, argumentou.
Fim das escolas de samba deixa uma lacuna nos músicos
Teresina está há uma década sem os desfiles das escolas de samba, que ocorria na Avenida Marechal Castelo Branco. Robert Gleydson lembra que o desfile iniciou na Avenida Frei Serafim e foi posteriormente transferido para a Marechal. Após muita polêmica e sem incentivo financeiro por parte do poder público, o tradicional desfile saiu do calendário oficial e desde então nunca mais foi realizado.
“Os sambistas estão carentes, querem voltar para as escolas de samba, com a Ziriguidum, Brasa Samba, Skindô, Sambão e Mocidade Alegre do Parque Piauí. Ficou uma lacuna. O que acontece hoje no carnaval de Teresina é a ascensão dos blocos carnavalescos, como o Pinto da Morada, o Vaca Atolada, o Piauí Samba e outros. Infelizmente não tem mais as escolas de samba, mas esperamos que possam voltar com toda sua pujança e organização. O que está faltando agora é material humano”, pontua o organizador do movimento cultural Piauí Samba.
É no carnaval nos bairros que os grupos de samba tem mostrado seu trabalho. Os tradicionais blocos carnavalescos vão às ruas e arrastam multidões e animam públicos de todas as idades.
“Buscamos mais apoio da iniciativa pública para fazer eventos para a população nos bairros. Aguardamos que tenha um belo carnaval de blocos, que possa fomentar tanto os grupos de samba, pagode, agremiações e grupos carnavalescos, como a população. O carnaval de Teresina gera renda para as pessoas que mais precisam, como os barraqueiros, quem vende arrumadinho”, cita.
Sambista Sangue Bom
Uma das ações que o movimento cultural Piauí Samba desenvolve é o Sambista Sangue Bom, que incentiva a doação de sangue. Há 12 anos, o projeto convida músicos e a população que admira o estilo musical para se dirigir até o Hemopi e participar desta ação que salva vidas.
“O Piauí Samba tem dado visibilidade, durante todo o ano, aos projetos sociais, como o Sambista Sangue Bom, que incentiva a doação de sangue no mês de dezembro, quando é celebrado o dia do samba. A ação se estende também para fevereiro, quando ocorre o carnaval. É uma campanha realizada em parceria com o Hemopi e conta com a presença dos amantes da arte e do samba, que atendem nosso chamado e vão lá fazer essa ação. No ano passado, o dia do samba foi celebrado na sexta-feira e muitos artistas foram lá doar sangue”, concluiu o organizador do movimento cultural Piauí Samba, Robert Gleydson.