Após quase 100 anos de construção, a Estação Ferroviária de Teresina, localizada na Avenida Miguel Rosa, Centro, está em processo de revitalização pela primeira vez. Inaugurada em 1926, o empreendimento é considerado uma das estações mais expressivas do país, uma vez que possibilitou o desenvolvimento econômico do Piauí. Entretanto, a reforma que promete “reavivar” os seus traços quase que seculares está passando por algumas dificuldades: a de sofrer com constantes pichações.
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Conforme apurado pelo O Dia, o local já foi alvo de vândalos por pelo menos duas vezes. Em razão da reforma, o local havia sido pintado uma vez, mas foi pichado por criminosos. Voltou a ser revitalizado, mas novamente os suspeitos voltaram a fazer diversas pichações no prédio.
A obra de revitalização foi iniciada no primeiro semestre de 2023, objetivando a proteção integral e a preservação de seus elementos e características originais, para manutenção de sua identidade e história para as presentes e futuras gerações.
A reforma da Estação Ferroviária de Teresina possibilitará um maior fluxo de pessoas na região, fomentando o comércio e o turismo local. Em contraponto a essa projeção de melhoras, não somente para o próprio prédio em si, comerciantes da região reclamam que o local está sendo pichado constante.
A auxiliar administrativo Neuza Costa, que trabalha em uma funerária na frente da estação há 13 anos, argumenta que a situação é um desrespeito, principalmente com os trabalhadores que estão atuando no local.
“Eu acho isso um descaso. Isso é um absurdo essa situação toda. Tem um trabalho imenso de estarem organizando, fazendo essa reforma toda e vem eles [os pichadores] fazerem isso. Tem que ter mais vigilância aqui e atenção a tudo isso”, explica.
A Estação Ferroviária de Teresina teve o processo de revitalização iniciada por estar sofrendo sérios problemas de infiltração e outros percalços. Antes disso, a empresa contratada para fazer o processo de revitalização teve que pedir autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois, em 2013, o prédio foi tombado e não poderia sofrer com nenhuma intervenção sem a devida autorização.
Ana Lúcia do Nascimento, comerciante há 30 anos nas proximidades da estação, está revoltada com a situação. Para ela, o trabalho de revitalização, especialmente o da pintura, está sendo em vão. Ela pede as autoridades que os culpados pelo vandalismo sejam culpados pelos seus atos.
Além da restauração, a estrutura passará a abrigar a sede da Superintendência do Iphan no Piauí e terá um espaço reservado para exposições de artefatos e pesquisas arqueológicas desenvolvidas no Parque Nacional da Serra da Capivara. O investimento, de aproximadamente R$ 11 milhões, é resultado de uma assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), após uma empresa de distribuição de energia danificar sítios arqueológicos no estado.
Turismo prejudicado
A revitalização da Estação Ferroviária de Teresina possibilitará um fomento ao turismo local. A vendedora ambulante Thyely de Jesus, diz que está nas proximidades da estação há cerca de um ano. De lá para cá, ela argumenta que já ouviu muitas reclamações dos seus clientes sobre as pichações.
“Eu não acho isso certo. É uma falta de respeito, tanto para as pessoas que veem a estação como os que trabalham perto. Eu não concordo com isso [as pichações]. Deve ser feita uma lei para isso. Se pegarem pichando tem que ir preso ou fazer alguma coisa, pois isso é horrível”, relata.
Ainda segundo a comerciante, as rotineiras pichações poderão prejudicar, de alguma forma, a conclusão da obra em si e até mesmo na atração de novos turistas ao prédio.
“Não isso legal, principalmente quem vem ao meu estabelecimento e ver isso. A pessoa que não é daqui e olhar não vai ser bom. Vão achar muito feito isso. As pessoas vão olhar com outros olhos e ver tudo bagunçado”, ressalta.
Segundo o Artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9605/98, pichar ou poluir uma edificação ou monumento urbano pode levar a detenção de três meses a um ano, além de multa. Se o ato for realizado em monumento ou item tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção e multa.
Outro lado
A reportagem do O Dia entrou em contato com a Superintendência do Iphan no Piauí e com a Companhia Metropolitana de Transporte Publico, mas até a publicação desta matéria não havíamos obtido retorno. O espaço segue aberto para esclarecimento.
Construção do prédio
A construção do edifício começou em 1922. Em estilo eclético, é ornamentado em madeira lavrada. O telhado de duas águas é coberto com telhas do tipo Marselha. A fachada exibe o ano da inauguração (1926) e o nome da cidade, que na época era grafado “Theresina”. O conjunto ajuda a compreender como foi estruturada a urbanização da cidade.
O conjunto da Estação de Teresina caracteriza-se como um dos mais expressivos espaços ferroviários do estado e do Brasil, compreendia uma grande área livre onde eram realizadas manobras e a circulação dos trens; a estação de embarque e desembarque; dois armazéns para estocagem de mercadorias; a casa do agente; dormitório, e; antiga serraria. Hoje foi incorporado ao parque da cidadania em uma parte do local, preservando as construções.
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