Quem nunca ouviu a frase “não leve os problemas de casa para o trabalho”? Por mais clichê que a sentença possa parecer, ela deve ser levada em conta quando se trata de alavancar a produtividade no serviço. Equipes emocionalmente ágeis, ou seja, que conseguem gerir suas emoções e, assim, melhorar suas relações no trabalho (com outras equipes e com seus líderes), apresentam resultados melhores.
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Foi este o tema da palestra ministrada pelo psicólogo Ricardo Chaves no X Congresso de Gestão de Pessoas que aconteceu em Teresina nos dias 23 e 24 de novembro. O evento foi uma iniciativa da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional Piauí (ABRH).
Ricardo Chaves participou do podcast apresentado pelo vice-presidente da ABRH, Benigno Soares, e explicou um pouco do que é essa agilidade emocional que se demanda das equipes no ambiente do trabalho. Segundo ele, toda gestão interna possui personagens como vilões sofredores e heróis. Ele explica aos líderes como entender suas equipes emocionalmente.
Confira a entrevista na íntegra no vídeo abaixo:
“Essa estrutura vem do conceito que é chamado Triângulo de Karpman. É um conceito onde se coloca esses papéis em que a gente atua muitas vezes como um vilão, onde deixamos as sensações mais primitivas de agressividade sair nos nossos relacionamentos; a vítima, quando a gente permite se colocar num lugar de sofrimento para ter algum tipo de ganho e manipular as pessoas; e o herói, quando a gente se posiciona como uma pessoa que vai ajudar muitas outras mas não porque amamos, e sim porque geramos uma dívida com essas pessoas que vão ter pagar quando a gente precisar,” explica Ricardo.
Saber gerenciar estas emoções, segundo Ricardo, leva à maturidade emocional. É esse o grande desafio de todas as relações humanas, sejam elas em que nível for: entre cônjuges, pais e filhos, equipes em um ambiente de trabalho e lideranças e suas equipes. Ricardo explica que alcançar essa maturidade emocional é ainda mais difícil porque há certos sentimentos e sensações humanas que a nossa língua não consegue definir. Como gerenciar algo para o qual não temos nem um nome?
“A gente confunde muito as emoções. A gente acha que é raiva e não é. Confunde tristeza com depressão ou outras coisas que a gente vai nomeando. Quando tomamos consciência dos papéis que habitam na gente, a gente tem a oportunidade de alavancar o desenvolvimento da maturidade emocional. Não apenas a inteligência emocional de saber como você tem que se porta, mas de conseguir entender que somos limitados, somos pessoas que temos tristeza, mágoa que guardamos rancor, que temos alegria, entusiasmo e tudo isso influencia a nossa entrega no trabalho”, afirma Ricardo.
Em seu livro “Liderança no Divã”, o psicólogo faz uma análise humanizada sobre o desafio de liderar e apresenta esse conceito aplicado à gestão de pessoas, líderes e equipes. Com a leitura é possível entender um pouco sobre comportamento humano e o que determina esse comportamento, entender as competências essenciais para qualquer líder em qualquer contexto e conhecer um pouco sobre um dos principais problemas do âmbito profissional na atualidade: as psicopatologias relacionadas à liderança e à equipe.
São elas o Burnout, a depressão, a ansiedade e os pensamentos autodestrutivos. Ricardo lembra que a vida é um “eterno relacionar-se” e que as pessoas precisam investir em ampliar a maturidade emocional para que a vida traga mais felicidade e leveza. “Vamos experimentar essa jornada chamada vida de uma maneira que faça sentido para nós. Eu digo que trabalho e profissão são projetos de vida e não sentenças de morte. Significa que precisamos nos permitir e mudar quando for necessário para continuar crescendo, conquistando e avançando, criando a vida que a gente quer experimentar”, finaliza Ricardo.