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Ítallo Bruno pode receber perdão judicial e voltar a fazer rifas

Instagram será devolvido ao influencer com todos os seus seguidores após acordo de colaboração premiada.

23/01/2024 às 09h55

23/01/2024 às 09h59

O influencer teresinense Itallo Bruno, que foi preso por exploração de jogo de azar e lavagem de dinheiro, poderá receber perdão judicial e ser absolvido de todas as acusações. É isso que está previsto no acordo de colaboração premiada fechado entre ele e a Polícia Civil no âmbito da Operação Jogo Sujo. Com o acordo, Itallo Bruno poderá ainda retornar às redes sociais, recuperar seu Instagram com todos os seguidores e inclusive receber autorização para continuar fazendo rifas.

A informação foi confirmada pelo representante jurídico do influencer e de sua família, o advogado Lucas Villa. Todos os termos, segundo Villa, estão elencados no acordo de colaboração assinado por Itallo para fornecer informações que nortearam a polícia e poderão basear novas investigações sobre a exploração de jogos de azar no Piauí.

A colaboração premiada é o instituto legal previsto em lei (nº 12.850/2013), que diz que o colaborador (investigado) deve narrar todos os fatos ilícitos que cometeu e que tenham relação direta com os fatos investigados. As informações prestadas na colaboração premiada ajudar a polícia a identificar demais coautores dos delitos, a revelar a estrutura da organização criminosa, a prevenir novos crimes e a recuperar total ou parcialmente os prejuízos causados à sociedade.

No acordo firmado entre Itallo Bruno, a Polícia Civil e o Judiciário, um dos pontos destacados é que o influencer não irá mais responder a uma ação penal. Ou não será oferecida nenhuma denúncia ou será aplicado o perdão judicial, ou seja, a extinção da punibilidade. Isso, segundo o advogado de Itallo, implica em sua absolvição no processo. O termo também prevê algumas contrapartidas por parte do influencer.

“Colaboramos com as investigações e com elementos necessários para que a polícia avance no esclarecimento de outras práticas delituosas que ocorrem no Piauí. O Ítalo vai poder voltar às suas redes sociais, o Instagram será restituído a ele com todos os seus seguidores e inclusive com a autorização para que ele volte a fazer suas rifas desde que tenha autorização das autoridades competentes. Se regularizando, ele vai poder voltar às suas redes e voltar a fazer seus jogos de azar”.

Lucas Villaadvogado do influencer Itallo Bruno
Lucas Villa é advogado de Itallo Bruno - (Arquivo O Dia) Arquivo O Dia
Lucas Villa é advogado de Itallo Bruno

O advogado frisou ainda que no decorrer da investigação, ficou esclarecido que Itallo Bruno não tem qualquer envolvimento com facção criminosa e que todo o dinheiro movimentado por ele era obtido com a exploração das rifas. Ou seja, não havia dinheiro advindo do tráfico, como foi-se ventilado no começo do inquérito.

As investigações que culminaram na prisão do influencer, de seus familiares e amigos começou em agosto de 2023 e durou cerca de seis meses nos quais a polícia monitorou as movimentações bancárias e encontrou uma série de irregularidades. Segundo apontou o delegado Alisson Macedo, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), o influencer teria movimentado cerca de R$ 3 milhões em contas bancárias nos últimos dois anos. Ele responde também pelo crime de ocultação de patrimônio.

Itallo Bruno foi preso por exploração ilegal de jogos de azar - (Reprodução/Instagram) Reprodução/Instagram
Itallo Bruno foi preso por exploração ilegal de jogos de azar

Apesar disso, a defesa de Itallo esclareceu que ele não possui nenhuma pendência junto à Receita Federal e que estava com todos os seus tributos em dia. “O Ítallo tinha uma assessoria contábil um tanto amadora e agora está trabalhando com assessoria profissionalizada para que tudo seja regularmente feito e adequado em relação aos tributos. Mas ele tinha essa preocupação de arcar com os impostos necessários. Esse não é nem o objeto do acordo”, pontuou Lucas Villa.

Dos 13 alvos da Operação Jogo Sujo, cinco fizeram o acordo de colaboração premiada, dentre eles a ex-namorada e o pai de Ítallo, além do próprio influencer. Este acordo será apreciado pelo Ministério Público e o Judiciário e pode resultar no perdão judicial ou não oferecimento da denúncia. Em relação aos demais investigados, prossegue a apreciação do indiciamento e eles podem ser denunciados por explorar jogos de azar, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Os bens angariados por Ítallo com as contravenções praticadas serão leiloados e todo o valor arrecadado será revertido para a própria Secretaria de Segurança Pública e projetos em prol da defesa da Pessoa com Autismo e da população em situação de vulnerabilidade social.

Bens do influencer serão leiloados - (Reprodução/Instagram) Reprodução/Instagram
Bens do influencer serão leiloados

“Colaboração premiada não é aval para o crime, mas uma regularização”, diz delegado

Coordenador da DRCI, o delegado Humberto Macola rebateu as alegações de que a devolução das redes sociais a Itallo signifique que o trabalho da polícia não deu um resultado efetivo. Macola explicou que a natureza da colaboração premiada firmada por ele é regularizadora e não um aval para o crime e que o influencer se comprometeu a agir dentro da lei a partir de agora.

“O instituto da colaboração premiada é legal e bastante utilizado no avanço da investigação e para a sociedade. É para que a sociedade possa ter noção do que está acontecendo. Nesse caso, não será um aval, será uma regularização, uma advertência. Inclusive com a replicação para as demais pessoas que tinham o Itallo Bruno como referência. Elas devem entender que a contravenção penal, a lavagem de dinheiro, a organização criminosa não se sustenta. E ele retornando regularizado estimulará a regularização de outras pessoas”.

Delegado Humberto Macolacoordenador da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática

Também titular da DRCI, o delegado Alisson Macedo, que presidiu o inquérito, disse que já enviou ao Ministério Público no final de semana o relatório da investigação com todas as provas colhidas e os termos da colaboração premiada firmada por cinco dos 13 alvos da ação.