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Pai e avós de bebê supostamente morto em ritual vão a júri popular; defesa vai recorrer

Em entrevista ao PortalODia.com, o advogado criminalista Smailly Carvalho, disse que irá recorrer da decisão.

19/07/2023 às 11h38

28/09/2023 às 18h01

Após decisão da Justiça do Piauí, pai e avós paternos do bebê Wesley Carvalho Ferreira, desaparecido desde dezembro de 2021, irão a júri popular. A decisão se deu em sentença de pronúncia, ocorrida na última semana. A mãe de Wesley, Ângela Valéria Ferreira Ferro, recentemente foi absolvida de todas as acusações.

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Em entrevista ao PortalODia.com, o advogado criminalista Smailly Carvalho, responsável pela defesa da família, disse que irá recorrer da decisão. Ele explica que não há indícios legais que baseiam uma configuração de homicídio da vítima.

Bebê Wesley Carvalho - (Reprodução/Redes Sociais) Reprodução/Redes Sociais
Bebê Wesley Carvalho

“A gente não concorda com a decisão de levá-los a júri popular. O crime de homicídio é inexistente. Não existem indícios de que a criança tenha sido assassinada. A criança está desaparecida. Não há provas legais que afirmem que a criança morreu”, disse o advogado.

Smailly Carvalho afirmou ao O Dia que o caso foi tratado como “midiatização” para propagação de fatos, segundo ele, inverídicos.

“Houve uma midiatização do processo. Desde o início do caso eu falo isso, tanto eu como minha sócia, que minha parceira na defesa. Eles (os pais) estão sendo acusados praticamente pela mídia. Conseguimos a liberdade deles, que pela sociedade seria algo impossível. O caso não teve outras linhas de investigações’, relatou.

Sequestro e ritual macabro

À época, familiares do bebê Wesley Carvalho informaram à polícia que a criança havia sido sequestrada. Questionado sobre a alegação da família, o advogado disse que a informação não foi levada em consideração.

“A suposição de sequestro não foi investigada. Isso foi jogado na mídia, inclusive foi provado em audiência. Uma suposta adoção à uma brasileira também não foi investigada. O caso se baseou apenas num suposto homicídio, que ao nosso ver é inexistente. Tanto é que a mãe foi absolvida”, ressaltou Smailly Carvalho.

Em entrevista ao O Dia, o delegado-geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keiko, afirmou que ngela Valéria confessou que o filho havia sido morto após um jejum de duas semanas em um ritual. Segundo o depoimento, após a morte do bebê, a família resolveu cremar o corpo.

Smailly Carvalho refutou o depoimento da cliente, destacando que não houveram indícios que comprovassem a realização do ritual.

“O ritual foi algo fantasioso. Uma caieira não tem capacidade de queimar uma pessoa ou o que quer que seja. No mínimo aquilo teria indícios. Não encontraram nenhum indício de restos humanos. Se tivesse acontecido iria ter provas, o que não foi encontrado. Prenderam uma família inteira e jogaram na mídia um homicídio inexistente”, disse o advogado.

Smailly Carvalho destacou que a defesa vai recorrer da sentença de pronúncia do pai e avós paternos do bebê Wesley, objetivando a absolvição sumária de todos os acusados do suposto crime.

Entenda o caso

Segundo o relato de familiares, o pequeno Wesley Carvalho Ferreira, de um ano e nove meses, teria sido sequestrado por dois homens armados e encapuzados na Praça da Bandeira, em Teresina, no dia 29 de dezembro de 2021. No entanto, o Boletim de Ocorrência só foi registrado pela família mais de um mês depois do suposto fato.

Em entrevista ao Portalodia.com, a tia da criança relatou que a mãe, ngela Valéria Ferreira Ferro, estava bastante abalada e que o restante da família não sabia que Wesley estava desaparecido.

O caso foi, então, repassado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima (DPCA), que abriu inquérito para apurar o desaparecimento e suposto sequestro de Wesley.

Com edição de Nathalia Amaral.

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