Terminado o seu contrato com o Paris Saint-Germain (FRA), Daniel Alves, 36, tinha algumas alternativas na mesa para permanecer na Europa. Uma delas era a Juventus (ITA), equipe que o baiano já defendera e que oferecia um ano de compromisso. O São Paulo, então, apareceu acenando com proposta válida por três anos e meio.
Se Daniel manterá a eficiência até dezembro de 2022 é uma questão com a qual o clube vai se preocupar depois. Agora, os dirigentes celebram ter feito o que era necessário para ter o jogador no futebol brasileiro, repetindo um padrão que vem sendo observado nesse tipo de situação.
O Palmeiras, por exemplo, deu quatro anos de contrato ao volante Ramires, 32, de volta ao Brasil após uma década. Os laterais Rafinha e Filipe Luís, que acabam de chegar respectivamente da Alemanha e da Espanha, também estarão na casa dos 36 anos ao término dos compromissos que firmaram com o Flamengo.
Essa tem sido a solução na difícil tarefa de competir por jogadores com propostas de mercados mais fortes. Os clubes europeus podem oferecer salários maiores por veteranos, mas dificilmente se comprometem por longo prazo com atletas que já avançam na casa dos 30 anos e se aproximam do final da carreira.
O próprio Daniel Alves não teve à disposição contratos mais extensos desde que deixou o Barcelona, sua equipe entre 2008 e 2016. Ele assinou por um ano com a Juventus, em 2016, e por dois anos, em 2017, com o PSG. Quando já parecia improvável manter a escala progressiva, encontrou o São Paulo, seu time do coração.
O clube do Morumbi usou essa afeição a seu favor. E, além do acordo longo, deu um jeito de oferecer ao lateral um salário bem acima de seus padrões, na casa de R$ 1,4 milhão. A esse valor mensal ainda podem ser acrescidos bônus com gatilhos como conquistas de títulos e prêmios individuais.
Mesmo com duração maior, as propostas precisam ser açucaradas com vencimentos que as agremiações brasileiras não estão acostumadas a pagar. Por Daniel, o São Paulo alinhavou acordos com parceiros comerciais que bancarão R$ 600 mil por mês. Já o Palmeiras, que entregará R$ 1 milhão por mês a Ramires, vive fase de bonança com o aporte da patrocinadora Crefisa.
Paolo Guerrero tinha 34 anos e cumpria suspensão por doping quando assinou por três temporadas com o Internacional, em 2018. O centroavante só pôde estrear em abril de 2019, mas marcou 11 gols em suas 17 primeiras partidas.
"Um atleta extraclasse, que se cuida fora de campo, que tem um biótipo privilegiado, tem longevidade, e não só no futebol. Você vê o Roger Federer [37] dando show com mais de 36, o Kelly Slater [surfista, 47] com mais de 40, o Tom Brady [42] é um exemplo no futebol americano. O importante é que tenha qualidade, e o Guerrero tem isso", disse o presidente do Inter, Marcelo Medeiros, à ESPN Brasil.
O cartola citou o próprio Daniel Alves, destaque da seleção na Copa América, como alguém que se enquadra nesse perfil. Se o jogador entrega um bom desempenho dentro de campo, para o Internacional e para outros clubes brasileiros que têm feito aposta semelhante, vale o investimento. O depois fica para depois.
Fonte: Folhapress