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Parto humanizado: saiba como funciona e quais os benefícios

Essa modalidade de parto contempla não somente o local que o bebê nasce, mas também o acolhimento que mãe e bebê recebem antes, durante e depois do parto.

14/04/2025 às 18h14

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Quando se fala em parto humanizado, é comum vir à mente a ideia da mãe dando à luz ao filho em sua resiliência ou até mesmo dentro de uma banheira. Porém, seu conceito é bastante amplo e vai além da parte física. Essa modalidade de parto contempla não somente o local que o bebê nasce, mas também o acolhimento que mãe e bebê recebem antes, durante e depois do parto. Nesse processo, ainda que natural, é essencial ter a presença do obstetra.

Segundo a ginecologista e obstetra Anna Catharina Feitosa Couto, existe um erro de conceito ao se falar sobre parto humanizado. De acordo com ela, esse termo costuma ser associado a um parto com a gestante em pé ou na residência da paciente. Entretanto, além da via de parto, ele refere-se ao respeito e autonomia da mulher, sobre escolhas conscientes, baseadas em evidências e com boas orientações, ainda que seja uma cesariana.

Parto humanizado: saiba como funciona e quais os benefícios - (Arquivo O Dia) Arquivo O Dia
Parto humanizado: saiba como funciona e quais os benefícios

“Costumo dizer que o pré-natal, em si, é a profissão gestante, ou seja, é necessário estudar e tirar o máximo de dúvidas, participando de forma ativa, realizando atividade física, se alimentando bem, fazendo os exames necessários, pois é isso que faz a jornada do processo do parto acontecer de forma segura”, comenta.

Durante o parto, a mulher tem total autonomia para vivenciar esse momento, criando ainda mais conexão com seu filho. No parto humanizado, a gestante é acompanhada por uma equipe multiprofissional composta pelo médico obstetra, além de um enfermeiro obstetra, fisioterapeuta pélvico, doula, pediatra e anestesista, garantindo mais acolhimento, respeito e segurança para a mulher.

“O obstetra funciona como um guia. O momento do parto é como se fosse uma orquestra e o obstetra é o maestro, mas o espetáculo principal é a gestante e o nascimento do bebê. Esse protagonismo tem que vir à tona. A mulher tem que se sentir uma rainha naquele momento, respeitada e acolhida. Que as decisões discutidas ao longo do pré-natal sejam respeitadas de forma segura e consciente”, destaca a obstetra.

Obstetra Anna Catharina Feitosa Couto - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Obstetra Anna Catharina Feitosa Couto

Anna Catharina Feitosa explica ainda que o parto humanizado deve ocorrer em todas as suas modalidades, seja o parto normal, o natural, cesariano ou humanizado.

“O normal quer dizer que o nascimento é pela via vaginal, mas ele pode ter interferências médicas, uso de medicação, processo de indução ou analgesia do parto. O parto natural é aquele parto totalmente sem intervenções, com a paciente sendo respeitada e acolhida, sendo examinada e monitorizada, mas não há necessidade de interferência. Já o parto humanizado é o respeito completo nesse momento, sendo esse parto normal, natural ou cesárea. E a cesariana também pode e deve ser humanizada”, enfatiza.

O papel do obstetra, no momento do parto humanizado, está relacionado diretamente com a responsabilidade técnica, acompanhando e monitorando a gestante para que o parto transcorra da forma mais adequada, fisiológica e segura. E é esse profissional quem vai perceber, de forma rápida, se há alguma intercorrência e a melhor forma de agir.

“Não temos como prever uma intercorrência durante o parto, pois são diversas, desde a gestante evoluir para um sofrimento fetal, o bebê pode não descer de forma adequada, pode acontecer um sangramento ou uma suspeita de um descolamento prematuro de placenta durante o processo do trabalho de parto. A atuação do obstetra vai ser identificar o mais rápido possível que o parto não está transcorrendo como deveria e adotar condutas ativas para que a segurança da mãe e do bebê sejam garantidas”, disse Anna Catharina.

A participação do ginecologista e do obstetra na saúde da mulher deve ser humanizada desde antes da gestação. Para a especialista, na relação paciente-profissional, isso é feito sem julgamentos, por meio de uma escuta acolhedora, com orientações e até mesmo chamando a atenção da paciente quando necessário.

“Tudo isso vai contribuir para o cuidado da mãe e do bebê como um todo. A humanização precisa estar presente na medicina como um todo e não apenas na obstetrícia”, reforça a ginecologista e obstetra.

Uma escolha consciente

Ao descobrir que estava grávida, a advogada Marília Ramos (32) mergulhou nesse universo e começou a ler e estudar sobre os tipos de gestação e parto. Durante suas conversas com outras grávidas e mulheres que tinham parido, uma amiga comentou sobre sua experiência de ter tido bebê em casa, e a advogada passou a considerar essa possibilidade de parto.

“Procurei o mesmo obstetra dessa amiga que tinha tido o parto domiciliar — na época eu só sabia de dois obstetras em Teresina que aceitavam esse tipo de parto, em 2020.”

No dia do parto, quando começaram as contrações fortes e ritmadas, as primeiras a chegar foram as enfermeiras, acompanhando de perto a evolução e atualizando o médico, que chegou depois.

Marília Ramos comenta que, em geral, no parto domiciliar sem nenhuma intercorrência, a proposta é de que o obstetra não precise interferir. O profissional está presente no momento do parto, mas como um suporte caso a paciente necessite ser transferida para o hospital. A atuação de maior protagonismo acaba sendo das enfermeiras.

O papel do obstetra, no momento do parto , está relacionado com a responsabilidade técnica - (Hospital Sofia Feldman/Reprodução.) Hospital Sofia Feldman/Reprodução.
O papel do obstetra, no momento do parto , está relacionado com a responsabilidade técnica

“Foi um parto saudável, tranquilo e sem intercorrências. Me senti muito segura e acolhida. A equipe de enfermagem e enfermeiras obstetras ajudam muito, acompanhando e monitorando a mãe e o bebê, e elas também fazem um cuidado com o pós-parto, com visitas domiciliares. Com o obstetra, a visita foi após um mês, na própria clínica”, relata.

A advogada disse que o parto humanizado foi sua melhor decisão, não somente por estar em sua residência e sentir-se segura, mas por criar uma conexão mais intensa entre mãe, filho e esposo nesse momento ímpar.

Ter suas decisões atendidas fez com que ela se sentisse confortável e o parto ocorresse sem intercorrências, especialmente por saber que estava sendo bem assistida por diversos profissionais.

“Minhas decisões foram respeitadas, mas se algo acontecesse, claro que eles iriam intervir da forma mais prudente. Estávamos todos seguros do que queríamos e das nossas possibilidades. Foi uma experiência única e extremamente enriquecedora para mim, para o meu companheiro, que estava participando, e para o nosso filho."

"Estar em casa fez toda a diferença, tanto no sentido de me sentir segura e confortável, quanto de não precisar ficar internada. O parto humanizado também pode ser uma cesariana, no qual a mãe consegue ver o nascimento, e a mãe e o bebê são as pessoas principais desse processo."

"É preciso que não sejam feitas interferências e que ocorra da forma mais natural possível e, se houver necessidade de intervir, que seja de maneira responsável”, conclui a advogada Marília Ramos.


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