Em todo o mundo, mais de 700 milhões de pessoas sofrem com a fome, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, há 20 milhões em situação de insegurança alimentar, privados de acesso constante e confiável à alimentação.
O desperdício de alimentos é um dos fatores que contribuem para o agravamento da fome. Anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas no mundo, e o Brasil figura entre os países com maior índice de desperdício alimentar.
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Mas afinal, como esse problema pode ser remediado? A resposta está no uso da tecnologia. No Piauí, uma solução inovadora foi criada para aproveitar ao máximo os recursos alimentares disponíveis. Desenvolvida pelo Núcleo de Estudos, Pesquisa e Processamento de Alimentos (NUEPPA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a máquina chamada “despolpadeira” é parte de um esforço para combater o desperdício de alimentos e promover a segurança alimentar. A tecnologia é utilizada para o despolpamento de peixes.
“Nós percebemos o grande desperdício nos mercados de peixes da capital e do estado. Então, essa tecnologia foi desenvolvida para aproveitar a carne quando se transforma o peixe em filé. Fizemos um projeto e foi aprovado, a partir daí desenvolvemos a máquina e temos tido um bom resultado”, explica a coordenadora da NUEPPA, professora Christina Muratori.
A despolpadeira utiliza a técnica de amassamento para a filetagem de peixes e aproveita o que seria desperdiçado para a fabricação de outros alimentos. Assim, o que seria jogado fora pode ser reaproveitado de diversas formas.
Outro projeto desenvolvido no Piauí é chamado de “EcoDry”, uma tecnologia sustentável projetada para processar alimentos de forma eficiente, reduzindo o desperdício e aumentando a utilização de ingredientes em potencial. “A desidratação oferece durabilidade ao produto, e o produtor não precisa vender imediatamente”, aponta um dos idealizadores do projeto, Alexandre dos Anjos.
As máquinas ficam expostas no Núcleo de Pesquisas da UFPI. O EcoDry é movido a energia solar e processa diversos tipos de alimentos: camarão, alho-poró, maçã, macaxeira e banana são alguns dos alimentos que podem ser desidratados.
"Os métodos tradicionais de desidratação são poluentes e consomem energia elétrica. Para colocar no campo, precisam de puxar fiação, o que é complicado. Então, inovamos e desenvolvemos esses desidratadores para trabalharem exclusivamente com energia solar”, acrescenta Alexandre.
Inovação na produção de alimentos sustentáveis
As novas tecnologias também podem ser utilizadas para a produção de alimentos sustentáveis. Uma dessas abordagens é a biotecnologia, que inclui a prática da biofortificação. Este processo tem como objetivo aumentar o valor nutricional dos alimentos, tornando-os mais saudáveis e nutritivos.
"A biofortificação dos alimentos é um processo de melhoramento genético que não envolve transgênicos, mas sim a seleção entre diversas variedades, como batata-doce, milho, mandioca e feijão-caupi. Cruzam-se dois tipos diferentes: um com alto teor nutricional e outro com características desejadas pelo consumidor, como sabor e formato”, esclarece o agrônomo da Embrapa, Adão Cabral.
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Os benefícios dessa prática podem ser voltados tanto para os agricultores, que terão um produto com maior valor agregado e potencial de mercado, quanto para os consumidores, que terão acesso a alimentos mais nutritivos.
A promoção de uma alimentação mais sustentável e o combate à fome são preocupações globais e pautas incluídas nas reuniões do Grupo dos Vinte (G20), o principal fórum de cooperação econômica internacional, que se reúne anualmente em diversos países.
Composto pelas maiores economias do mundo, como a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália e Canadá, o G20 discute iniciativas econômicas, políticas e sociais, além de traçar estratégias internacionais para os problemas que afligem o mundo, como o meio ambiente e as mudanças climáticas.
Este ano, o Brasil sediará o G20, com destaque para a inclusão de cidades de todas as regiões do país, inclusive Teresina, no Piauí. Os principais temas discutidos nesta edição
serão o comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia e combate à corrupção.
Na capital do Piauí, o encontro ocorrerá entre os dias 22 e 24 de maio e vai tratar sobre o combate à fome, à pobreza e à desigualdade. A inclusão de Teresina e de outras capitais fora do eixo Sul-Sudeste representa uma inovação nesta edição do Brasil. A descentralização das atividades visa transformar o G20 em um fórum mais inclusivo e acessível, ampliando sua representatividade.
Além de Teresina, o Brasil vai receber reuniões do G20 em Brasília (DF), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Foz de Iguaçu (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA) e São Luís (MA).
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