Desde o início deste ano, a zona norte de Teresina registrou 11 mortes ligadas a organizações criminosas, conforme dados da Polícia Civil. A maioria desses crimes está interligada e faz parte de uma guerra entre facções. Somente desde o último sábado (17), seis mortes foram registradas na região.
“O que tem acontecido na nossa cidade é, de fato, uma matança envolvendo integrantes do PCC e do Bonde dos 40. As investigações já estão bastante avançadas. Ontem mesmo conseguimos fazer uma prisão importante dando uma resposta à sociedade em menos de 24h crime de homicídio”, destacou o delegado Samuel Silveira em entrevista ao O DIA.
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Além do conflito entre organizações rivais na capital, em algumas áreas do estado há uma disputa interna dentro de uma das facções, o que tem levado a uma série de homicídios. O secretário de segurança do Piauí, Chico Lucas, destaca que as autoridades têm concentrado esforços para prender os responsáveis por esses atos violentos.
“Temos dois focos de conflito entre facções criminosas. Quando paramos para observar, quase 100% das pessoas envolvidas nesse tipo de organização já foi presa ou tem algum mandado em aberto. Infelizmente, são pessoas que abraçaram o mundo do crime. Estamos buscando prender os responsáveis por esses últimos homicídios ocorridos no estado”, aponta Chico Lucas.
Esses homicídios ligados ao confronto de facções têm ocorrido, muitas vezes, em locais públicos. Isso afeta pessoas que não têm qualquer ligação com a criminalidade e aumenta o temor e a insegurança entre os moradores. Na noite de terça-feira (20), por exemplo, um homem foi assassinado a tiros em um bar localizado na região norte de Teresina. A vítima já tinha passagem na polícia por diversos crimes e sua família teria envolvimento com organizações criminosas.
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Recentemente, casos de homicídios semelhantes aos ocorridos no Piauí foram registrados em estados como Paraná, Pernambuco e Rondônia, o que evidencia o aumento preocupante da violência no país.
A guerra entre facções tem se estendido por todo o Brasil há anos. No país, há pelo menos 72 organizações criminosas atuando dentro e fora dos presídios, conforme dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais.
Uma pesquisa divulgada em 2022 revela ainda um aumento na taxa de homicídios nos estados onde há disputas pelo comércio de drogas entre as principais facções criminosas do país, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN).
O estudo, realizado pela pesquisadora da Universidade de Stanford (EUA), Stephanie Gimenez Stahlberg, destacou que a competição por rotas de tráfico de drogas tem elevado os níveis de violência a patamares alarmantes no Brasil.
Segundo a pesquisa, no período entre 2004 e 2019, a taxa de homicídios nos estados em que as três facções brigavam ficou em 41 para cada 100 mil habitantes. O PCC é apontado como a facção que mais se expandiu no país, mantendo presença em todos os estados desde 2014.