A natureza é composta por quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Cada um, com sua essência, inspira profissões dedicadas à sua preservação e cuidado. Agricultores cultivam a terra, nutrindo o ciclo da vida; pescadores navegam pelas águas, colhendo histórias e sustento; bombeiros enfrentam o fogo, protegendo vidas e lares; enquanto pilotos de aeronaves desbravam os céus. Guardiões que convivem em harmonia com esses elementos, mostrando que cada um desempenha um papel essencial no sustento e na defesa social.
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Um pequeno pedaço de terra que mudou vidas. Horticultura há 25 anos, Maria do Socorro Alves dos Santos (60) precisou aprender a plantar e cultivar para sustentar sua família. A necessidade virou paixão e, hoje, esse se tornou seu local favorito. Foi da terra que ela criou três filhos, sustenta o esposo com Alzheimer e a mãe de 95 anos. Moradora da Vila Carlos Feitosa, no São Joaquim, zona Norte de Teresina, ela viu a região crescer e é grata por tudo que construiu nesses anos de trabalho.
Um trabalho que começa cedo. Às 7h ela já está mexendo em seus canteiros, onde planta alface, cheiro verde, cebolinha e couve. Tudo precisa ser encerrado antes das 9h, não somente por conta do calor, mas porque dona Socorro precisa voltar para cuidar do esposo e da mãe. Além disso, tem um horário certo para regar a horta, caso contrário, as verduras podem ser prejudicadas pelas altas temperaturas.
“A necessidade me motivou a ser horticultora. Quando me mudei aqui para a Vila, em 1996, meu marido trabalhava como pedreiro, tínhamos três filhos pequenos e eu não tinha como sair para trabalhar e deixá-los em casa, pois na região tinham muitas bocas de fumo. Não queria deixar meus filhos sozinhos, arriscando entrar onde não deviam, então eu tinha que trazê-los para a horta. Na época, esse terreno era uma vazante e foi cedido para plantarmos milho e feijão. Era tudo mato, mas limpamos e ficamos três anos plantando, foi quando, no ano seguinte, se tornou a horta comuni tária”, relembra.
Mesmo aposentada, a paixão pela horta nunca diminuiu. Era com o pouco que arrecadava ao longo do dia que mantinha a família, e foi com esse dinheiro que ela investiu na educação e formou dois dos três filhos. O valor é pouco e mal cobre as despesas diárias, por isso Socorro vai à horta de domingo a domingo. Além das verduras, é da venda de estrume que ela consegue tirar um dinheiro extra. Mais uma responsabilidade que ela precisou assumir depois que o esposo precisou se afastar do trabalho.
“Sou aposentada, mas nunca larguei a horta porque aqui é uma fonte de renda que ajuda muito no dia a dia, pois é daqui que consigo o valor para comprar o frango, o peixe e o arroz que vamos comer hoje. Tem dias que não aparece ninguém, mas tem dias que as pessoas vêm aqui comprar um cheiro verde. Eu vendo adubo há 25 anos. Antes era meu marido, mas como ele tem Alzheimer, eu assumi essa responsabilidade, juntamente com meu filho”, explica a horticultora.
E como todo bom agricultor, ela tem um ritual especial: "O grande Rá, o deus Sol, é a estrela que ilumina a terra e ajuda a fazer crescer o que eu planto", explica, com um sorriso largo. E é sob o sol que Maria colhe os frutos de seu trabalho. "É maravilhoso colher e comer o que eu mesma plantei. Tudo é natural, sem agrotóxicos", ressalta, orgulhosa da qualidade de seus produtos.
Em meio a desafios, dona Socorro é um exemplo de resiliência e amor à terra. A horta é sua fonte de alegria e realização, mesmo em suas horas de descanso.
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