O ambulante Dionísio Rodrigues foi despejado nesta terça-feira (4) de sua residência no Loteamento Ladeira do Uruguai, na zona Leste de Teresina. A ordem judicial que já havia sido impedida por moradores no mês passado, dessa vez foi cumprida com forte aparato policial e servidores da Justiça. O ambulante afirma morar no local há 35 anos.
Assim como Dionísio, 60 famílias moram no local na incerteza de até quando poderão continuar nas residências. Isso porque desde 2013 ações na justiça reivindicam a propriedade do terreno. A dona de casa Marcilene Moreira, por exemplo, em quatro anos já foi alvo de duas ações de despejo, que acabaram sendo suspensas.
“Depois que minha casa já estava toda construída apareceu esse senhor dizendo que era dono. Já veio ordem de despejo duas vezes e foram derrubadas. Sempre aparece pessoas dizendo que são donos”, disse Marcilene em entrevista à O Dia TV. A apreensão é grande também na residência do auxiliar de serviços gerais José Wilson Feitosa, que está com a esposa grávida.
A reintegração de posse desta terça-feira foi acompanhada pelo presidente da Federação das Ações de Moradores dos Conselhos Comunitários, Francisco Sales. Ele alega que a ocupação teve início na segunda metade da década de 1990. De acordo com ele, a Caixa Econômica Federal financiou parte dos imóveis da área.
“A gente conseguiu negociar com a prefeitura na época para que as famílias permanecessem aqui. Em 2016, através do projeto Morar Melhor, conseguimos com a Prefeitura de Teresina e a Caixa Econômica construiu 120 casas aqui. Temos mais de 60 casas com ação de reintegração de posse”, disse Francisco Sales.
Uma das pessoas que reivindicam a propriedade do terreno é a família de Rubens Nunes Alves. Ao O Dia, Cleide Alves, filha do suposto proprietário, já havia alegado que as casas não foram construídas por nenhum programa habitacional e que o pai possui os documentos da terra.
“Ele pode estar até mais de que trinta e cinco anos lá. Mas eles são sabedores que sempre existiu dono. Quando meu pai comprou esse terreno, eu não era nem nascida. Ele deixou uma pessoa morando por bondade. Ele não estava precisando no momento. Esse senhor ficou morando e depois o filho dele também. Mas a gente, todos os anos, andava lá avisando que era para eles saírem e não precisava de confusão, não precisava de justiça”, explicou