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Sargentos da PM são presos acusados de matar caminhoneiro durante perseguição

Prisões aconteceram no começo da tarde de hoje (19) na Ceasa. Promotor diz que eles teriam tentado interferir nas investigações do crime.

19/12/2024 às 14h42

Três policiais militares foram presos nas primeiras horas da tarde de hoje (19) após serem investigados pela Corregedoria da PM por participação no assassinato de um caminhoneiro durante uma perseguição ocorrida no dia 11 de novembro na zona Sul de Teresina. Foram presos os sargentos Clenilson Vieira de Oliveira, Carlos Alberto Vieira de Carvalho e Valdir Vieira da Costa.

Sargentos da PM são presos acusados de matar caminhoneiro durante perseguição - (Divulgação/PM) Divulgação/PM
Sargentos da PM são presos acusados de matar caminhoneiro durante perseguição

A informação foi confirmada ao Portalodia.com pelo promotor Assuero Stevenson, titular da 9ª Promotoria de Justiça de Teresina e que atua no caso. De acordo com eles, os policiais estavam em uma perseguição contra um suspeito de roubo quando atiraram e acabaram atingindo o caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto. Ele veio a óbito dias depois. Mas esta não é a única acusação feita pela promotoria contra os PM’s.

Assuero Stevenson afirma que os três teriam, ainda, tentado interferir na investigação do caso. “Segundo os relatos que foram colhidos, eles estavam obrigando o dono de uma gráfica próxima ao local onde houve o fato a apagar as imagens das câmeras que registraram o ocorrido. Não foi só porque mataram. Houve ainda uma tentativa de dificultar a apuração dos fatos”, afirmou o promotor ao Portalodia.com.

Promotor Assuero Stevenson - (Divulgação/MPPI) Divulgação/MPPI
Promotor Assuero Stevenson

A Corregedoria da Polícia Militar instaurou um procedimento para apurar a conduta dos policiais.

O que diz a acusação do Ministério Público

De acordo com os autos do processo, no dia 11 de novembro deste ano, durante realização de rondas no bairro Lourival Parente, os sargentos Carlos Alberto, Clenilson Vieira e Valdir Vieira se depararam com quatro pessoas que tentavam assaltar uma senhora. Um dos infratores disparou contra a guarnição, momento em que os militares revidaram com disparo de arma de fogo que veio a atingir um dos suspeitos, identificado como Pedro Lucas.

Nesta mesma ocorrência, o caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto foi atingido pelos disparos e acabou morrendo dois dias depois no HUT. Uma petição incluída no processo pelo Ministério Público aponta que os investigados estariam coagindo o proprietário da gráfica localizada nas imediações do local da ocorrência dos fatos no sentido de que ele apagasse as imagens do HD do estabelecimento a fim de destruir as provas do ocorrido.

Foram estes os argumentos apresentados pelo Ministério Público para solicitar a prisão preventiva dos sargentos. O mandado foi cumprido hoje. Questionado sobre o que os PMs afirmaram durante a investigação criminal, o promotor Assuero Stevenson afirmou que eles negam que tenham atirado no caminhoneiro Francisco Neto para mata-lo e que o disparo foi acidental. A previsão, de acordo com o promotor, é que os três passem por audiência de custódia amanhã (19).

Para defesa, prisões foram precipitadas

O advogado dos sargentos que foram presos compareceu à Central de Flagrantes para acompanhar a autuação e tentar traçar as primeiras estratégias da defesa. Otoniel Bisneto conversou com a imprensa e disse que as prisões dos policiais foram precipitadas. Ele questiona a acusação que foi feita pelo Ministério Público de que o sargento Carlos Alberto, o sargento Clenilson e o sargento Valdir teriam ido até uma gráfica próximo ao local do ocorrido para coagir o dono do estabelecimento e obter as imagens das câmeras de segurança.

Otoniel Bisneto afirma que quem foi solicitar as imagens ao empresário foi o comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar no qual os PMs são lotados. O procedimento, segundo advogado, é padrão. Na ocasião, o dono do estabelecimento teria se recusado a entregar os vídeos. A defesa acredita que ele possa estar tentando “esconder alguém”. Esse alguém, para Otoniel, seria um vigilante da gráfica e o verdadeiro autor do disparo que matou o caminhoneiro.

“O tiro que matou o caminhoneiro, em tese e pelo que temos de informação, foi lateralizado. Ele transfixou, não foi um tiro frontal. Os fizeram a abordagem, pararam próximo ao caminhão, um dos suspeitos sacou a arma e tentou efetuar um disparo, mas acabou sendo alvejado na coxa. O caminhoneiro estava logo atrás do caminhão, um local totalmente impossível de ser alvejado. Isso que chama atenção: estava coberto e abrigado, mas foi atingido por um tiro que foi frontal. O tiro que matou o caminhoneiro saiu da lateral, possivelmente de um dos vigilantes daquelas empresas”, afirma Otoniel.

Advogado Otoniel Bisneto - (Rosair Rodrigues/O Dia) Rosair Rodrigues/O Dia
Advogado Otoniel Bisneto

O advogado questiona ainda a demora do empresário para entregar as imagens das câmeras de segurança e em denunciar a suposta coação por parte dos policiais e afirma que ele pode estar “escondendo alguém”. “Por que ele aguardou tanto tempo para fazer esse tipo de denúncia e por que ele não entregou essas imagens para o Ministério Público? O que ele está escondendo? É uma denúncia vazia, inclusive ele pode responder também, porque ele pode prejudicar a vida de três policiais bastante responsáveis. Será que o empresário não está querendo esconder o vigilante da empresa dele, colocando a culpa nos policiais e dizendo que eles tentaram intimidar?”, questiona Otoniel Bisneto.

O caso, segundo o advogado, ainda não tem uma autoria definida. A defesa dos sargentos afirma que entrará com um pedido de revogação das prisões alegando legalidades no procedimento ou um habeas corpus junto ao tribunal de plantão.


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