Ir e vir nas grandes cidades é um desafio, principalmente quando os sistemas públicos e mais acessíveis de transporte apresentam deficiências À medida que a cidade cresce, devem crescer, também, os sistemas viários, interligando os principais pontos de aglomeração de pessoas. Não se trata apenas de ter ônibus nas ruas, mas de ter locais de parada destes ônibus mais acessíveis.
Dados do Censo Demográfico 2022, do IBGE, mostram que Teresina ainda tem boa parte de seu território foram do trajeto do transporte público. Pelo menos 286.319 imóveis (casas, apartamentos, condomínios, vilas e demais aglomerações urbanas) estão localizados em vias onde não há paradas de ônibus ou de vans. Para efeito de comparação, a quantidade de imóveis que ficam em vias com paradas é de apenas 24.744.

Os números constam no levantamento das características urbanísticas do entorno dos domicílios, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo IBGE e contempla, dentre vários pontos, acessibilidade ao transporte público, acessibilidade em calçadas e vias públicas, sinalização viária e iluminação pública.
De acordo com os dados, Teresina possui 299.913 imóveis localizados em vias com capacidade para circulação de caminhões e ônibus. São vias mais largas e que comportam veículos de maior porte. Na pesquisa foram contabilizados 158,1 milhões de pessoas vivendo em trechos de logradouros onde é possível o fluxo de caminhões ou ônibus no Brasil. Em contrapartida, são 8.901 imóveis situados em vias com capacidade máxima para receberem vans e carros, e 2.069 imóveis em vias com capacidade máxima para motos, bicicletas e pedestres.

O IBGE aponta que há uma discrepância entre a quantidade de vias que podem ter ônibus circulando e a quantidade de vias que de fato conta com pontos de ônibus na capital. Jaison Cervi, gerente de pesquisas e classificações territoriais do IBGE, explica que, a nível de Brasil, esta condição está associada ao relevo acidentado, centros históricos, presença de proporções maiores de moradores vivendo em favelas e comunidades urbanas.
“Por exemplo, Salvador é a capital com o menor percentual de moradores em vias com capacidade de circulação por caminhão ou ônibus, com 63,4%, e maior percentual de moradores em vias com capacidade máxima de circulação por carros e vans, registrando 17,9%”, explica.
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Outro ponto que o levantamento da infraestrutura urbanística mostra diz respeito à sinalização de vias para o tráfego de bicicletas. Considerado o meio de transporte mais limpo e de baixo custo, as bicicletas são uma alternativa ao transporte público em grandes cidades. No entanto, quando se observa a sinalização de vias para este veículo, os números mostram uma discrepância.
Segundo o IBGE, em Teresina há 303.634 imóveis localizados em vias onde não há sinalização para bicicleta, enquanto apenas 7.249 domicílios estão situados em vias onde as ciclofaixas, ciclovias e ciclo-rotas estão devidamente sinalizadas. A sinalização de vias específicas para bicicletas é prevista no Código Brasileiro de Trânsito como sendo competência do poder público para garantir a segurança viária.

A nível de Piauí, apenas 1,5% dos imóveis pesquisados no Censo estão situados em vias onde há sinalização para bicicletas. Em todo o Brasil, 3,3 milhões de pessoas (1,9% da população) vivem em vias sinalizadas para bikes. O índice mais elevado foi encontrado em Santa Catarina, que alcançou 5,2%, seguido do Distrito Federal (4,1%).
Jaison Cervi diz que o motivo de a sinalização de vias para bicicletas ter número tão baixos no Brasil. “De forma geral, os percentuais de moradores residindo em vias com sinalização para bicicletas foram significativamente baixos, revelando que a infraestrutura das vias no país ainda é muito direcionada para veículos automotores”, analisa.
A pesquisa sobre as características urbanísticas do entorno dos domicílios pesquisou dez quesitos relacionados à capacidade de circulação e pavimentação da via, saneamento e iluminação pública.
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