A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou, nesta quarta-feira (16), que seu novo visto dos EUA foi emitido com o gênero masculino, desrespeitando seus documentos oficiais brasileiros, como certidão de nascimento e passaporte. O episódio ocorreu dias antes da parlamentar embarcar para a Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, onde participaria de um painel sobre diversidade.
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A emissão do visto dos EUA ocorreu no dia 3 de abril, no consulado americano em Brasília. De acordo com a equipe da deputada, o documento foi expedido com a marcação de “sexo masculino”, contrariando a retificação legalmente registrada de gênero feminino em sua documentação brasileira. Um visto anterior, obtido em 2023, durante a gestão do presidente Joe Biden, continha a identificação correta.
A parlamentar optou por cancelar sua participação no evento em protesto ao ocorrido e anunciou que irá acionar instâncias internacionais contra o que classificou como "política de transfobia de Estado" do governo Donald Trump.
“Fui classificada como do "sexo masculino" pelo governo dos EUA quando fui tirar meu visto para ir à Brazil Conference, na Universidade de Harvard e no MIT [...]. Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas", publicou Erika Hilton em seu perfil na rede social X (antigo Twitter).
A parlamentar afirmou que já iniciou tratativas com o Itamaraty e prepara uma ação jurídica internacional junto à ONU e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O caso ocorre após decreto recente do presidente Donald Trump, assinado em janeiro de 2025, que deixa de reconhecer retificações de gênero em documentos civis para fins de identificação pelo governo federal norte-americano.
“Os documentos que apresentei são retificados. Estou registrada como mulher inclusive na certidão de nascimento. Estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática”, acrescentou a deputada.
Erika Hilton participaria, com outras autoridades brasileiras, do painel “Diversidade e Democracia”, previsto para o dia 12 de abril. Sua presença integrava uma missão oficial autorizada pela Câmara dos Deputados. A deputada ainda criticou a postura do governo dos EUA ao desconsiderar dados oficiais de cidadãos estrangeiros. “O que me preocupa é um país estar ignorando documentos oficiais acerca da existência dos próprios cidadãos, e alterando-os conforme a narrativa e os desejos de retirada de direitos do Presidente da vez", finalizou.
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