Além dos passageiros aguardando pelos ônibus nas paradas, também compõem o cenário do Centro de Teresina os vendedores ambulantes. Seja comercializando água ou balinhas, eles encontram na sua venda o ganha pão de todo dia. Só que com a pandemia do novo coronavírus, com as paradas esvaziadas há meses e agora com o fluxo de pessoas no Centro da capital ainda tímido, a renda de cada dia ficou mais difícil para os autônomos.
Eles viram seus ganhos diários com as vendas cair pela metade nesta crise. A ambulante Rosélia Fernandes da Silva, dona de uma venda há quatro anos na Praça Saraiva, conta que antes da pandemia conseguia juntar por dia cerca de R$ 160,00. Depois que tudo parou e com esta reabertura lenta e gradual, os ganhos estão em torno de R$ 80,00. Ela diz que o que consegue juntar com as vendas para pagar a conta de luz e de água e, se sobrar algo no final, tenta ajudar os filhos.
“O primeiro motivo pra essa queda é a falta dos ônibus. O pessoal vem pra cá, não tem como voltar e aí tem que tirar dinheiro pra chamar um carro e ficam sem ter como comprar com a gente. Sem contar que hoje está tudo muito caro, as pessoas não querem ficar gastando com balinha. A gente faz o que pode pra poder sobreviver e o ruim é que não tem de onde tirar. Eu sei que a crise está complicada pra todo mundo, mas a gente vai fazendo o que pode”, diz dona Rosélia.
Rosélia Fernandes, vendedora ambulante - Foto: Assis Fernandes/O Dia
Assim como ela, a vendedora Auricélia Pereira de Sousa, 43 anos, diz que a dificuldade no transporte e o medo das pessoas de se contaminar acabam levando as vendas para baixo. O faturamento dela com sua venda de água de coco no Centro também caiu pela metade durante a pandemia. “A situação não está muito boa não, porque as pessoas têm medo de ir pro Centro e quando elas vêm, vêm rapidamente e vão embora por medo de ficar na rua e na parada. São poucas as pessoas que estão com tempo e dinheiro pra poder comprar com a gente”, explica.
Antes da pandemia, Auricélia conta que conseguia juntar por dia cerca de R$ 150,00. Hoje, seus lucros não tem passado dos R$ 70,00. “Eu consegui o benefício do Governo, mas fico pensando em quem não conseguiu. Eu queria poder voltar a trabalhar na minha vendinha porque gosto de estar aqui, mas e quem não tem nenhum outro meio de vida?”, questiona.
É o caso do vendedor João Francisco Ferreira Filho, 36 anos. Dono de uma venda de acessórios e bijuterias no Centro, ele diz que não conseguiu ter acesso ao Auxílio Emergencial e que viu seus ganhos diários caírem em 50% durante esta crise. Sem renda na pandemia, o vendedor ambulante afirmou que dependia da ajuda de terceiros na maioria das vezes.
João Francisco Filho é vendedor ambulante no Centro - Foto: Assis Fernandes/O Dia
“Está compilando. Hoje eu não ganho mais que R$ 30,000. Antes conseguia uns R$ 70,00 por dia. Eu só não desisti do meu ponto aqui, porque gosto do meu trabalho, gosto do que eu faço. A gente tem que pensar em dias melhores e enquanto a gente puder resistir, dá. Mas que a coisa está feia, está”, finaliza João Francisco.
Por: Maria Clara Estrêla