Bolsistas da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) revelam que estão há três meses sem receber o benefício. O transtorno atinge diretamente os alunos com bolsa de monitoria, corpo de dança e o auxílio moradia. Para quem cursa o ensino superior em universidade pública, a assistência estudantil é essencial para permanecer estudando.
Paloma Araújo, aluna do curso de Ciências Contábeis no campus Prof° Barros Araújo em Picos, está no 7° período e, pela primeira vez, se inscreveu em um auxílio estudantil. Com a aprovação na monitoria em maio de 2019, a acadêmica acreditou ser uma oportunidade de enriquecer seu currículo e ter uma renda extra, já que ela é mãe, estudante e não trabalha.
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“A partir do momento que a gente sabe que passou, acabamos contando com o valor. De maio até agora, caiu um único mês que foi em setembro referente a maio. E os outros 3 [pagamentos] não têm previsão. Eu acho isso um descaso total com os estudantes, porque o campus de Picos é bem distante da cidade. Então a gente precisa de transporte, tirar xerox, se alimentar. E as bolsas ajudam muito nessa parte. E têm muito alunos que são carentes e precisam dessas bolsas para permanecer na Uespi”, destaca Paloma Araújo.
Já o acadêmico do curso de Educação Física, Marcos Vinicius, integra o grupo do corpo de dança no campus Picos e recebe uma bolsa no valor de R$ 400. Entretanto, o bailarino já chegou a acumular até cinco bolsas em atraso.
“É muito complicada essa situação, pois eles oferecem um programa remunerado, o pagamento nunca acontece da forma correta. Porém, é cobrada frequência, é um dinheiro que não podemos contar, pois ninguém sabe quando vai receber. Eles nunca têm uma resposta, sempre dizem que estão esperando uma resposta da Sefaz (Secretaria de Fazenda do Piauí) e, enquanto der pra eles irem enrolando, eles vão”, lamenta Marcos Vinicius.
Alunos dizem que não podem contar com ajuda financeira, já que não sabem o dia que irão receber - Foto: Arquivo O Dia
Lucas Ibiapino, diretor de planejamento do Diretório Central dos Estudantes de Picos, o DCE 9 de Novembro, revela que já têm estudantes desistindo de estudar por conta das dificuldades que se estendem também aos terceirizados do campus.
“Com os cortes de gastos das universidades, as bolsas estão atrasadas há dois ou três meses. Eu fico com pesar, pois só dou notícias tristes aos estudantes de Picos. É uma situação que o DCE não sabe mais o que fazer. E temos conhecimento que muitos alunos são de fora e desistem do curso por causa da falta de bolsas. O Governo parece deixar a gente de lado. Enquanto DCE sempre nos reunimos para mostrar a real situação, sempre mantemos contato com o setor responsável para dizer que estamos precisando de ajuda. E essa também é a situação dos terceirizados, que estão há quatro meses sem receber. E a Universidade é composta por todos”, acrescenta.
Contraponto
Procurada pela reportagem de O DIA, a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) informou que, em relação ao atraso no pagamento de bolsistas e estagiários, já realizou todos os procedimentos que competem à instituição para solicitação da verba financeira. “A instituição comunica que vem mantendo contato contínuo com a Secretaria de Fazenda do Estado do Piauí, responsável direta pela liberação, a fim de agilizar a regularização a situação”, completa a nota.
A reportagem também entrou em contato com a Sefaz, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
Por: Sandy Swamy, do Jornal O Dia