Nesta semana, o Ministério da Saúde confirmou à
Folha de São Paulo um novo avanço da dengue no Brasil, com o ano de 2019
registrando o segundo maior número de mortes pela doença desde 1998. Das 754
mortes por dengue confirmadas até o dia 07 de dezembro, apenas uma ocorreu no
Piauí. Apesar disso, o estado teve um aumento de 318% em casos da doença em
relação ao mesmo período de 2018.
Segundo o 51º Boletim
Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), com dados
contabilizados de 1º de janeiro ao dia 24 de dezembro, 6.698 casos da
doença foram confirmados no Estado. Ao todo, foram 7.955 casos prováveis
da doença, entre casos confirmados, inconclusivos, ignorados/brancos, dengue,
dengue com sinais de alarme e dengue grave.
Além do número de
casos, também houve aumento no número de municípios com casos notificados. Em 2018, até a 51ª Semana Epidemiológica, 125
municípios (55,8%) não notificaram casos suspeitos de dengue. Já em 2019, no mesmo período, foram 54 municípios sem
notificação (24,1%).

Casos de dengue aumentaram 318% em 2019; Um óbito confirmado. (Foto: Arquivo O Dia)
Segundo a Sesapi, em 2018, o óbito registrado em
decorrência da doença aconteceu na cidade de Bom Jesus, localizada a 637 km de
Teresina. Enquanto no ano passado, a única morte confirmada ocorreu na Capital.
Até o momento, não foram confirmadas informações sobre a última vítima fatal.
Sesapi alerta para o aumento dos índices
A coordenadora estadual de Epidemiologia da Sesapi, Amélia Costa, chama a atenção da população para o crescimento desproporcional de casos de dengue no Estado. Segundo ela, a maior parte dos municípios que participam do Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa), estão com alto índice de contaminação.
"É uma chamada de atenção para que as pessoas cuidem realmente de onde colocam os dejetos, os lixos, com atenção para esgotar todos os criadouros. Por exemplo, se você tem um jarro de planta que você passa vários dias sem mudar a água, isso vira um criadouro. A nossa preocupação enquanto Estado e Vigilância é muito grande, porque o crescimento de 2018 para 2019 foi muito grande. Estamos preocupados porque estamos no período chuvoso, que é um período de acumulo de água. Por isso, a consciência da população em relação à limpeza do seu ambiente é necessária e fundamental", declara.
A coordenadora destaca ainda que a Sesapi está desenvolvendo ações para combater o avanço da doença no Piauí e mapear os municípios com índices de contágio. "A nossa prioridade maior é identificar todos os municípios de maior risco e estamos também fazendo a vigilância da doença, chamando a atenção dos hospitais para todos os sinais e sintomas da dengue. Estamos distribuindo também inseticidas para a regional de saúde e o município caso necessite pode buscar nas regionais esses inseticidas", afirma.
População deve permanecer alerta para os sintomas
De acordo com o médico Eduardo Oliveira, a dengue
é uma doença viral aguda, caracterizada, principalmente, por ser uma virose com
manifestação de até sete dias de febre. Entre os sintomas mais comuns da doença
estão: febre alta de início súbito, dor nos músculos, dor nas articulações,
fraqueza, náusea, vômitos, diarreia e o aparecimento de manchas vermelhas pelo
corpo.
“Existem cinco subtipos de dengue, no Brasil
circulam quatro tipos. O que significa que no Brasil você pode ter dengue até
quatro vezes e, cada vez que você pega uma dengue nova, ela se manifesta de uma
forma mais grave. Se é a segunda vez que você pega, ela vai ser mais grave que
a primeira, se for a terceira vai ser mais grave do que a segunda e a primeira”,
afirma o médico, acrescentando que o grupo de risco inclui crianças e idosos.
Em relação ao tratamento da doença, assim que os
sintomas forem identificados, é importante que o paciente procure assistência
médica em alguma unidade de saúde, seja UPA ou Posto de Saúde mais próximo de
casa. No hospital, o profissional irá avaliar o paciente e classifica-lo em um
dos quatro grupos principais da doença, a partir dos sintomas. Caso apresente
algum sinal de alerta, o paciente pode ficar internado ou em observação.
“Se for liberado para casa, o paciente recebe
algumas orientações, como remédio pra febre, tomar bastante liquido pra ficar
urinando claro, e prestar atenção em alguns sinais de alarme pra doença que
podem levar a pessoa a voltar a procurar assistência médica”, alerta o Eduardo
Oliveira.
Entre os principais sinais que devem ser
observados estão sangramento nas mucosas, incluindo sangramentos na gengiva ou nas
fezes, ficar tonto e cair ao levantar, sonolência e confusão mental. “Uma coisa
que é interessante em relação a dengue é que quando a febre para, você está com
três dias de febre e para, é no momento que a doença pode ficar mais grave
ainda”, destaca.
Além da dengue, outras doenças podem se
manifestar no período chuvoso. Conhecidas como arboviroses, essas doenças estão
relacionadas ao vírus da mesma família e também por serem transmitidas pelo
mosquito aedes aegypti. São elas a febre amarela, zika e chikungunya. A febre
amarela é transmitida nas cidades principalmente através do mosquito. Os
sintomas desta incluem febre, calafrios, perda de apetite, náuseas, dores de
cabeça e dores musculares, principalmente nas costas.
“Já a zika e chikungunya são viroses parecidas
com a dengue, mas com sintomas mais brandos, cada uma com manifestações um
pouco mais específicas. A chykungya se manifesta principalmente com sintomas de
dores nas juntas muito fortes, enquanto a zika se manifesta por uma vermelhidão
no corpo maior do a da dengue e por conjuntivite”, finaliza o médico Eduardo
Oliveira.
Veja que,
com medidas simples, você pode combater a dengue:
- não
deixe água acumulada sobre a laje;
- jogar
no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas,
potes, latas, copos, garrafas vazias etc;
- guardar
garrafas, para retorno ou reciclagem, emborcadas e em local em que não
acumulem água;
- colocar
o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira bem fechada;
- não
jogar lixo em terrenos baldios;
- manter
o saco de lixo bem fechado e fora do alcance dos animais até o
recolhimento pelo serviço de limpeza urbana;
- manter
a caixa d’água completamente fechada para impedir que vire criadouro do
mosquito;
- manter
bem tampados tonéis e barris d’água;
- encher
de areia até a borda os pratinhos dos vasos de planta ou lavá-los com
escova, água e sabão semanalmente;
- lavar
semanalmente por dentro, com escova e sabão, os tanques utilizados para
armazenar água;
- remover
folhas e galhos e tudo o que possa impedir a passagem da água pelas
calhas;
- se
você tiver vasos de plantas aquáticas, trocar a água e lavar o vaso,
principalmente por dentro, com escova, água e sabão, pelo menos, uma vez
por semana;
- lavar
semanalmente, principalmente por dentro, com escova e sabão, os utensílios
utilizados para guardar água em casa, como jarras, garrafas, potes, baldes
etc.
Por: Nathalia Amaral
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