A Prefeitura de Teresina divulgou nesta quarta-feira (24) os resultados da décima etapa da Pesquisa Sorológica que é realizada aos finais de semana para dimensionar a disseminação do coronavírus na capital e os dados seguem preocupantes: pelo estudo feito entre os dias 19 e 21 de junho, Teresina tem 156.623 pessoas contaminadas com covid-19. O número é 35 vezes maior que o total de casos oficialmente notificados pela Fundação Municipal de Saúde, embora represente a menor taxa de acréscimo desde que a pesquisa começou a ser feita.
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O que chama atenção é que a taxa de aumento do número de pessoas contaminadas com covid-19 em Teresina foi a menor já registrada desde que a pesquisa sorológica começou a ser feita, ainda em abril. De acordo com os dados, o aumento da nona etapa da pesquisa para esta décima foi de 17%. No final de semana dos dias 12 a 14 de junho, Teresina tinha 133.532 pessoas infectadas com covid-19, e este fim de semana, o número passou dos 150 mil. Observando-se a série histórica, o acréscimo foi pequeno em relação ao que observou da quarta para a quinta etapa, por exemplo, em que a quantidade de infectados deu um salto de 91% de uma semana para a outra.
Foto: Divulgação/Prefeitura de Teresina
Essa desaceleração no aumento dos casos de covid-19 em Teresina indica que a capital piauiense se encontra próxima ao pico da pandemia. O prefeito Firmino Filho, que foi recentemente diagnosticado com coronavírus, comemorou a notícia, mas disse que é preciso aguardar as próximas pesquisas para se ter certeza de que a covid-19 de fato começa a ceder em Teresina.
No entanto, preocupa o fato de que o R0, o índice de transmissibilidade da covid-19 em Teresina, saiu do patamar considerado ideal para se falar em flexibilização da quarentena: na nona etapa da pesquisa, ele estava em 0,86. Nesta décima etapa, ele voltou a subir para 1,06, ou seja, acima cada uma pessoa infectada contamina outra. Isso contribuiu para que houvesse também um aumento no número de pessoas infectantes, ou seja, aquela que estão doentes e em estágio de transmissão da covid-19.
“Esse dado é bastante expressivo e a explicação disso é que a maioria das pessoas são assintomáticas, que pegam o vírus e o levam por aí durante 14 dias e não apresentam sintomas, por isso que os dados são enormes, assim como a subnotificação. Essa foi a menor taxa já registrada, o que dá indícios de que, eventualmente, estamos na parte da curva que deixou de ter um crescimento explosivo, ou estamos no pico ou perto desse pico. Esse é um outro indício de que nós, ou estamos chegando no pico ou já estamos nesse pico. De certa forma, ratifica o que os matemáticos disseram, que previam o pico no dia 10 de junho”, disse o prefeito.
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Na nona etapa da pesquisa sorológica, a quantidade de infectantes em Teresina havia caído 16%, chegando a 34.595 pessoas transmitindo o coronavírus. Nesta décima etapa, o número de infectantes já voltou a subir 5% e chegou a 34.496 pessoas disseminando a doença.
Foto: Divulgação/Prefeitura de Teresina
Atendimentos e ocupação de leitos
Sobre a quantidade de atendimentos de pessoas com sintomas relacionados ao Covid-19, com síndromes gripais, tanto na rede pública como privada, é possível observar um aumento na última semana. No dia 18 de junho, por exemplo, foram realizados 2.836 atendimentos por dia, já agora no dia 22 de junho foram 2.366. Apesar da redução, foram consultadas um total de 79.139 pessoas.
Os atendimentos a pacientes com síndrome gripal aguda grave (SRAG) também teve uma alta, chegando a atingir seu pico na semana passada onde, em apenas 24 horas, 111 pessoas foram internadas. Ao todo, 3.297 pessoas já foram internadas com síndrome respiratória aguda grave.
Os leitos de UTI destinados a atender apenas pacientes com Covid-19 chegaram a 77,43% de sua ocupação. Ou seja, dos 319 leitos, 247 estavam ocupados e apenas 72 livres, até o dia 23 de junho.
Os leitos de UTI do setor público tem apresentado uma crescente. Segundo o relatório, 132 pessoas estavam internadas no setor público, o que representa 80,98% dos leitos preenchidos de um total de 163 leitos existentes. “Nas últimas duas semanas aumentou significativamente, então precisamos de fato aumentar a disponibilidade de leitos de UTI para dar uma folga e essa folga precisa ser em algo de 30%, tanto na rede pública como na cidade como um todo”, disse.
Quando é considerado os leitos de UTI restrito, ou seja, sem incluir os leitos exclusivamente pediátricos, neonatais, obstétricos e reservas, o percentual de ocupação é ainda maior. Dos 270 leitos de UTI existentes, 219 estavam ocupados, o que representa 81,11%, e apenas 51 estavam livres.
“De fato, precisamos continuar a expandir, tanto no HUT, HGV e Natan Portela a quantidade de leitos de UTI para que possamos chegar a uma margem de 70%, que nos vai dar segurança para enfrentar o que vier”, disse.
Somente no setor público, os leitos de UTI restrito chegaram a 90% de sua ocupação. No dia 23 de junho, dos 120 leitos existentes, apenas 12 leitos estavam disponíveis, enquanto 108 estavam ocupados
Por: Maria Clara Estrêla, com informações de Isabela Lopes