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Desmatamento afeta a produção de pequi nos municípios piauienses

Em alguns estados da região do cerrado brasileiro, de onde o pequi é uma espécie típica, existem leis que preveem multa para quem cortar pequizeiros sem autorização ambiental.

04/02/2018 13:26

Não é mais tão fácil encontrar o pequi à venda às margens das rodovias do Piauí. O fruto tão amado por uns e odiado por outros vive um processo de extinção devido ao desmatamento.

Segundo a presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura (Fetag), Elizângela Moura, a safra está reduzindo a cada ano para dar lugar aos grande empreendimentos agrícolas ou imobiliários. “Todo o entorno do Médio Parnaíba se destacava pela produção do pequi. Próximo a Teresina, o município de Palmeirais fazia até um festival, mas agora não tem quase nada. Quando desmatam, é a primeira coisa que se tira”, lamenta.




Tal realidade é confirmada por João de Deus Moraes, o João Mago, que compra pequi na cidade de Alto Longá para vender na entrada da cidade de Altos, a 40 quilômetros de Teresina. “Aqui tinha uns pés, mas tá com uns 20 anos que acabou. Cortaram pra fazer casa”, conta.


Foto: Jailson Soares/O Dia

A época a que se refere João Mago é a mesma da qual Francisca Teixeira lembra. “Eu era criança e meu pai pegava os pequis de bicicleta. Trazia um saco grande e cheio, tudo de graça. Hoje em dia não tem mais isso”, relata. Para vender os pequis, ela precisa comprar no município de Coivaras. “E tá mais difícil de encontrar. Os poucos pés que tinha o povo cercou o terreno. Ninguém dá de graça mais”, lamenta.

Em alguns estados da região do cerrado brasileiro, de onde o pequi é uma espécie típica, existem leis que preveem multa para quem cortar pequizeiros sem autorização ambiental. É o caso de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. No Mato Grosso do Sul, um projeto de lei com a proibição de corte foi aprovado pelos deputados estaduais.


Foto: Jailson Soares/O Dia

No Piauí, os dados relacionados à produção e extração de pequi são inexistentes. De acordo com Pedro Andrade, coordenador de pesquisas agropecuárias do IBGE, o fruto tem importância econômica para algumas famílias de forma isolada, mas não há representatividade no estado. “É uma atividade de extração vegetal feita pelo pequeno agricultor. Não existe atividade industrial”, afirma Pedro.


Foto: Jailson Soares/O Dia

O Censo Agropecuário, previsto para ser divulgado nos próximos seis meses, deverá trazer informações sobre a extração de pequi no estado. O último levantamento foi divulgado em 2006, mas não abordou a produção do fruto no Piauí.

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Por: Nayara Felizardo
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