Em entrevista coletiva concedida à imprensa piauiense, no início da tarde desta quinta-feira (25), o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), anunciou as novas medidas restritivas que poderão ser adotadas a partir desta sexta-feira (26) até o Domingo de Páscoa, dia 04 de abril. A confirmação das normas de restrição dependerá ainda da aprovação em reunião a ser realizada ainda hoje com o Comitê de Operações Emergenciais (COE) do Estado. O decreto estadual deve ser publicado nesta quinta.
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De acordo com o governador, as novas restrições deverão incluir o fechamento de praias no litoral do Piauí, a paralisação de atividades presenciais em escolas, a suspensão do transporte intermunicipal e a proibição da venda de bebidas alcoólicas. Sobre esta última, Wellington Dias explica que o objetivo é reduzir o número de acidentes e evitar uma pressão ainda maior na rede hospitalar, que está colapsada.
Foto: Divulgação/Governo do Estado
"Até o domingo de Páscoa, [vamos permitir] apenas as atividades estritamente essenciais que vamos estar definindo hoje. Ontem foram 49 vidas humanas, homens e mulheres que perdemos, e chegamos a marca de 300 mil óbitos no Brasil. Isso nos impõe alguma sensibilidade para que possamos aplicar isso juntos", afirma o governador.
Com a antecipação dos feriados de Corpus Christi e Nossa Senhora Aparecida, para esta sexta-feira (26) e a próxima terça-feira (30), o chefe do executivo estadual pede ainda que os municípios antecipem para a próxima quarta-feira (31) os feriados referentes ao aniversário de cada cidade, reduzindo ainda mais a quantidade de dias úteis durante a semana. Vale lembrar que na sexta-feira, 02 de abril, é celebrada a Sexta-feira Santa, que também é considerada feriado pelo calendário estadual.
As medidas anunciadas hoje tem como objetivo aumentar o índice de isolamento social e reduzir a taxa de transmissibilidade do novo coronavírus no Piauí. Sem leitos disponíveis, e com uma fila de espera de mais de 180 pacientes, o governador defende que o Estado não tem mais recursos humanos para atender a demanda crescente de pacientes infectados.
"Eu sei que as pessoas cobram ampliar mais leitos, mas o problema não é só cama e alguns equipamentos, são recursos humanos. Não tem neurologista, não tem cardiologista, não tem anestesista na quantidade que a gente precisaria para tamanha ampliação. Estamos com a quantidade de leitos muito acima do ano passado, mas precisamos evitar que essas pessoas precisem chegar ao hospital. Reduzir a transmissibilidade é o que reduz internação e óbitos", afirma.
Consumo de oxigênio hospitalar aumenta 300% em dois meses
Outro dado importante divulgado pelo governador Wellington Dias durante a coletiva de imprensa diz respeito ao aumento expressivo na demanda por oxigênio hospitalar no Piauí. De acordo com o chefe do executivo, o consumo de oxigênio hospitalar aumentou cerca de 300%, em relação a janeiro deste ano.
"A gente consumia 8 mil metros cúbicos por dia e subiu para 28 mil metros cúbicos. Quando dizemos que tem fila para atendimento, graças a Deus estamos dando a condição desses pacientes estarem em atendimento em hospitais de pequeno porte, em Upas, sendo atendidos com respiradores", ressalta.
Segundo o governador, um dos maiores empecilhos para o abastecimento de oxigênio hospitalar no Piauí está relacionado ao uso de cilindros. "O fato é que municípios como Miguel Alves e Campo Maior são atendidos por cilindro, e há, sim, uma preocupação porque há um limite nesse atendimento. Precisa trazer o cilindro seco, encher e levar novamente, diferente do sistema que temos no HGV, por exemplo, que possibilita um armazenamento com uma folga significativa", destaca.
Para evitar a falta desse insumo no Estado, a Secretaria de Estado da Saúde está mantendo contato constante com os municípios e com as empresas responsáveis por disponibilizar o oxigênio para as unidades hospitalares.