Nas últimas semanas, ao menos três casos de óbitos por infarto e mal súbito foram constatados em crianças e uma adolescente no Piauí. Um dos casos foi registrado no dia 04 de fevereiro deste ano, e ocorreu com um menino de apenas 12 anos, enquanto ele teve um infarto fulminante na escola. As ocorrências acenderam um alerta para maior atenção e cuidados ao público infantil a fim de evitar que surjam novos casos. No Brasil, o número de jovens vítimas de infarto tem crescido significativamente. Segundo o Ministério da Saúde, de 2013 para cá os episódios de infarto entre adultos com até 30 anos subiram 13%. Isso reflete o aumento de hábitos não saudáveis que colocam em risco a vida de pessoas nessa faixa etária.
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Doenças cardiovasculares podem acontecer em qualquer idade e fase da vida. Crianças e adolescentes estão se tornando cada vez mais obesas e, devido à má alimentação, os níveis de colesterol também estão elevados. Em termos nacionais, estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram crescimento de 6,5 vezes da obesidade em meninos e meninas de 5 a 9 anos desde 1974. Hoje, o problema atinge 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas.
Cardiologista e ecocardiografista Frederico Oliveira informa sobre a raridade de casos de morte súbita em crianças e adolescentes e as principais causas (Foto: Ascom)
“Felizmente a morte súbita não é comum em crianças e quando ocorre, o infarto é uma das causas mais raras. Dentre as causas mais notáveis como causa de morte súbita em crianças estão anomalias congênitas (principal cardiomiopatia hipertrofia), arritmias dos canais iônicos, anomalias das artérias coronárias, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e crises convulsivas. Diabetes, colesterol alto, dentre outros aspectos são fatores de risco. O aumento das taxas de colesterol e glicemia favorecem o aparecimento de doenças, tardiamente. Sendo assim, é importante a prevenção de doenças com a implementação na rotina de atividades físicas e alimentação balanceada”, explica o cardiologista e ecocardiografista Frederico Oliveira.
Em 2020, estudos apontaram que complicações cardiovasculares aumentaram durante a pandemia de coronavírus. No período de quarentena, as mortes por infarto e derrame cresceram 31,82% no Brasil, segundo a SBC, em relação ao ano anterior. Já segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o número de mortes por doenças cardiovasculares cresceu até 132% no Brasil durante a pandemia.
Frederico Oliveira comenta sobre a associação de morte súbita com o novo coronavírus. “Apesar de sabermos hoje que a Covid é uma doença trombogênica e também que pode levar a miocardite (inflamação do músculo miocárdio), no momento não se pode afirmar que existe uma associação direta entre Covid e aumento de casos de morte súbita em crianças. Tem sido notado doença de Kavasaki (Inflamação dos vasos sanguíneos) em alguns pacientes meses após infecção por Covid, com sintomas clássicos que podem ser suspeitos por conta de sinais e sintomas e, felizmente, em raros casos”, disse o cardiologista.