Comerciantes do Mercado
Público do bairro Dirceu I, na
zona Sudeste de Teresina, têm
sofrido com uma infestação
de pombos no local. Eles reclamam que os animais se aninham no telhado do mercado
e espalham dejetos pelo chão
do estabelecimento. Além do
mau cheiro, as fezes dos pombos representam sérios riscos
à saúde e são responsáveis por
transmitir doenças, como salmonelose e clamidiose.
A comerciante Maria das
Graças Martins trabalha no
Mercado do Dirceu há mais
de 30 anos e afirma que o
problema existe há pelo menos uma década. “Eu trabalho
aqui desde antes mesmo de
ser mercado, mas esse problema começou de uns dez anos
para cá. A gente chega aqui de
manhã e está tudo cheio de fezes, de ovos quebrados; então,
antes de abrir a banca, a gente tem que limpar tudo. Eu já
reclamei várias vezes, mas não
adianta nada”, explica.
Veterinário diz que, para transmissão de doenças não é preciso entrar em contato direto com as fezes dos animais (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
Riscos
De acordo com o médico
veterinário Paulo Marques, o
contato com pombos e com
as fezes dessas aves é prejudicial à saúde da população e
também de outros animais. “O
pombo é uma ave que pode
ser consumida pelas pessoas;
no entanto, ela precisa ser tratada, assim como outros animais, de verminoses, fungos e
bactérias. As bactérias, principalmente a salmonela, causadora de uma doença chamada
salmonelose, pode causar vô-
mitos, diarreias e pequenas hemorragias intestinais. Dentre
os fungos, o de maior importância é a clamídia, que causa
a doença chamada clamidiose.
Esses fungos podem se instalar
principalmente no pulmões,
ocasionando doenças como
a pneumonia, que pode ter
maior gravidade em pessoas
com imunidade reprimida.
Os pombos também possuem
piolhos, que podem ser transmitidos para pessoas, e causar
irritações na pele”, explica.
O médico veterinário explica
ainda que, para que essas doenças sejam transmitidas, não é
necessário entrar em contato
direto com as fezes dos animais. “A presença dessas aves
em ambientes como mercados
e praças representa um grande
perigo, porque eles defecam no
chão e, ao varrer, as fezes secas
fazem com que essas bactérias
fiquem suspensas no ar e as
pessoas, ao transitar pelo local,
inalam essas bactérias e podem
adoecer. Nos locais onde se faz
o corte das carnes, eles podem
defecar e, no outro dia, ao colocar a carne sobre o local, ela
pode ser contaminada. Nos comércios, onde têm rações para
outros animais, eles podem
contaminar as rações e levar
doenças para sítios e criadouros”, ressalta Paulo Marques.
Controle
Para Paulo Marques, o controle deve ser feito pela Prefeitura, através de ações que
regulem a quantidade de animais nesses locais e fazendo
o correto tratamento dessas
aves. “É preciso que seja feito
o controle em mercados, nas
praças e em todo e qualquer
local em que a reprodução
dessas aves esteja descontrolada. Em primeiro lugar, deve-
-se tirar uma grande quantidade de pombos e levar para
um espaço para que seja feito
o tratamento desses animais,
por pelo menos em uma semana. Após o tratamento, elas
podem ser abatidas e destinadas para o consumo. E depois,
deve ser feita a coleta desses
ovos nos ninhos, para ter um
controle de natalidade e evitar
uma superpopulação, permitindo que elas se reproduzam
somente uma vez por ano”,
pontua o veterinário.
Contraponto
A administradora do Mercado do Dirceu I, Cleude
Pontes, esclarece que algumas medidas já foram tomadas para diminuir os transtornos causados pelas aves.
“No começo do ano, nós
instalamos telas em algumas
partes do mercado, como no
centro de produção, no piso
superior e na parte do auditório. Mas na parte onde ficam
os comércios, infelizmente
a Prefeitura não vai intervir.
Essa situação dos pombos é
complicada, porque qualquer
brecha eles entram e ficam
nos forros dos boxes. Então, a
gente não se envolve tanto na
parte do teto dos comerciantes. Mas depois que foram
instaladas as telas e através
de conversas com as pessoas
para não colocarem comida
para essas aves, nós conseguimos reduzir em 50% a quantidade de pombos daqui”, argumenta a administradora.
Já a superintendente de
Desenvolvimento Urbano da
zona Sudeste, Márcia Santos,
disse que será enviada uma
equipe ao local para verificar
o problema. “Nós identificamos esse mesmo problema no
segundo andar do Mercado.
Foi trocado o forro e foram
instaladas telas para resolver
a situação. No caso dos boxes,
precisa ser avaliado para ver o
que podemos fazer, vai ser enviada uma equipe ao local para
ver o que pode ser feito”, explica a superintendente.
Edição: Virgiane PassosPor: Nathalia Amaral - Jornal O Dia